Ao contrário do que muitos imaginam, nem todas as infecções sexualmente transmissíveis são sintomáticas. Precisamente por esse motivo, o antigo termo DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) foi substituído recentemente por uma nova terminologia, ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), passando então a incluir também os casos em que a contaminação acontece, mas não a manifestação de sintomas.
A clamídia é um exemplo de IST que na maioria dos casos é assintomática, principalmente quando contamina mulheres, o que torna mais difícil tanto seu diagnóstico, quanto a busca por tratamento antes que a doença se agrave. Isso provoca consequências muitas vezes irreversíveis, como a infertilidade em homens e mulheres.
Além da dificuldade decorrente da ausência de sintomas, quando a clamídia é sintomática os sinais que indicam a infecção são relativamente comuns, compartilhados por outras ISTs, fazendo com que o diagnóstico da clamídia só possa ser confirmado depois da realização de testagens específicas para essa bactéria.
Todas as infecções por clamídia podem ser tratadas e curadas pela administração dos antibióticos corretos, no entanto, uma das consequências mais graves da contaminação por essa bactéria é a infertilidade, e o quadro pode ser persistente após o tratamento, tornando-se reversível.
Por isso é importante que os sinais e sintomas da clamídia sejam amplamente conhecidos, para que possam ser identificados o mais rápido possível. Também é imprescindível que homens e mulheres se consultem regularmente com médicos adequados, e realizem os exames que possam identificar a presença da clamídia, mesmo nos casos assintomáticos.
O objetivo deste texto é mostrar quais sintomas indicam a infecção por clamídia e em que momento é imprescindível procurar atendimento médico.
Considerada uma das ISTs mais prevalentes no mundo, calcula-se que no Brasil surjam aproximadamente 2 milhões de novos casos de clamídia por ano, o que faz dessa doença o verdadeiro problema de saúde pública nacional.
Além dos transtornos causados pelo sintomas específicos da contaminação pela clamídia, esta é considerada uma importante IST especialmente porque desencadeia outras comorbidades secundárias, como infertilidade, artrite reativa, tracoma ocular e infecção pulmonar, os dois últimos acometendo principalmente recém-nascidos filhos de mães contaminadas.
A clamídia é uma infecção bacteriana não gonocócica, causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, cuja contaminação se dá através do contato sexual, seja ele por via vaginal, anal ou oral, em relações desprotegidas. Além do contágio pelo contato sexual, a clamídia também pode ser transmitida da mãe para o bebê, durante o parto.
Atualmente, a única forma de prevenir a clamídia é uso sistemático das camisinhas masculina e feminina.
Uma das grandes dificuldades para o diagnóstico e para o controle epidemiológico da clamídia é o fato de que a maior parte dos seus portadores é assintomática e acaba transmitindo a doença por não saber que é portador.
Além disso, quando a clamídia é sintomática seus sinais e sintomas são relativamente comuns, compartilhados por ISTs como aquela causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, também conhecida como gonorreia, e outras infecções não gonocócicas, como as causadas pelas bactérias E. coli, que naturalmente habita os intestinos do ser humano, além da Ureaplasma urealyticum e Trichomonas vaginalis, que causa tricomoníase.
Os sintomas da clamídia são relativamente semelhantes em homens e mulheres, principalmente a dor ao urinar e a presença de secreção com pus, que nos homens é expelida pela porção final da uretra, em contato com a glande, e nas mulheres pode ser encontrada na superfície do canal vaginal e no colo do útero.
Além disso, as mulheres podem apresentar também corrimento amarelado, sensação de dor no baixo ventre, sangramentos e dor durante as relações sexuais (dispareunia).
Em alguns casos, é possível perceber a presença de linfogranulomas venéreos, que se manifestam pelo inchaço dos nódulos linfáticos localizados nas proximidades dos órgãos sexuais masculino e feminino e pelo aparecimento de pequenas bolhas, normalmente imperceptíveis, que podem estourar e formar pequenas ulcerações.
A principal doença secundária causadas pela contaminação por clamídia é artrite reativa, antigamente chamada de síndrome de Reiter, um tipo de espondiloartrite relativamente rara e que leva a inflamações nas articulações e tendões.
Essa condição é decorrente da resposta imunológica exacerbada que o corpo dá à própria infecção pela bactéria Chlamydia trachomatis, e se manifesta principalmente por dor nas articulações e pequenas erupções cutâneas.
Nos casos de contaminação transversal, ou seja, entre a mãe e o bebê, as duas principais consequências para o bebê podem incluir infecção pulmonar e tracoma ocular.
O tracoma ocular, mais recorrente nesses casos, acontece quando a bactéria entra em contato com a conjuntiva ocular do bebê e a reação inflamatória provoca o aparecimento de folículos.
Estas aderências podem deformar a pálpebra e alterar a direção do crescimento dos cílios, fazendo com que entrem em atrito com a córnea, o que provoca, nos casos mais graves, transtornos visuais que incluem a cegueira.
O diagnóstico da clamídia em homens e mulheres é feito a partir da análise laboratorial de amostras da secreção expelida pela glande ou encontradas no canal vaginal e no colo do útero.
A partir da confirmação diagnóstica, o tratamento deve ser feito o quanto antes, através administração de antibióticos adequados. Após o fim do tratamento, é necessário que a testagem para clamídia seja repetida, assegurando que a infecção foi erradicada.
Importante lembrar que, mesmo nos casos em que apenas um dos parceiros é diagnosticado com clamídia, ambos devem ser tratados para prevenir a contaminação durante o tratamento. Aconselha-se também que as relações sexuais nesse período sejam evitadas ou feitas com o uso rigoroso das camisinhas masculina ou feminina.
A ausência ou a demora para buscar tratamento para infecção por clamídia pode resultar em consequências graves, especialmente a infertilidade permanente em homens e mulheres.
Isso porque as áreas afetadas pela bactéria podem apresentar cicatrizes em forma de aderências, que prejudicam a receptividade endometrial, caso estejam localizadas no útero. As cicatrizes podem também bloquear o trajeto dos óvulos, quando se manifestam nas tubas uterinas, ou dos espermatozoides, quando afetam os epidídimos.
Nesses casos, a infertilidade é decorrente da impossibilidade da fecundação, mas também pode resultar em perdas gestacionais sequenciais (aborto de repetição) e gravidez ectópica.
No entanto, mesmo quando a infertilidade se mostra a irreversível, os casais podem recorrer às técnicas de reprodução assistida, especialmente a FIV (fertilização in vitro), para realizar o sonho de ter filhos.
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