O que são gametas e qual sua relação com a fertilidade?

Não há fertilidade sem gametas, mas há muitos outros fatores que também estão relacionados com a fertilidade. É importante conhecê-los, principalmente porque problemas de saúde podem afetá-la e prejudicar o seu sonho de formar uma família.

Um dos mais importantes – afinal, sem eles não há gravidez – são os gametas, por isso vamos falar sobre eles neste texto. Você sabe o que são eles e a relação com a fertilidade? Descubra a seguir.

O que são gametas?

Gametas são células reprodutivas responsáveis pela formação de uma nova vida e continuidade das espécies animais. Em humanos, nós temos:

• Espermatozoides: gametas masculinos;
• Óvulos: gametas

A fecundação ocorre quando há o encontro desses dois gametas e, a partir disso, forma-se o zigoto: a primeira célula, que, com sua divisão, dará origem ao embrião. A fecundação espontânea acontece nas tubas uterinas. O embrião se forma ali e vai se deslocando lentamente com o auxílio das tubas uterinas em direção ao útero. A gravidez em si tem início quando o embrião se fixa no endométrio (nidação).

Vamos conhecer mais sobre cada um dos gametas a seguir. Veja suas principais características e como são formados.

Espermatozoides

Os espermatozoides são gametas produzidos ao longo da vida do homem, desde a puberdade. Se não houver algum fator que prejudique essa produção, que acontece pela ação dos hormônios sexuais masculinos, ele será fértil até o fim da vida, embora com o tempo a qualidade dos espermatozoides naturalmente diminua.

Contudo, problemas de saúde podem provocar a interrupção da produção dos espermatozoides. Por exemplo, a varicocele é uma das principais causas da infertilidade masculina.

Os espermatozoides são formados por três partes: cabeça, peça intermediária e cauda. Na cabeça é carregado o código genético. Na peça intermediária são produzidas substâncias para que a cauda se movimente. Já a cauda em si é fundamental para a motilidade dos gametas. Sem a movimentação adequada o espermatozoide não consegue chegar ao óvulo nem o fecundar.

Óvulos

A formação dos óvulos que acompanharão a mulher ao longo de toda sua vida começa ainda na fase intrauterina. Sim, no desenvolvimento no útero da mãe são formados todos os folículos (os folículos são como cavidades que guardam o óvulo) que amadurecerão e liberarão óvulos no futuro. Cada folículo guarda um único óvulo, e durante um ciclo menstrual muitos crescem, mas apenas um amadurece e libera o óvulo. Quando a menina nasce, ela já tem toda a reserva ovariana, que não é reposta ao longo da vida, portanto acaba (menopausa).

A partir do primeiro período fértil temos o rompimento do primeiro folículo, que libera o óvulo armazenado para ser fecundado. Assim, a cada ciclo menstrual a reserva ovariana se reduz. A menopausa é justamente o encerramento da vida fértil da mulher, quando o último folículo é liberado. Normalmente essa fase inicia entre os 45 e 50 anos.

A menopausa precoce, por outro lado, quando essa reserva ovariana termina antes dos 40 anos, está entre as causas de infertilidade feminina.

A fertilidade feminina vai diminuindo ao longo da vida e se acentua depois dos 35 anos, por isso, de forma geral, é mais fácil ter filhos antes dessa idade. Caso os planos sejam outros, a mulher pode congelar os óvulos e utilizá-los na reprodução assistida posteriormente.

O óvulo é formado por:

• corona radiata: camada mais externa, responsável por atrair os espermatozoides;
• zona pelúcida: ligada à corona radiata, tem a função de impedir que um espermatozoide de outra espécie fecunde o óvulo e que mais de um espermatozoide penetre o óvulo;
• citoplasma: no citoplasma há organelas que atuam com a zona pelúcida para impedir que um segundo espermatozoide penetre o óvulo;
• núcleo: região dentro do citoplasma que contém o código genético feminino.

Qual a relação entre gametas e fertilidade?

Quando há algum tipo de comprometimento na produção dos espermatozoides ou no desenvolvimento e amadurecimento dos folículos, a fertilidade pode ser comprometida. Por isso, precisamos compreender quais são os principais problemas que afetam a produção dos gametas masculinos e liberação dos femininos. Vejamos a seguir as principais.

Problemas no desenvolvimento e amadurecimento de gametas femininos

As mulheres nascem já com o número total de óvulos. No entanto, algumas condições podem comprometer a quantidade de folículos existentes ou, ainda, prejudicar o desenvolvimento e amadurecimento deles, assim como a liberação dos óvulos quando estão maduros ou a sua qualidade. Vejamos as principais a seguir.

• Endometriomas: cistos formados nos ovários em decorrência da endometriose que podem comprometer o desenvolvimento folicular e a liberação dos óvulos, bem como causar danos aos folículos ao redor, afetando a reserva ovariana;
• Menopausa precoce ou falência ovariana prematura (FOP): problemas que podem causar a redução ou esgotamento folicular antes dos 40 anos;
• Síndrome dos ovários policísticos (SOP): o quadro compromete a produção dos hormônios e pode, inclusive, levar à anovulação (ausência de ovulação).

Problemas na produção e transporte de gametas masculinos

Os homens podem ter sua fertilidade comprometida tanto por causa de algum dano na produção dos espermatozoides, quanto no seu transporte. Alguns dos principais problemas que podem ocorrer são:

• Varicocele: dilatação das veias do cordão espermático, estrutura que sustenta os testículos na bolsa testicular, que pode prejudicar a circulação sanguínea na região, causando elevação da temperatura, que deve ser mais baixa do que a do corpo humano para que a produção dos espermatozoides possa acontecer (por isso os testículos ficam em uma bolsa fora do corpo);
• Azoospermia: ausência de gametas no sêmen. Isso pode acontecer por duas situações: quadro obstrutivo, quando há obstruções que impedem o transporte dos espermatozoides, ou não obstrutivo, quando há problemas na produção dos gametas;
• Alterações genéticas: há algumas alterações genéticas que podem prejudicar a fertilidade masculina, como a ausência dos canais deferentes, responsáveis pelo transporte dos espermatozoides dos epidídimos para as vesículas seminais, para que possam se unir ao líquido seminal e ser ejaculados.

Gametas e reprodução assistida

Sem os gametas não ocorre a fecundação, na reprodução natural ou por técnicas de reprodução assistida. Mesmo com todas as tecnologias e desenvolvimento que temos atualmente, só é possível a gravidez com a presença dos espermatozoides e óvulos.

Afinal, o objetivo da reprodução assistida é facilitar o processo de encontro entre espermatozoides e óvulos, permitindo a geração do embrião e, consequentemente, a gravidez. Assim, são necessários ambos os gametas nas três técnicas: relação sexual programada, também conhecida como coito programado, inseminação intrauterina, também chamada de inseminação artificial, e a fertilização in vitro (FIV).

Tanto no coito programado como na inseminação artificial a fecundação acontece nas tubas uterinas. No coito programado isso acontece depois de uma relação sexual. Na inseminação artificial, os espermatozoides selecionados previamente são depositados diretamente no útero para que fecundem o óvulo.

Já na FIV, a fecundação acontece em laboratório, por meio de uma técnica chamada ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide). Os espermatozoides disponíveis são injetados nos óvulos (um espermatozoide para cada óvulo) com o auxílio de um equipamento chamado de micromanipulador de gametas.

Os gametas são fundamentais para que a gravidez seja possível. Por isso, é importante cuidar da saúde reprodutiva, para não comprometer, justamente, a sua fertilidade.

Siga o link e conheça detalhadamente sobre o funcionamento da fertilização in vitro (FIV).