O útero e as tubas uterinas são dois dos principais órgãos envolvidos na fertilidade das mulheres, além dos ovários, onde a reserva ovariana está armazenada.
Esses órgãos formam-se durante o período embrionário, por volta da 9ª semana de gestação, por dois mecanismos principais: a migração das células germinativas, que forma os ovários, e a fusão parcial dos ductos de Müller, que forma o útero e as tubas uterinas.
Os ductos de Müller ‒ ou ductos paramesonéfricos ‒ são duas estruturas em formato tubular e dispostas paralelamente, que na ausência do hormônio antimülleriano fundem lateralmente seus trechos inferiores, formando o útero.
As extremidades superiores dos ductos de Müller não se fundem, formando as tubas uterinas, que por isso mantêm-se conectadas ao útero, quase como um prolongamento deste órgão.
Quando a mulher nasce, esses órgãos e estruturas são ainda imaturos e assim permanecem durante a infância. A dinâmica hormonal da menina se transforma na puberdade e somente então o aparelho reprodutivo completa seu processo de amadurecimento, dando início à vida fértil da mulher.
O útero aumenta de tamanho e passa a responder à atividade dos hormônios sexuais ‒ especialmente os estrogênios e a progesterona, enquanto as tubas mediam a ligação entre os eventos ovarianos e a cavidade uterina.
Um dos principais exames de imagem para diagnosticar problemas uterinos e tubários é a histerossalpingografia ‒ assunto que abordamos no texto a seguir.
Boa leitura!
As tubas uterinas localizam-se bilateralmente, na cavidade pélvica, conectando os ovários ao útero. A extremidade das tubas que toca os ovários é feita de fímbrias, prolongamentos da mucosa tubária que recebem o oócito maduro, após a ovulação.
O período em que o oócito permanece nas tubas uterinas e pode ser fecundado é chamado período fértil. Nesse sentido, podemos dizer que a segunda função das tubas uterinas é permitir o encontro entre espermatozoide e oócito, para a fecundação.
As primeiras divisões celulares que caracterizam o início do desenvolvimento embrionário também acontecem nas tubas, que realizam movimentos peristálticos neste momento, para conduzir o embrião ao útero.
A função do útero é, portanto, preparar-se para receber um possível embrião, a cada ciclo reprodutivo, por um processo chamado preparo endometrial, fundamental para que o embrião consiga realizar a nidação.
Após a nidação, toda a gestação acontece dentro do útero, que é elástico para se adequar ao crescimento do bebê, além de manter contato direto com a placenta. No parto, a capacidade uterina de contrair-se auxilia o parto e a saída do bebê.
Se a fecundação não acontece nas tubas, o tecido endometrial ‒ que se tornou espesso na primeira fase do ciclo reprodutivo ‒ descama e a mulher menstrua.
A histerossalpingografia é uma modalidade de raio-X pélvico, que utiliza um contraste à base de iodo para obter imagens mais precisas do útero e das tubas uterinas.
O raio-X é um exame de imagem bastante comum. Nele, a região do corpo que se deseja observar é posicionada entre uma chapa de impressão e o emissor de raio-X. Quando esses raios são emitidos, tendem a se propagar melhor em meios densos, como os órgãos da cavidade pélvica, e colidir com estruturas mais densas, como os ossos.
Considerando que quanto maior a densidade das estruturas observadas, maior a nitidez das imagens obtidas pela radiografia, para a histerossalpingografia o contraste à base de iodo ‒ difundido na cavidade uterina ‒ reage com os raios-X formando uma imagem mais nítida dessas estruturas inicialmente pouco densas.
Além disso, o contraste se difunde até as tubas uterinas, evidenciando a anatomia útero-tubária e permitindo a identificação de massas celulares diversas, aderências cicatriciais e obstruções em geral.
Após os exames gerais que precedem a histerossalpingografia ‒ como testagens para ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e para DIP (doença inflamatória pélvica), além dos exames pré-anestésicos ‒, a mulher deve preparar-se para a histerossalpingografia desde o dia anterior.
É comum que seja solicitado o esvaziamento intestinal na noite anterior, o que pode ser feito com laxantes, prescritos pelo médico. Além disso, a mulher pode receber prescrição de medicação preventiva, como anti-inflamatórios e antibióticos.
Para a inseminação do contraste, a mulher passa por uma limpeza uterina e recebe anestesia, somente alguns minutos depois o contraste é injetado, por via transvaginal. A mulher é posicionada diante do equipamento de raio-X e as imagens são obtidas de forma sequencial, o que melhora a qualidade das informações fornecidas pelo exame.
A histerossalpingografia normalmente é feita após o fim da menstruação, quando o útero ainda não está receptivo e a mulher não está grávida.
As imagens obtidas pela histerossalpingografia, mais nítidas em função do contraste, evidenciam toda a anatomia uterina e tubária, permitindo a identificação de anomalias como malformações e obstruções.
As malformações uterinas, como útero didelfo, bicorno e unicorno, podem ser identificadas pela histerossalpingografia, que mostra também o grau de deformação uterina proporcionado por esses diagnósticos.
As doenças estrogênio dependentes ‒ como miomas uterinos, pólipos endometriais e adenomiose ‒, que produzem massas tumorais em diversas regiões do útero, podem ser observadas pela histerossalpingografia.
A endometriose tubária e as cicatrizes deixadas pela atividade bacteriana de algumas ISTs podem obstruir o interior das tubas uterinas, prejudicando a fertilidade da mulher e aumentando as chances de gestação ectópica.
Nesses casos, a histerossalpingografia é um exame interessante porque ao se injetar o contraste na cavidade uterina, este difunde-se até as tubas e não ultrapassa as obstruções, identificando essas alterações, nas imagens.
As mulheres que passam pela laqueadura tubária, assim como aquelas que recorrem à sua reversão podem confirmar o sucesso das respectivas cirurgias com a histerossalpingografia.
A histerossalpingografia é um exame complementar na investigação das causas da infertilidade feminina, especialmente por fator uterino e tubário.
A reprodução assistida para esses casos normalmente indica a FIV (fertilização in vitro) ‒ uma técnica de alta complexidade, que permite a fecundação fora das tubas uterinas e um preparo endometrial controlado, antes da transferência dos embriões.
Saiba mais sobre a histerossalpingografia tocando neste link.
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