É possível que o meio de cultura seja mais conhecido por sua atuação em outras áreas da medicina, como a microbiologia e infectologia, do que por seu papel nos tratamentos com as técnicas de reprodução assistida – embora seja também fundamental para a medicina reprodutiva.
Entre as técnicas conhecidas e desenvolvidas hoje, a FIV (fertilização in vitro) é o procedimento que utiliza uma variedade maior de meios de cultura, aplicados em diferentes etapas do tratamento.
A composição do meio de cultura pode variar de acordo com os objetivos de seu uso, mas de forma geral, podemos dizer que a escolha dos materiais mais adequados pode ser fundamental para o sucesso dos tratamentos com reprodução assistida.
Neste texto você vai encontrar muitas informações importantes sobre o papel do meio de cultura nos tratamentos com a reprodução assistida. Continue conosco e aproveite a leitura!
Independente da composição do meio de cultura e da área da medicina a utilizá-lo, o objetivo dessas composições químicas complexas é sempre o mesmo: fornecer um ambiente adequado para permitir que células selecionadas possam ser cultivadas – ou seja, possam crescer e se multiplicar.
Normalmente depositado em placas de vidro (placa de Petri) e tubos de ensaio esterilizados, os meios de cultura variam em composição, dependendo das células que serão acomodadas nesses recipientes.
A composição e o estado físico dos meios de cultura variam de acordo com esses objetivos, mas os compostos podem ser líquidos, oleosos ou aquosos, gelatinosos e pastosos. Podem ainda conter nutrientes, fatores de proteção, substâncias que alteram o pH, medicamentos, hormônios etc.
Podem ser adicionados aos meios de cultura também medicamentos, para testagem de sua eficácia ou toxicidade em relação às células cultivadas.
A infertilidade é definida como a dificuldade para engravidar após 12 meses de tentativas, sem o uso de qualquer forma contraceptiva e mantendo relações sexuais durante o período fértil da mulher. A medicina reprodutiva é a área médica que estuda e oferece recursos de tratamento – as técnicas de reprodução assistida – aos diversos casos de infertilidade.
Duas das técnicas desenvolvidas atualmente – a inseminação artificial e a fertilização in vitro – são métodos que utilizam meio de cultura em uma ou mais etapas do tratamento. Vamos conhecer esses procedimentos para entender o papel do meio de cultura em cada um.
Considerada uma técnica de reprodução assistida baixa complexidade, como a RSP (relação sexual programada), a IA começa com a etapa de estimulação ovariana e indução da ovulação, ao mesmo tempo em que realiza a coleta de uma amostra de sêmen – normalmente por masturbação, mas também por recuperação espermática.
A estimulação ovariana é acompanhada por sucessivos exames de ultrassom, que identificam o período fértil e o momento mais apropriado para realizar a indução da ovulação. Esse processo dura de 12 a 15 dias e o preparo seminal, sobre a amostra de sêmen, pode ser realizado nesse período.
O preparo seminal pode ser precedido de uma etapa de cultivo de espermatozoides, especialmente nos casos de infertilidade masculina por azoospermia não obstrutiva, em que se utiliza a recuperação espermática para obter células reprodutivas ainda imaturas.
No período fértil as amostras obtidas após o preparo seminal são depositadas diretamente na cavidade uterina e espera-se que a fecundação ocorra no interior das tubas uterinas. Como nas gestações por vias naturais, na IA espera-se também que a nidação aconteça alguns dias após a inseminação e a mulher pode averiguar o sucesso do tratamento pelo exame de gravidez.
Assim como a IA e a RSP, a FIV também começa com a estimulação ovariana, porém, como nesta técnica a fecundação é reproduzida em laboratório, a medicação hormonal utilizada para estimular a ovulação é mais robusta e promove, com frequência, o amadurecimento de mais de um folículo dominante.
Ao mesmo tempo, também de forma semelhante à IA, uma amostra de sêmen é coletada e processada pelo preparo seminal. Com a indução da ovulação, ao final da estimulação ovariana, esses folículos são coletados e a fecundação é feita normalmente por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide).
Os embriões obtidos são então mantidos no período de cultivo, quando iniciam as primeiras etapas do desenvolvimento embrionário – essenciais para sua seleção e transferência. Ao final do cultivo embrionário, os embriões selecionados são transferidos para o útero – devidamente preparado, em alguns casos, inclusive com medicação hormonal.
Espera-se então que a nidação aconteça e a mulher também pode confirmar a gestação pelo exame de gravidez.
Nem todas as técnicas de reprodução assistida utilizam meios de cultura, mas estas composições complexas são importantes na IA, que utiliza meio de cultura para o preparo seminal, e ainda mais importantes na FIV.
Isso acontece, em especial, nos casos em que se obtém os espermatozoides por recuperação espermática e é preciso acompanhar e induzir seu crescimento e desenvolvimento em laboratório. O meio de cultura é, nessas ocasiões, justamente por onde essas células obtêm condições de realizar esses eventos.
A FIV utiliza meios de cultura para armazenar óvulos e espermatozoides, tanto para a fecundação direta, como nos casos de criopreservação de gametas por congelamento. Na criopreservação, o meio de cultura conta ainda com agentes protetivos que mantém as células íntegras mesmo com o congelamento. O mesmo se aplica para a criopreservação de embriões.
Após a fecundação, que também acontece em um meio de cultura específico, os embriões passam pelo estágio de cultivo embrionário que, inclusive pelo próprio nome, é realizado em um meio de cultura apropriado, que simula o ambiente tubário.
A FIV é uma técnica de reprodução assistida altamente complexa, indicada para as mais diversas demandas reprodutivas. Conheça nosso conteúdo completo sobre o assunto tocando neste link.
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