Na endometriose, as mulheres apresentam focos de tecido semelhante ao endométrio – que originalmente é exclusivo do revestimento da cavidade uterina –, aderidos a diversos órgãos e estruturas abdominais, como:
Considerada uma das doenças estrogênio-dependentes mais conhecidas entre as mulheres em idade reprodutiva, a endometriose pode causar uma série de consequências às suas portadoras – incluindo a infertilidade.
A formação de aderências, nos locais em que anteriormente havia lesões decorrentes da endometriose, também é uma possível consequência da doença, embora nem todas as portadoras apresentem quadros como esse.
Quer entender melhor o que são aderências e como podem se formar no contexto da endometriose, atrapalhando a fertilidade das mulheres?
Então continue conosco e aproveite a leitura do texto a seguir!
De forma geral, aderências são tecidos (como cicatrizes) que surgem em locais lesionados e frequentemente conectam duas regiões originalmente desligadas, na mesma estrutura ou entre estruturas diferentes, mas próximas.
Quando o sistema imunológico identifica o surgimento de uma lesão, diversos tipos celulares são enviados para os locais agredidos, com algumas funções específicas, como combater o agente agressor (que causa a lesão), nos casos de infecções, e providenciar a reparação dos tecidos danificados.
Dependendo da intensidade das respostas imunológicas, o processo de cicatrização das lesões pode deixar resquícios de um tecido mais espesso e fibroso, que chamamos aderência.
No contexto da ginecologia e medicina reprodutiva, as aderências são o tecido cicatricial que se forma mais frequentemente sobre eventuais lesões que acometem estruturas da cavidade pélvica, principalmente como consequência da endometriose.
A menstruação retrógrada é uma das principais teorias para o surgimento da endometriose, especialmente quando associada a problemas imunológicos.
Nesses casos, a falha em conduzir o sangue menstrual de forma unidirecional para fora do útero faz com que pedaços de endométrio possam seguir para o interior das tubas e extravasar para outras estruturas da cavidade pélvica, onde ficam aderidos.
Em mulheres sem endometriose, o sistema imunológico consegue eliminar esses focos de endométrio, que possam ter alcançado a cavidade pélvica, sem deixar cicatrizes. Quando isso não acontece, os focos se implantam de forma permanente e tornam-se inflamados sob ação dos estrogênios – o que caracteriza a endometriose.
Ao longo do tempo – já que a endometriose é uma doença crônica –, os locais das lesões podem cicatrizar exageradamente e formar saliências e aderências.
Dependendo das estruturas afetadas, as aderências podem inclusive comprometer funções importantes, como a fertilidade.
As aderências em si não necessariamente significam que a fertilidade possa estar comprometida, mas especificamente nos casos de endometriose tubária, a formação dessas cicatrizes pode piorar o quadro de obstrução, que prejudica aspectos fundamentais da fertilidade, como a fecundação.
Em algumas situações, a fecundação é impedida por essas obstruções tubárias e o casal não consegue engravidar. Em outras situações, a fecundação até acontece, mas os focos de endometriose e as aderências podem prejudicar a saída do embrião para o útero, levando a uma gravidez ectópica.
A gravidez ectópica é um evento grave, em que o embrião realiza a nidação – processo de fixação do embrião no útero, para o início da gravidez – fora do útero e mais frequentemente nas tubas uterinas.
Se a gestação ectópica não é prontamente identificada, a tuba em que o embrião se desenvolve pode ser permanentemente danificada, diminuindo o potencial geral de fertilidade – já que a mulher passa a contar com apenas uma das tubas para engravidar novamente.
A endometriose tubária em que se constata a formação de aderências também pode provocar infertilidade permanente – principalmente porque, embora a cirurgia para retirada das aderências exista, a própria fragilidade das tubas pode fazer do tratamento cirúrgico um novo fator de risco, sendo por isso, muitas vezes, desaconselhado.
O tratamento para endometriose pode ser farmacológico ou cirúrgico, dependendo da gravidade da doença, das estruturas afetadas e do desejo reprodutivo da mulher.
A abordagem farmacológica da endometriose é feita com medicação hormonal, normalmente contraceptivos, sendo indicada para os casos mais leves (com sintomas pouco intensos) e quando a mulher não deseja engravidar.
Os casos em que os sintomas dolorosos são mais intensos e a mulher deseja engravidar podem se beneficiar da cirurgia de retirada dos focos endometrióticos e das aderências derivadas da endometriose.
Nas situações mais graves, em que a medicação hormonal não consegue controlar os sintomas e a cirurgia para retirada das aderências e implantes de endometriose não pode ser realizada, especialmente se a mulher está próxima à menopausa, a retirada dos ovários (ooforectomia) pode ser indicada.
As duas cirurgias normalmente são feitas por videolaparoscopia.
Os casais com infertilidade feminina por fator tubário, inclusive decorrentes de endometriose com a formação de aderências, podem receber indicação para reprodução assistida para ter filhos biológicos, mas as técnicas não têm qualquer papel no tratamento dos demais sintomas.
Entre as técnicas disponíveis hoje, a FIV (fertilização in vitro) é a única abordagem que permite contornar o papel das tubas uterinas, por reproduzir a fecundação em ambiente laboratorial, fora do corpo da mulher, e transferir os embriões diretamente para o útero, onde a nidação precisa acontecer.
Outros casos de infertilidade decorrente da endometriose, como no caso dos endometriomas, podem também ser abordados por outras técnicas, como a RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial).
Toque neste link e leia mais sobre a endometriose.
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