A reprodução humana é um evento que depende, na mesma medida, da saúde de duas células especiais: os espermatozoides (células reprodutivas masculinas) e os óvulos (células reprodutivas femininas).
Contudo, enquanto os espermatozoides são produzidos continuamente após a puberdade até o fim da vida do homem, os óvulos somente são produzidos antes do nascimento da mulher e este estoque ‒ tecnicamente chamado reserva ovariana ‒ chega ao fim com a menopausa, quando a mulher não pode mais engravidar.
Além desse percurso natural, os óvulos também podem ser prejudicados por doenças e condições genéticas, que reduzem a vida reprodutiva e a fertilidade da mulher.
Embora os casos mais simples possam ser tratados por abordagens medicamentosas e cirúrgicas, as situações mais graves podem receber indicação para reprodução assistida com doação de óvulos.
Neste texto vamos falar sobre as indicações da doação de óvulos e sua recepção.
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A conservação de material biológico vivo por congelamento foi um avanço que permitiu armazenar células e tecidos reprodutivos, incluindo embriões, espermatozoides e óvulos. Esse material pode ficar criopreservado ‒ ou seja, congelado a baixíssimas temperaturas ‒ por tempo indeterminado e pode ser utilizado a qualquer momento.
O armazenamento seguro dessas células abriu espaço, então, para a possibilidade de doação ‒ como a doação de óvulos ‒ o que ampliaria o alcance da reprodução assistida.
No Brasil, a doação de óvulos somente é permitida para fins reprodutivos e desde a resolução do CFM de 2021 pode ser realizada de três maneiras: voluntariamente, na doação compartilhada e entre pessoas de até 4º grau de parentesco, desde que não haja consanguinidade.
A primeira forma de doação de óvulos autorizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) foi a doação compartilhada, realizada entre casais obrigatoriamente em tratamento com a FIV (fertilização in vitro).
A doação voluntária passou a ser permitida pela resolução de 2017, incluindo também mulheres que desejam doar seus óvulos sem que para isso estejam necessariamente em tratamento com FIV.
O anonimato entre doadoras e receptoras é uma regra que somente não se aplica na terceira forma de doação de óvulos: doação para parentes de até 4º grau, desde que não haja consanguinidade.
A FIV com doação de óvulos não é um procedimento padrão, indiciado somente em situações muito específicas, como:
A infertilidade feminina pode ser considerada severa quando não é possível ter acesso às células reprodutivas femininas (óvulos) e nos casos de infertilidade por fator uterino grave, como mulheres que passaram pela histerectomia (cirurgia de retirada do útero).
Doenças como a SOP (síndrome dos ovários policísticos) e o endometrioma formado nos casos de endometriose ovariana, quando mais graves, estão associados a alterações que incluem anovulação (ausência de ciclos reprodutivos ovulatórios). No caso do endometrioma, ainda há o risco de danos permanentes à reserva ovariana.
A FIV com doação de óvulos não é a primeira opção de tratamento para SOP e endometrioma, mesmo quando a mulher recebe indicação para reprodução assistida, mas pode ser uma saída quando a coleta de óvulos não se mostra expressiva em ciclos de tratamento anteriores.
Outra indicação recorrente para a doação de óvulos é o tratamento oferecido aos casais homoafetivos masculinos que desejam ter filhos. Nestes casos, além da doação de óvulos, o casal também precisa encontrar uma mulher com até 4 graus de parentesco com um dos membros do casal para gestar o bebê.
Segundo a atualização mais recente do CFM sobre doação de óvulos e as condutas tomadas nos processos de seleção das possíveis doadoras, esse processo pode ser realizado por mulheres que cumprem os seguintes pré-requisitos:
Enquanto a mulher doadora deve atender alguns aspectos para ser considerada nesse processo, o principal pré-requisito para a mulher receptora é a idade, que deve ser menor que 50 anos e estar em tratamento com a FIV.
A mulher que deseja doar seus óvulos deve passar pelas etapas iniciais dos tratamentos com a FIV, que incluem a estimulação ovariana e a indução da ovulação.
Quando o monitoramento ultrassonográfico da estimulação ovariana indica que este processo chegou ao seu auge, a mulher recebe a medicação para a indução da ovulação e, algumas horas depois, a aspiração folicular deve ser realizada.
Além das doadoras voluntárias, todas as mulheres em tratamento com a FIV passam por esse processo. Quando há uma quantidade excedente de óvulos, ou seja, que não necessariamente serão utilizados na fecundação, estes podem ser encaminhados para doação de óvulos.
A mulher receptora dá início ao tratamento com o monitoramento das condições uterinas durante parte do ciclo reprodutivo. Caso o preparo endometrial não esteja adequado, uma medicação hormonal pode ajudar nesse processo.
No momento mais adequado, indicado pelo monitoramento do preparo endometrial, os óvulos devem ser descongelados e o sêmen do futuro pai coletado, para que a fecundação seja feita em laboratório.
Após o cultivo embrionário, os embriões são transferidos para o útero da futura mãe, devidamente preparado e receptivo para o embrião.
As taxas de sucesso da gestação com doação de óvulos são semelhantes às taxas normais da FIV: cerca de 30% por ciclos, chegando a 70% com três ciclos de tratamento.
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