Para entender a síndrome do X frágil e sua relação com a infertilidade. Precisamos introduzir brevemente alguns conceitos de genética. O corpo apresenta dois tipos de células principais: as somáticas e as germinativas.
As germinativas são as células reprodutivas, os gametas. No homem, elas recebem o nome de espermatozoides. Nas mulheres, são conhecidas popularmente como óvulos. Elas contam apenas com 23 cromossomos. Na reprodução humana, o gameta feminino precisa ser fecundado pelo masculino, formando um embrião com 46 cromossomos.
As somáticas são as células que formam os tecidos do nosso corpo, sendo constituídas de células com 23 pares de cromossomos (46, no total) em pessoas saudáveis. 22 desses pares são constituídos por cromossomos não-sexuais (autossomos), enquanto 1 par é sexual (heterossomo).
Se o par heterossomo é formado pelos cromossomos XY, o sexo biológico do bebê é masculino. O par XX dá origem ao sexo biológico feminino
Quer saber como isso está relacionado à síndrome do X frágil? Acompanhe!
A síndrome do X frágil é uma doença genética que provoca deficiência intelectual e déficits cognitivos leves a graves. Ela ainda é relativamente pouco conhecida pela população geral, sendo mais conhecida pelos casais com problemas de fertilidade. Afinal, se o bebê portar a condição, aumenta-se o risco de abortamento espontâneo nas primeiras semanas de gestação.
A síndrome do X frágil é um tipo de alteração no cromossomo sexual feminino (o X). Nela, o gene FMR1 (Fragile X Mental Retardation) apresenta um defeito que causa a repetição de um de seus trechos. Com isso, há uma deficiência na produção da proteína FMR, que é fundamental para o funcionamento normal das funções mais complexas do sistema nervoso central, como a intelecção e a cognição.
Frequentemente, o gene alterado é encontrado na fase de pré-mutação. Em outras palavras, ele está ativo, mas não leva ao desenvolvimento da doença. Então, o portador não apresenta nenhum sintoma. Contudo, pode transmiti-lo para seus filhos e filhas, que herdarão a mutação completa e possivelmente desenvolverão as manifestações da síndrome do X frágil.
Se uma mulher tiver o gene em pré-mutação ou em mutação completa em um dos cromossomos X, as chances de ela transmitir o gene alterado ou o normal são as mesmas (50%-50%) tanto para os filhos quanto para as filhas.
Por sua vez, se ela tiver os dois cromossomos com a mutação completa, um deles será transmitido ao herdeiro.
Em todos os casos em que portar um cromossomo com a mutação completa, um bebê XY (sexo masculino) tende a manifestar sintomas mais severos da doença enquanto um bebê XX (sexo feminino) pode apresentar sintomas mais leves.
Os homens com gene alterado, independentemente do estágio da mutação, somente o transmitem para as filhas. Afinal, os homens herdam apenas o cromossomo Y de seu pai. O X tem origem exclusivamente materna.
Por esse motivo, a doença acomete mais frequentemente o sexo masculino. Afinal, as meninas apresentam um outro cromossomo X, o qual pode compensar os defeitos no outro membro do par. Como os meninos têm um X e um Y, ficam mais vulneráveis às alterações genéticas no cromossomo X. Além de serem mais afetados, geralmente manifestam sintomas e complicações mais graves.
A síndrome do cromossomo X frágil é uma das doenças genéticas hereditárias mais prevalentes na população. Cerca de 1 a cada 4 mil homens é afetado. A prevalência entre as mulheres é de 1 em cada 8.000. Na maioria dos casos, os sintomas são leves a moderados, mas também há manifestações graves, que comprometem bastante a funcionalidade do indivíduo.
Acredita-se que a frequência da pré-mutação seja muito maior do que esses números, pois os pacientes que a portam são geralmente assintomáticos.
Antigamente, o diagnóstico era feito com o cariótipo. Nele, o alongamento de um dos braços do cromossomo X era a principal alteração. Entretanto, a síndrome do X frágil não é mais considerada uma doença cromossômica, mas uma alteração genética pontual de um único gene (o FMR1).
Por esse motivo, técnicas de mapeamento genético são mais indicadas neste caso:
Ter até 54 repetições do CGG no FMR1 é considerado normal, enquanto um número entre 55 e 200 repetições indica uma pré-mutação. Por fim, um número maior do que 200 leva ao diagnóstico de uma mutação completa. No entanto, a manifestação clínica (presença de sintomas) é também essencial para o diagnóstico da síndrome, devendo ser interpretada juntamente com o exame genético.
A síndrome do X frágil está relacionada à infertilidade por dois motivos principais:
Como não há cura para a doença, a melhor forma é a prevenção. Para isso, o casal pode utilizar a fertilização in vitro complementada pelo teste genético pré-implantacional. Esse exame diagnostica diversas mutações genéticas relacionadas a doenças graves, como a síndrome do X frágil. Apenas são implantados os embriões com baixo risco de desenvolvê-las.
Quer saber mais sobre a síndrome do X frágil e seu tratamento? Confira nosso artigo institucional sobre o assunto!
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