Também chamado de quarentena e resguardo, o puerpério é uma das etapas mais complexas do processo gestacional, que começa quando o parto termina e termina em momentos diferentes em cada mulher.
Assim como as demais etapas da gestação, o puerpério traz transformações físicas, resultado das mudanças hormonais desta etapa, e também psicológicas, especialmente associadas à vivência da maternidade e a chegada do novo membro da família.
Compreender o que é o puerpério é importante para lidar melhor com essas mudanças, tirando o maior proveito dessa fase – e é justamente por isso que escrevemos este texto especialmente para você.
Boa leitura!
Em linhas gerais, podemos dizer que o puerpério é um período de duração relativamente incerta, que começa com a saída da placenta, no final do parto, e termina com a chegada da primeira menstruação.
Esse período pode variar entre as mulheres, ainda que se possa observar algum padrão e a divisão do puerpério em três fases:
Cada fase do puerpério é marcada por mudanças específicas, que refletem o retorno gradual à dinâmica hormonal anterior à gravidez e à ovulação, as consequências da amamentação e a recuperação e cicatrização natural do útero.
Durante a gravidez, boa parte da produção de hormônios fica a cargo da placenta, especialmente a progesterona, que mantém a estabilidade do endométrio, e o estriol – tipo de estrogênio produzido somente na gestação.
Com a saída da placenta, no parto, o fornecimento de progesterona e estrogênio é interrompido bruscamente, o que pode provocar alterações físicas e emocionais, como ansiedade e depressão.
Ao mesmo tempo, a produção de prolactina é iniciada no último trimestre da gravidez e continua durante parte do período de amamentação – que também inclui a produção de ocitocina, estimulada principalmente pela sucção do peito, pelo bebê.
Embora o rebaixamento na disponibilidade de estrogênio e progesterona no puerpério tenha potencial para induzir a atividade hipotalâmica e retomar os processos que permeiam a ovulação, a amamentação e a alta concentração de prolactina durante este período mantêm esses processos inibidos.
Contudo, mesmo que a mulher mantenha a amamentação pelo tempo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – como alimento exclusivo até os 6 meses de idade e como alimento complementar até os 2 anos de idade –, por volta de 40 dias após o parto a ovulação pode voltar a acontecer.
É importante lembrar que o tempo necessário para o puerpério e a recuperação do útero variam entre as mulheres e por isso é importante atentar-se aos sinais de retorno dos ciclos ovulatórios, buscando evitar novas gestações antes da recuperação total do corpo da mulher.
As mudanças hormonais e emocionais pelas quais a mulher passa durante o processo de recuperação pós-parto podem se refletir em sintomas mais claros, como:
A maior parte desses sintomas são percebidos com mais intensidade no puerpério imediato, embora possam se estender às etapas tardia e remota desse período.
O lóquio é característico do puerpério imediato: logo após o parto, o endométrio – tecido de revestimento da parede uterina – passa por um processo de descamação contínua, para eliminar qualquer resquício da gravidez, e é eliminado como sangramento leve, que dura poucos dias.
As cólicas e a manutenção do volume abdominal são um reflexo da recuperação uterina e são típicas do puerpério imediato, desaparecendo gradualmente até o puerpério tardio.
Os incômodos associados às mamas podem ou não se manifestar durante o puerpério e tendem a ser mais intensos na etapa imediata desse período. É comum que a própria amamentação ajude a aliviar esses sintomas, além de alguns procedimentos, como compressas quentes.
Ainda que a saída da placenta interrompa o fornecimento de progesterona e estrogênios abruptamente, a amamentação mantém os níveis de prolactina altos, inibindo a ovulação e criando um quadro de infertilidade temporária.
A tendência é que até o puerpério remoto, mesmo com a manutenção da amamentação, os processos ovulatórios se restabeleçam, mas em diversos casos a mulher só volta a ovular e menstruar regularmente quanto o aleitamento chega ao fim.
Considerando que o útero leva algum tempo para se recuperar totalmente, permitindo uma nova gestação sem maiores consequências para o corpo da mulher, pode ser interessante buscar métodos contraceptivos durante o puerpério, para evitar que uma gestação mais arriscada aconteça.
Ainda que as diferentes técnicas de reprodução assistida disponíveis atualmente – RSP (relação sexual programada), IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro) – permitam um alto nível de controle sobre as etapas iniciais da gestação, os processos da gravidez, parto e puerpério não estão sob o controle desses procedimento.
Isso significa que a mulher que engravida com auxílio da reprodução assistida e chega ao parto com tranquilidade, tem as mesmas chances de desenvolver os sintomas do puerpério que as mulheres que engravidam por vias naturais.
A cessão temporária de útero é indicada para casais com infertilidade feminina em que a mulher não pode passar pela gestação – o que é comum em quadros de aborto de repetição e em mulheres que fizeram histerectomia (retirada cirúrgica do útero).
Como as mudanças hormonais por trás dos sintomas do puerpério são resultado da própria gestação e do parto, nas situações em que se opta pelo útero de substituição essas alterações são sentidas pela mulher que gestou o bebê e não pela mãe biológica.
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