O útero é umas das estruturas mais importantes do corpo da mulher, quando se trata de fertilidade. É no interior dessa estrutura oca e elástica que o futuro bebê cresce e se desenvolve, durante a gestação, e é também o trabalho uterino um dos principais auxiliares no momento do parto.
A importância da integridade uterina para a fertilidade faz com que qualquer alteração no funcionamento ou na estrutura anatômica desse órgão possam ser responsáveis por complicações que impedem a gestação, seja por prejudicar a fixação do embrião ou por provocar abortos ou partos prematuros.
O crescimento de massas tumorais no útero é relativamente comum entre as mulheres em idade reprodutiva e, dependendo do tamanho e da localização dos miomas uterinos, a fertilidade das mulheres pode ser prejudicada, além de outros aspectos da saúde da mulher.
Este texto busca mostrar o que são os miomas uterinos e como eles podem afetar a vida reprodutiva das mulheres.
Miomas uterinos são formações tumorais com baixo grau de malignização, formadas por um tecido semelhante ao miométrio, e que podem se desenvolver em qualquer uma das três camadas uterinas: endométrio, perimétrio e no próprio miométrio.
São incluídos no conjunto de doenças estrogênio-dependentes, já que seu crescimento e desenvolvimento é alimentado por este hormônio, produzido pelos ovários sob a ação das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), durante o ciclo reprodutivo.
A etiologia dos miomas ainda não é um consenso na medicina, porém as hipóteses mais aceitas atualmente apontam para origens multifatoriais, que podem estar ligadas à uma propensão genética, quando existem outros casos na família, mas também pode estar ligada a hábitos de vida estressantes e má alimentação.
Outros fatores de risco conhecidos para o aparecimento de miomas uterinos apontam uma maior recorrência desta doença entre mulheres nulíparas (que nunca tiveram filhos) e aquelas diagnosticadas com obesidade, diabetes e hipertensão arterial.
Os miomas uterinos também parecem ser mais recorrentes entre mulheres negras: um estudo feito com mulheres portadoras de miomas na cidade de São Paulo registrou que aproximadamente 41,6% delas eram negras, enquanto apenas 22,9% eram brancas, o que coincide com dados internacionais sobre o assunto, mais abundantes do que os produzidos no Brasil.
Acredita-se que cerca de 40% das mulheres em idade fértil possam receber esse diagnóstico em algum momento de suas vidas, fazendo dos miomas uterinos uma das principais doenças que afeta o sistema reprodutivo das mulheres, atualmente.
Por ser multifatorial, porém não causada por qualquer agente biológico externo ao corpo, a única forma de prevenir os miomas uterinos é manter uma rotina de vida minimamente saudável e não estressante, o que inclui uma boa alimentação, a prática moderada de exercício físicos e uma boa rotina de sono.
A classificação dos miomas uterinos é feita a partir da localização das formações tumorais:
Normalmente se desenvolvem aderidos ao perimétrio, que é a camada mais externa do útero, formada principalmente por tecido epitelial (de revestimento) e cuja função principal é garantir a integridade do útero em contato com os demais órgãos da cavidade pélvica.
Os miomas subserosos, quando maiores, podem projetar-se em direção ao interior da cavidade abdominal, comprimindo outros órgãos.
Esse tipo de formação tumoral surge no miométrio, que é a camada intermediária do útero, situada entre o perimétrio e o endométrio. Uma das principais características do miométrio é sua capacidade elástica, já que esta camada é composta basicamente por tecido muscular.
A existência de miomas intramurais, normalmente compostos por tecido muscular fibroso, prejudica a elasticidade uterina. Nesses casos, as formações tumorais podem ser múltiplas e microscópicas ou macroscópicas.
Considerados o tipo mais raro, porém também aquele que produz os sintomas mais agudos, os miomas submucosos desenvolvem-se no endométrio, que é a camada mais interna do útero, composta basicamente por tecido glandular e um tecido epitelial altamente vascularizado.
Nos casos mais graves, o crescimento dos miomas pode fazer com que essas formações celulares se projetem em direção ao interior da cavidade uterina, e assim, além de prejudicar a funcionalidade do endométrio, o que causa problemas com a receptividade endometrial durante as tentativas de engravidar, os miomas submucosos também podem afetar a fertilidade por ocuparem o espaço (no interior da cavidade uterina) onde a gestação normalmente se desenvolve.
Muitas pessoas acreditam que a simples presença dos miomas uterinos pode afetar a fertilidade das mulheres, no entanto somente em casos de miomas submucosos ou, quando outros tipos de miomas estão localizados nas demais regiões do útero, porém em número e dimensões (tamanho) elevados, a função reprodutiva é realmente afetada.
Os sintomas dos miomas também variam de acordo com a localização dessas formações tumorais, e sua intensidade é aumentada caso haja um número elevado de miomas ou caso esses tumores atinjam grande dimensões.
De forma geral, os miomas uterinos podem alterar o fluxo sanguíneo durante a menstruação, além de provocar dismenorreia e sensação de dor e peso abdominal. Porém, é preciso considerar também que esta é uma doença majoritariamente assintomática, já que aproximadamente 75% das mulheres com miomas uterinos não apresentam qualquer sintoma observável.
Por isso, muitas vezes, o diagnóstico dos miomas é feito durante as consultas de rotina da mulher ao ginecologista, através de exames de imagem como a ultrassonografia pélvica transvaginal e a histeroscopia.
Porém, o diagnóstico final, que garante a não malignidade das formações tumorais, só pode ser feito após uma biópsia dos miomas, que normalmente é colhida já durante o tratamento de retirada cirúrgica dos miomas (miomectomia por histeroscopia cirúrgica), que costuma ser a abordagem mais bem-sucedida, especialmente para as mulheres que desejam engravidar.
Quando os exames de imagem identificam miomas em pequenas dimensões e embaixo número, o tratamento não invasivo pode ser feito pela administração de contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona, que buscam estabilizar os níveis de estrogênio e assim evitar o crescimento das formações tumorais.
Mesmo que os miomas uterinos não seja uma doença determinante da infertilidade feminina, em alguns casos, especialmente os mais graves, mesmo retirada cirúrgica das formações tumorais pode não ser suficiente para reverter a infertilidade.
Como os tipos de mioma que mais afetam a fertilidade da mulher são aqueles que se desenvolvem no endométrio (submucosos), a dificuldade para engravidar é resultado de problemas na receptividade endometrial, o que faz com que, mesmo que a fecundação aconteça, o embrião não consiga fixar-se na parede uterina para dar início ao seu desenvolvimento.
Assim, atualmente a medicina reprodutiva permite que a mulher diagnosticada com infertilidade por fator uterino severo consiga ser mãe dos seus filhos biológicos com ajuda da FIV (fertilização in vitro), associada a cessão temporária de útero. Nesses casos a mulher passa pela coleta de folículos que serão fecundados em ambiente laboratorial, porém transferidos para outra mulher, que cede temporariamente seu útero para que a gestação aconteça.
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