A endometriose é uma condição complexa e que afeta muitas mulheres em idade reprodutiva, sendo causada principalmente pela menstruação retrógrada associada a fatores genéticos e imunológicos específicos.
Compreender essa relação é fundamental para mulheres que desejam engravidar, especialmente porque a endometriose pode afetar a fertilidade de formas variadas.
Neste artigo, exploraremos o papel do endométrio e sua relação com a menstruação retrógrada, principalmente no quadro de endometriose. Continue a leitura para receber informações valiosas sobre essa interessante relação!
Para compreender a relação entre menstruação retrógrada e endométrio, vamos entender melhor o que é o útero.
O útero, um órgão oco responsável por abrigar e nutrir um possível feto durante a gravidez. Esse órgão é composto por três camadas distintas: o endométrio, o miométrio e o perimétrio.
O perimétrio, a camada em contato com as demais estruturas da cavidade pélvica, é composto por tecido conjuntivo e serve como uma espécie de revestimento protetor para o útero, enquanto o miométrio é a camada muscular intermediária, responsável pelas contrações uterinas durante o parto e por adaptar o tamanho do útero ao crescimento do futuro bebê.
Já o endométrio é a camada de revestimento da cavidade uterina e desempenha um papel crucial no ciclo menstrual e na reprodução.
Este tecido é rico em vasos sanguíneos e glândulas, preparando-se a cada mês para a possível implantação de um óvulo fertilizado. Se a gravidez não ocorrer, o endométrio é descamado e eliminado durante o processo menstrual.
O endométrio é composto por células sensíveis aos hormônios sexuais femininos, especialmente os estrogênios e a progesterona.
Durante a fase inicial do ciclo menstrual, conhecida como fase folicular, os níveis de estrogênio começam a aumentar gradualmente, estimulando as células do endométrio a se multiplicar tornando este tecido mais espesso.
À medida que o ciclo progride e a ovulação ocorre, o corpo começa a produzir progesterona, que tem um papel crucial na estabilização do endométrio, após o espessamento, tornando-o mais receptivo para a implantação de um embrião, caso a fertilização tenha ocorrido.
No entanto, se a fertilização não acontecer e nenhum embrião não for implantado, os níveis de estrogênio e progesterona diminuem gradualmente na fase lútea do ciclo, até que atinjam suas concentrações mínimas.
O rebaixamento dos hormônios sexuais desencadeia a descamação do endométrio, liberando-o do útero na forma de menstruação – uma parte natural e necessária do ciclo menstrual.
Por isso, durante a menstruação, o sangue menstrual é formado principalmente pelas células do endométrio que não são mais necessárias, e essa eliminação mensal do endométrio prepara o útero para um novo ciclo menstrual, em que o processo de espessamento e preparação recomeça.
A menstruação retrógrada é uma situação em que o sangue menstrual – que deveria ser expelido do corpo através do colo do útero e, posteriormente, do canal vaginal – retorna pelo sistema das tubas uterinas e invade a cavidade pélvica.
O aspecto crítico dessa condição é que esse sangue menstrual não vem sozinho: ele carrega consigo células do endométrio que podem aderir e se fixar a outros órgãos e tecidos na região, como os ovários, as tubas uterinas e até mesmo o peritônio, que reveste as estruturas da cavidade pélvica.
Uma vez fixadas, as células endometriais passam a ser chamadas ectópicas e começam a se comportar de maneira semelhante ao endométrio original: se multiplicam como se estivessem se preparando para uma possível gravidez e, na ausência desta, descamam e sangram, como parte do ciclo menstrual.
No entanto, como essas células estão fora do útero e não têm um meio adequado para serem expelidas do corpo, esse sangramento e descamação resultam em inflamação e alterações anatômicas e funcionais nos órgãos afetados.
Primeiramente, é fundamental esclarecer que nem todas as mulheres com menstruação retrógrada desenvolvem a endometriose. No entanto, a menstruação retrógrada é considerada um fator de risco significativo para o desenvolvimento dessa doença crônica e dolorosa.
Fatores genéticos desempenham um papel relevante nessa relação, já que mulheres com parentes próximas portadoras da endometriose têm uma maior predisposição para a condição.
Além disso, fatores imunológicos também atuam na menstruação retrógrada, quando esta está associada à endometriose.
O sistema imunológico é responsável por combater invasores e células anormais no corpo, mas em mulheres com endometriose, ele pode não funcionar adequadamente, permitindo que as células do endométrio não sejam eliminadas pelo sistema imunológico e se estabeleçam em locais fora do útero, dando origem aos implantes endometrióticos.
A relação entre a menstruação retrógrada e a endometriose é, portanto, multifacetada. A menstruação retrógrada cria uma oportunidade para que as células do endométrio se fixem em outros órgãos, mas a predisposição genética e os fatores imunológicos desempenham um papel crítico na determinação de quem desenvolverá ou não a endometriose.
A endometriose pode prejudicar a fertilidade de diversas maneiras.
Uma das formas mais impactantes é a obstrução das tubas uterinas, que transportam o embrião para o útero e que também são o local onde ocorre a fertilização. Quando as tubas estão bloqueadas devido à endometriose, a jornada do óvulo fertilizado até o útero pode ser impossível, impedindo a gravidez natural.
Quando a inflamação crônica da endometriose afeta os ovários, pode prejudicar a qualidade dos óvulos, tornando-os menos propensos a uma fertilização bem-sucedida, ao passo que se os implantes se instalam no peritônio que reveste o útero, também podem alterar a anatomia do órgão, aumentando os riscos da gravidez.
Portanto, para mulheres que enfrentam problemas de infertilidade devido à endometriose, é fundamental buscar ajuda médica especializada. Felizmente, existem opções de tratamento disponíveis, mesmo nos casos mais complexos, que podem contar com técnicas de reprodução assistida, como a FIV (fertilização in vitro) para uma saída promissora.
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