A infertilidade afeta cerca de 15% da população mundial, entre homens e mulheres, segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dentro desse número, cerca de 30% dos casos são devidos exclusivamente à infertilidade masculina e 30% à infertilidade feminina.
Podemos ver, portanto, como a infertilidade masculina é um problema que afeta muitos homens ao redor do mundo, causando frustração e atrapalhando o planejamento familiar de muitos casais.
Existem diversos fatores que podem levar homens a terem dificuldade em ter filhos. Alguns casos de infertilidade masculina são hereditários, devido a algum tipo de anomalia genética, que prejudica estruturas importantes do sistema reprodutivo masculino.
A maioria dos casos, porém, são causados por doenças, principalmente as ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), como a clamídia e a gonorreia. Essas infecções, ao se alastrar e afetar órgãos importantes para a capacidade reprodutiva do homem, como os epidídimos, causam epididimite, que também leva à infertilidade, muitas vezes mesmo após o tratamento e a eliminação da doença.
Neste texto abordaremos com mais detalhes a relação entre a epididimite e a infertilidade masculina. Continue com a leitura para entender mais sobre a doença.
Boa leitura!
Os epidídimos são estruturas pequenas em forma de C, que se localizam próximos aos testículos. Fazem a ligação entre os testículos ‒ se conectando diretamente aos túbulos seminíferos, local em que os espermatozoides são produzidos ‒ e o canal deferente.
Os epidídimos armazenam os espermatozoides que são produzidos nos testículos até que a ejaculação aconteça. Assim, também servem de canal de passagem para os espermatozoides serem transportados ao canal deferente e dali para a uretra.
Este período em que os espermatozoides ficam armazenados nos epidídimos é fundamental, já que quando saem dos túbulos seminíferos, ainda não possuem a cauda, essencial para sua locomoção. É nos epidídimos que terminam sua maturação, desenvolvendo a cauda e ganhando motilidade.
Os epidídimos, portanto, são essenciais para a capacidade reprodutiva do homem. Quando os epidídimos são afetados por alguma doença, como a epididimite, ou por outros fatores que podem prejudicá-los, o homem pode perder a fertilidade.
A epididimite, como o nome sugere, é a inflamação dos epidídimos. Esta inflamação costuma ser desencadeada por ISTs, principalmente bacterianas.
De maneira geral a infecção afeta primeiro a uretra, causando uretrite. Em alguns casos, quando a infecção se alastra e consegue chegar aos epidídimos, causa inflamação, o que caracteriza a epididimite.
Além de infecções bacterianas, a epididimite também pode ser causada por fatores virais, como no caso do HPV (papiloma vírus humano).
Traumas mecânicos na região dos testículos e a prática de esportes que afetam a área repetidamente, como no caso do ciclismo profissional, também podem causar epididimite.
Quando a infecção chega aos epidídimos, provoca uma reação do sistema imunológico, que para eliminar o “intruso” detectado, envia células de defesa aos locais das lesões
Algumas dessas células atacam os causadores da infecção, mas também podem afetar também as células das próprias estruturas envolvidas, neste caso os epidídimos, aumentando os riscos de cicatrizes
A inflamação que caracteriza a epididimite provoca inchaço na região afetada, o que normalmente causa a obstrução dos epidídimos, que impede a saída dos espermatozoides.
Quando isso acontece o homem continua ejaculando, mas o sêmen não possui espermatozoides, impedindo que ele consiga ter filhos.
Além disso, a ação dos microrganismos envolvidos na infecção prejudica a parede interna dos epidídimos e muitas vezes, mesmo após o tratamento da doença, ficam sequelas em forma de cicatrizes, que continuam obstruindo essas estruturas. Nestes casos, a infertilidade masculina pode ser permanente.
O tratamento da epididimite é simples e depende de suas causas. No caso de ISTs, como a gonorreia e a clamídia, que são infecções bacterianas, o tratamento é realizado com antibióticos de amplo espectro ou específicos para o causador da infecção.
Medicamentos para alívio dos sintomas, como analgésicos e anti-inflamatórios também podem ser indicados, como complementares ao tratamento da epididimite. Além disso, o repouso e a utilização de um suporte escrotal são estratégias que podem auxiliar bastante no alívio dos sintomas e na recuperação.
Como mencionamos, mesmo após o tratamento e a eliminação da infecção é comum que, devido às sequelas da doença, o homem continue apresentando dificuldades reprodutivas.
Nestes casos, ele pode recorrer às técnicas de reprodução assistida, especialmente a FIV (fertilização in vitro), que possui diversos recursos voltados às demandas da infertilidade masculina.
Dependendo da extensão da doença, além da fertilidade da parceira, também é possível a indicação de um procedimento mais simples como a IA (inseminação artificial) com recuperação espermática e o preparo seminal, para que este homem consiga realizar novamente o sonho da paternidade.
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