Correção de varicocele e FIV

A infertilidade conjugal pode ser definida pela não ocorrência de gravidez, mesmo após 12 meses de tentativas, realizadas por um casal em idade reprodutiva e sem o uso de preservativos. Em aproximadamente 30% dos casos, este quadro deve-se à problemas relacionados à função reprodutiva masculina, como é o caso da varicocele.

Considerada uma doença genética, na varicocele uma parcela das veias envolvidas na irrigação do cordão espermático não consegue garantir o retorno venoso, pela presença de defeitos valvulares que levam ao refluxo sanguíneo.

O acúmulo local de sangue leva à dilatação desses vasos sanguíneos e ao aumento da pressão e temperatura locais – alterações que podem afetar a integridade das células testiculares, incluindo os espermatócitos, que se desenvolvem em espermatozoides, durante a espermatogênese.

A infertilidade provocada pela varicocele normalmente é percebida pela dificuldade em engravidar a parceira, nos casos assintomáticos, e quando o espermograma indica azoospermia ou oligozoospermia, acompanhados ou não dos demais sintomas álgicos.

A correção da varicocele e a reprodução assistida são as principais abordagens para a varicocele e o tratamento da infertilidade masculina, e suas indicações dependem das especificidades de cada caso, como mostraremos no texto a seguir.

Aproveite a leitura!

O que a varicocele provoca?

O cordão espermático é composto pelos ductos que participam do transporte de espermatozoides até o encontro com os líquidos glandulares, para formar o esperma. Estruturas como os ductos deferentes e epidídimos estão localizados nesse cordão, que é irrigado por veias e artérias do sistema circulatório.

Na varicocele, a rede venosa responsável pelo retorno sanguíneo do cordão espermático apresenta veias com válvulas defeituosas, incapazes de manter o fluxo unidirecional do sangue, provocando seu acúmulo local.

Nos casos mais graves, esse acúmulo sanguíneo pode ser observado como veias arroxeadas, na superfície da bolsa escrotal, contudo os casos mais leve podem ser assintomáticos para dor e a visualização das veias varicosas.

A varicocele é uma doença progressiva e, de acordo com seu nível de desenvolvimento, pode atingir graus de gravidade maiores ou menores, com a expressão de sintomas e consequências mais ou menos intensas.

A gravidade da varicocele pode ser classificada em três formas:

• Grau I – veias varicosas pequenas e observadas ou palpadas somente quando o homem força a pélvis, tampando a respiração (manobra de Valsalva);
• Grau II – veias varicosas moderadamente grandes, muito facilmente palpadas com a manobra de Valsalva;
• Grau III – veias arroxeadas na superfície da bolsa escrotal, observáveis a olho nu.

Apesar de a dor e a sensação de peso serem sintomas mais relacionados ao aumento na gravidade, a infertilidade pode se manifestar, independente do grau alcançado pela varicocele.

Varicocele e infertilidade masculina

A varicocele é atualmente a doença que está mais frequentemente envolvida com a infertilidade masculina, participando de até 50% dos casos de infertilidade primária – quando não houver gestações precedentes – e até 80% dos casos de infertilidade secundária – quando o homem já teve filhos anteriormente.

Isso mostra que o tempo pode piorar o acometimento da fertilidade masculina, provocado pela varicocele, levando a crer que esta é uma doença progressiva.

Nesses casos, é importante que a saúde reprodutiva masculina seja acompanhada com cuidado, para que mesmo os casos assintomáticos possam ser identificados de forma precoce. Essa atitude melhora as taxas de sucesso dos tratamentos e diminuindo os riscos de infertilidade permanente.

Os exames que participam da investigação para o diagnóstico da varicocele são o espermograma e o ultrassom de bolsa escrotal, que utiliza a tecnologia Doppler para observar detalhadamente a dinâmica do fluxo sanguíneo no cordão espermático.

Como é feita a correção da varicocele?

A correção da varicocele pode ser realizada de duas formas principais: por embolização e pela varicocelectomia, uma microcirurgia minimamente invasiva, em que as veias varicosas são identificadas e obstruídas, deixando de provocar o acúmulo sanguíneo local e suas consequências.

A varicocelectomia é a abordagem mais frequentemente indicada, por sua segurança e maiores taxas de sucesso, e é realizada por microcirurgia subinguinal. Neste procedimento, o cordão espermático é acessado por micro-orifícios próximos à virilha e, com auxílio de tecnologia microscópica, os vasos sanguíneos afetados são mais precisamente localizados, evitando danos decorrentes do procedimento.

Na maior parte dos casos, essa cirurgia resulta em reversão tanto dos sintomas álgicos e fisicamente incômodos da varicocele, como da infertilidade da doença. É indicada principalmente para os casos de gravidade grau III, ou quando o homem já está encontrando dificuldades para engravidar a parceira, mesmo na ausência de sintomas.

Quando recorrer à FIV?

As indicações para a reprodução assistida como abordagem da infertilidade por varicocele dependem de diversos fatores e normalmente são feitas após a correção não demonstrar melhoras na função reprodutiva.

É importante que os homens acometidos pela varicocele, e que têm a paternidade no seu planejamento familiar, busquem atendimento médico para a realização da correção da varicocele, mesmo quando existe indicação para FIV (fertilização in vitro).

Isso porque esta é, como mencionamos, uma doença progressiva e mesmo nos casos em que a correção não reverte a infertilidade, o procedimento pode auxiliar a preservar a integridade do tecido testicular, colaborando também para o sucesso também das técnicas de reprodução assistida.

A técnica mais adequada, nestes casos, é a FIV, pois a azoospermia por trás do quadro de varicocele é causada por fatores não obstrutivos, que resultam de danos não à condução dos espermatozoides aos locais onde é produzido o sêmen, mas sim à espermatogênese – e a FIV é a única técnica que permite a recuperação espermática diretamente dos testículos, por TESE e Micro-TESE.

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