A infertilidade pode ser uma consequência complexa da infecção por ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), entre as quais a clamídia é das mais recorrentes em homens e mulheres sexualmente ativos.
Um dos principais agravantes da clamídia, em relação à fertilidade, é o fato de a doença ser assintomática, especialmente em suas etapas iniciais. A ausência de sintomas faz com que a pessoa não desconfie que pode estar doente e por isso não busque atendimento médico.
Essa demora para diagnosticar e tratar a clamídia faz com que a bactéria possa se instalar em estruturas mais internas do aparelho reprodutivo de homens e mulheres, comprometendo mais profundamente a fertilidade.
Em alguns casos a infertilidade por clamídia somente pode ser contornada pela reprodução assistida – assunto do qual falaremos no texto a seguir.
Boa leitura!
A clamídia é uma infecção provocada pela bactéria Chlamydia trachomatis, cuja via principal de transmissão é sexual, embora também possa ser passada por transmissão vertical, quando a mãe passa para o bebê antes ou durante o parto.
Frequentemente a clamídia se instala inicialmente no aparelho reprodutivo inferior (canal vaginal e colo do útero), podendo ascender para o fundo do útero e tubas uterinas.
Nos homens, a infecção por clamídia costuma começar na uretra e pode ascender para os epidídimos e outras estruturas do testículo e cordão espermático.
É importante lembrar que a única forma de evitar a transmissão da clamídia e de todas as demais ISTs é usar preservativos de barreira (as camisinhas masculina e feminina).
No entanto, manter regularidade no acompanhamento da saúde reprodutiva também pode ser bastante benéfico, principalmente por identificar doenças como a clamídia ainda em seus estágios iniciais, quando ainda é possível evitar a infertilidade.
A clamídia, como comentamos, pode se instalar inicialmente no canal vaginal e no colo do útero, produzindo ou não sintomas associados à infecção.
Isso significa que a clamídia pode estar presente nessas estruturas e não provocar alterações perceptíveis, fazendo com que a infecção tenha mais liberdade para avançar em direção a outras estruturas reprodutivas.
Ao atingir o aparelho reprodutivo superior, a clamídia pode se instalar no endométrio (tecido de revestimento da cavidade uterina), provocando uma endometrite, mas também pode seguir ainda silenciosamente para as tubas uterinas, onde pode causar salpingite.
A infertilidade feminina pode ser uma consequência desses estágios mais avançados da clamídia. Nesses casos, as dificuldades reprodutivas podem estar associadas às seguintes alterações:
A gestação ectópica é um evento grave, em que obrigatoriamente ocorre perda do embrião e a mulher corre o risco de perder a tuba uterina em que a gestação começou a se desenvolver.
Quando a infecção por clamídia afeta os homens, os estágios iniciais também tendem a ser assintomáticos, mesmo que a bactéria já esteja presente nas estruturas reprodutivas mais externas, como a uretra.
Assim como acontece com as mulheres, a falta de sintomas faz com que o homem demore para buscar atendimento médico que possa identificar a clamídia precocemente – e a infecção também tende a se espalhar para outras estruturas reprodutivas.
Ainda que a uretrite possa oferecer danos à saúde do sêmen, quando a clamídia atinge estruturas como os epidídimos e os ductos deferentes a fertilidade pode ser gravemente comprometida.
A infecção dos epidídimos pode obstruir a passagem no interior dessas estruturas, impedindo que os espermatozoides encontrem os líquidos seminais, nos ductos deferentes, e fazendo com que o sêmen seja ejaculado sem carregar espermatozoides.
Por isso, dizemos que a infecção por clamídia pode causar infertilidade masculina por provocar azoospermia obstrutiva, quando a ausência de espermatozoides no sêmen deve-se à obstrução dos epidídimos.
A constatação de obstrução das tubas e dos epidídimos pode ser determinante para a indicação da reprodução assistida com objetivo de reverter a infertilidade provocada pela clamídia.
Nestes casos, mesmo após os tratamentos antibióticos e a erradicação das bactérias, a clamídia pode deixar cicatrizes nos locais afetados, em forma de aderências que mantêm a obstrução desses canais (epidídimos e tubas uterinas) e o quadro de infertilidade.
Nesses casos, a reprodução assistida é indicada porque a obstrução dos epidídimos pela clamídia pode ser contornada pela recuperação espermática, uma ferramenta utilizada tanto pela FIV (fertilização in vitro), como pela IA (inseminação artificial).
Ao mesmo tempo, a obstrução das tubas pela clamídia só recebe indicação para FIV, já que as outras técnicas de reprodução assistida contam com a fecundação nas tubas e a chegada natural do embrião ao útero, enquanto a FIV reproduz a fecundação em laboratório e realiza a transferência dos embriões para o útero também de forma controlada.
As chances de sucesso de cada técnica variam e dependem também da idade da mulher, já que mesmo sem clamídia, a proximidade da menopausa pode indicar uma diminuição já sensível na fertilidade feminina.
Ainda restam dúvidas sobre a clamídia? Toque neste link e leia mais!
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