O acompanhamento da saúde reprodutiva das mulheres é feito normalmente com a realização periódica de exames, incluindo a ultrassonografia pélvica, que avalia as condições de órgãos reprodutivos como os ovários.
É relativamente comum que esses exames apontem a presença de um ou vários cistos no ovário, deixando a mulher preocupada com a possibilidade de este ser um sintoma de algum problema mais grave.
O cisto no ovário pode ser uma ocorrência normal – inclusive bastante frequente –, mas alguns tipos específicos de cistos podem de fato indicar a presença de doenças como a SOP (síndrome dos ovários policísticos) e a endometriose ovariana, que forma o endometrioma.
Neste texto você vai entender melhor quando o cisto no ovário deve ser preocupante e quais são os próximos passos após sua identificação.
Boa leitura!
Os ovários são órgãos reprodutivos bilaterais com duas funções principais:
A produção dos hormônios sexuais acontece simultaneamente ao recrutamento dos folículos: enquanto LH induz a produção de testosterona, o FSH converte a testosterona em estrogênio.
Os estrogênios atuam diretamente no desenvolvimento do folículo que participa da ovulação e na preparação do endométrio – camada de revestimento da cavidade uterina – para receber um possível embrião, a cada ciclo.
No entanto, para que essa dinâmica aconteça, uma grande quantidade de folículos ovarianos deve ser recrutada para interagir com as gonadotrofinas e manter a produção de hormônios no ritmo adequado.
Destes folículos, apenas um – por isso chamado folículo dominante – conclui o processo de crescimento e participa efetivamente da ovulação.
Isso significa que os demais folículos só interagem com as gonadotrofinas até certo ponto, tornando-se atrésicos, regredindo e permanecendo nos ovários como cicatrizes – que podem ser observadas nos exames de ultrassom como cisto no ovário.
Além disso, os locais ocupados por cada corpo lúteo – formado, após a ovulação, pelas células do folículo que restam nos ovários, com objetivo de produzir progesterona em resposta à ação do LH – também podem ser observados no ultrassom como cisto no ovário.
Estes são os cistos mais frequentemente observados nos exames, mas em nenhum desses casos, no entanto, o cisto no ovário representa um sintoma de qualquer doença ovariana.
Embora os mecanismos sobre os quais falamos há pouco possam provocar a formação de um cisto no ovário sem maiores consequências para a fertilidade das mulheres, alterações nesses mesmos processos podem levar à formação de cistos específicos, associados a doenças.
Ainda assim é importante lembrar que a ultrassonografia pélvica é somente um exame inicial para investigação do cisto no ovário e que, por isso, normalmente funciona como sinal para realização de exames mais precisos.
O cisto no ovário que pode ser sinal de complicações está associado a duas doenças principais: a SOP e a endometriose ovariana.
A síndrome dos ovários policísticos ou SOP é uma síndrome metabólica que envolve principalmente os hormônios sexuais, mas provoca sintomas diversos, incluindo infertilidade, hiperandrogenismo e a formação de cistos nos ovários.
A hipótese mais aceita para o funcionamento da SOP aponta para um desequilíbrio na produção das gonadotrofinas, em que há uma diminuição na produção de FSH e um aumento na secreção de LH.
Considerando o papel de cada gonadotrofina na produção dos hormônios sexuais, a mulher com SOP pode apresentar um aumento na concentração de testosterona – que impede a ovulação e faz com que o folículo dominante permaneça retido, formando o cisto no ovário.
O cisto no ovário como resultado da SOP tem características próprias, sendo normalmente múltiplos, esbranquiçados e pequenos.
Além de formar o cisto no ovário, a retenção do folículo dominante é sinal de que a ovulação também não está acontecendo – e por isso a mulher apresenta infertilidade.
O endometrioma é o nome dado ao cisto no ovário formado nos quadros de endometriose ovariana. A endometriose é uma doença estrogênio-dependente, em que o endométrio passa a se desenvolver fora do útero, em focos espalhados pelas estruturas da cavidade pélvica – incluindo os ovários.
O crescimento dos focos endometrióticos, incluindo o endometrioma, é induzido pelo estrogênio natural do ciclo menstrual, que também torna os implantes inflamados.
Por isso, o cisto no ovário dos casos de endometriose ovariana é avermelhado, contendo endométrio ectópico e sangue coagulado. Além disso, normalmente a mulher apresenta um único endometrioma, que cresce com o tempo pela ação dos estrogênios – diferente dos cistos da SOP, que são múltiplos, esbranquiçados, pequenos e não crescem com o tempo.
O endometrioma também cria um ambiente de inflamação nos ovários, que prejudica a ovulação e gera um quadro de infertilidade, mas que também pode danificar a própria reserva ovariana, diminuindo a vida fértil da mulher.
A SOP e a endometriose ovariana em seus estágios iniciais podem ser abordadas por tratamentos hormonais com objetivo de regular o ciclo menstrual – no caso da SOP – e impedir o crescimento do endometrioma.
A mulher com endometrioma também pode receber indicação para remoção cirúrgica do cisto no ovário, especialmente nos casos mais avançados e quando existem outros focos de endometriose na cavidade pélvica.
Os tratamentos para o cisto no ovário, no entanto, podem não ser indicados em alguns casos, especialmente quando a mulher está tentando engravidar – quando a reprodução assistida pode ser indicada.
Todas as técnicas de reprodução assistida – FIV (fertilização in vitro), IA (inseminação artificial) e RSP (relação sexual programada) – contemplam as demandas reprodutivas de mulheres com cisto no ovário.
Leia mais sobre a SOP tocando neste link.
Agradecemos a sua leitura, aproveite e compartilhe© 2025 ART MEDICINA S.A CNPJ: 17.109.145/0001-28. Todos os direitos reservados.
O conteúdo deste site foi elaborado pela equipe da Clínica Art Medicina e as informações aqui contidas tem caráter meramente informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico, somente ele está habilitado a praticar o ato médico, conforme recomendação do Conselho Federal de Medicina. Todas imagens contidas no site são meramente ilustrativas e foram compradas em banco de imagens, não envolvendo imagens de pacientes.
Diretor Técnico: Marcelo Giacobbe - CRM 62588