As tubas uterinas também são estruturas fundamentais para a fertilidade das mulheres. Em formato de ductos, as tubas conectam os ovários ao útero e sediam a fecundação, um dos acontecimentos mais importantes da reprodução humana.
Algumas doenças e situações podem provocar a obstrução das tubas uterinas, comprometendo a fecundação e a chegada do embrião ao útero – o que, além de estar associado a quadros de infertilidade, também aumenta os riscos de uma gestação ectópica.
As causas da obstrução das tubas uterinas são o principal assunto deste texto: continue conosco e aproveite a leitura!
Assim como o útero e os ovários, as tubas uterinas formam-se ainda nas primeiras semanas do desenvolvimento embrionário e têm origem nas mesmas estruturas que o útero: os ductos de Müller, dois canais paralelos que se fundem parcialmente.
O trecho dos ductos de Müller que se fundem formam uma cavidade única, o útero, e as extremidades superiores permanecem independentes e ocas como canais, originando as tubas uterinas.
Os ovários são formados pelas células germinativas, precursoras das células reprodutivas, que migram para a região embrionária onde mais tarde será a cavidade pélvica. Essas células se dividem, dando origem às células reprodutivas e folículos ovarianos, e se acumulam em dois grupos, próximos à extremidade de cada tuba.
Na ovulação, uma dinâmica hormonal específica faz com que um folículo ovariano cresça e se destaque dos demais, rompendo-se e liberando um óvulo pronto para a fecundação. Esse óvulo é captado pelas fímbrias – projeções das tubas, semelhantes a cílios – e conduzido para o interior da tuba, onde permanece vivo por cerca de 36h.
Quando a fecundação acontece, a formação do zigoto (primeira célula do embrião) e parte do desenvolvimento embrionário inicial acontecem ainda nas tubas uterinas.
Outro papel dessas estruturas é conduzir o embrião até o interior do útero, o que normalmente acontece nos primeiros 5 a 7 dias após a fecundação.
A obstrução das tubas uterinas acontece quando surgem obstáculos que interrompem o livre fluxo no interior dessas estruturas, podendo acometer uma ou ambas as tubas.
É comum que a obstrução das tubas uterinas seja resultado de doenças infecciosas e inflamatórias, mas a condição também pode ter outras origens.
A causa mais frequente da obstrução das tubas uterinas é a chegada de agentes microbianos invasores, principalmente bactérias e vírus. Além dos danos da própria atividade microbiana, a infecção também aciona o sistema imunológico e dispara um processo inflamatório local
A inflamação e a própria infecção provocam, entre outras coisas, o acúmulo de líquido na região afetada – o que chamamos hidrossalpinge, quando afeta as tubas uterinas. Esse inchaço da parede tubária diminui o diâmetro interno da tuba, dificultando e até mesmo impedindo o livre fluxo através dela.
As ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) são as principais causadoras de infecção tubária e normalmente provocam sintomas prévios, já que a infecção costuma afetar primeiro estruturas mais próximas ao canal vaginal, como o endométrio.
Entre os principais sinais que devem despertar a atenção da mulher, destacamos a presença de corrimento vaginal com cor e odor anormais, dores pélvicas durante a menstruação e entre períodos, além de dor e sangramento durante as relações sexuais.
A endometriose é uma doença inflamatória e estrogênio-dependente que pode atingir diversas estruturas da cavidade pélvica, inclusive as tubas uterinas. Na endometriose, a mulher desenvolve focos de tecido endometrial fora da cavidade uterina, que respondem ativamente à atividade estrogênica, tornando-se inflamados.
Uma das teorias mais aceitas para a origem da endometriose é a menstruação retrógrada, quando parte do fluxo menstrual – que é o espessamento do próprio endométrio após a descamação – não é eliminado pelo canal vaginal e retorna à cavidade pélvica, passando inclusive pelas tubas.
A obstrução das tubas uterinas pela endometriose pode ser decorrente da própria presença de focos endometrióticos no interior desses canais, como também resultado do processo inflamatório de focos aderidos ao peritônio que reveste as tubas.
Na laqueadura, a obstrução das tubas uterinas é realizada propositalmente, por um procedimento cirúrgico cujo objetivo é tornar a mulher permanentemente infértil.
Atualmente, a cirurgia é feita mais frequentemente por videolaparoscopia, um procedimento minimamente invasivo, em que o fluxo no interior das tubas é interrompido pela colocação de clipes e grampos cirúrgicos.
Após a cirurgia, a mulher não deixa de ovular e menstruar, porque a laqueadura mantém a dinâmica dos hormônios sexuais intacta, mas a obstrução das tubas uterinas impede que a fecundação aconteça, fazendo da laqueadura uma forma definitiva de evitar a gestação.
Ainda assim, algumas mulheres podem se arrepender da laqueadura e buscar formas de reverter a obstrução das tubas uterinas. Embora a reversão da laqueadura seja possível, nem sempre seus resultados são bem-sucedidos e a mulher pode receber indicação para reprodução assistida.
A infertilidade é uma consequência frequente da obstrução das tubas uterinas – e, nesse sentido, a FIV (fertilização in vitro) é a única técnica de reprodução assistida que pode ser indicada para mulheres com infertilidade por obstrução das tubas uterinas.
Nesta técnica, as células reprodutivas dos pais são coletadas por procedimentos específicos e a fecundação é reproduzida em laboratório – dispensando o papel das tubas na fecundação.
Após a fecundação, os embriões obtidos são observados por um período de 3 a 5 dias, quando os embriões mais saudáveis são selecionados e transferidos diretamente para o útero – dispensando o papel das tubas na condução do embrião ao útero.
A obstrução das tubas uterinas não é a única condição que provoca problemas reprodutivos – conheça outros detalhes sobre a infertilidade feminina tocando neste link.
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