A maior parte das pessoas imagina que a infertilidade conjugal seja um problema exclusivo de casais que, quando começam a buscar a gestação, não chegam à fecundação e por isso, não conseguem engravidar.
A definição de infertilidade conjugal dada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é também bastante semelhante a essa ideia de que a fecundação é o principal problema dos casais inférteis.
Segundo o órgão, todo casal em idade reprodutiva que tenta engravidar e não consegue é considerado infértil quando esse quadro persiste por mais de um ano, mesmo sem diagnósticos precisos.
A infertilidade conjugal, no entanto, inclui também todos os casos em que o casal consegue engravidar, mas não consegue manter a gestação até o fim, e a gravidez acaba em um aborto espontâneo.
Se os eventos de perdas gestacionais são seguidos e sequenciais, podemos dizer que se trata de um quadro de aborto de repetição.
O assunto abordado neste texto é a relação entre a infertilidade e o aborto de repetição. Ficou curiosa? Então venha conosco nessa leitura!
O aborto de repetição é um quadro relativamente crônico, que se configura quando a mulher perde a gestação ‒ sabendo que estava grávida ‒ antes da 20ª-22ª semana de gestação e mais de duas vezes consecutivas.
A definição é importante porque é muito comum que a mulher passe pela fecundação algumas vezes em sua vida e, por falhas aleatórias no processo de implantação embrionária, a gestação se perca antes mesmo de a mulher saber que estava grávida.
Esses casos ‒ e quando a perda acontece após a 22ª semana ‒ não são considerados abortos e, por isso não contemplam o quadro maior de aborto de repetição.
O aborto de repetição é um quadro que costuma trazer bastante sofrimento aos que vivem a realidade desse diagnóstico.
Em alguns casos, não é possível identificar inicialmente as causas do aborto de repetição e a investigação diagnóstica, em busca dos motivos por trás da dificuldade em levar a gestação, pode ser um longo percurso.
Contudo, algumas doenças são conhecidas por prejudicar alguns fatores, especialmente uterinos, que resultam nas perdas gestacionais sequenciais. A saúde do endométrio é o principal desses fatores.
Especificamente os miomas submucosos, os pólipos endometriais e a infiltração endometrial no miométrio, da adenomiose, são as principais causas de aborto de repetição. Consequências de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e endometrite também podem estar envolvidas com casos mais agudos.
Embora sejam doenças diferentes, todas têm em comum a capacidade de disparar processos inflamatórios endometriais sob estímulo dos estrogênios ‒ e por isso são chamadas estrogênio-dependentes ‒, alterando a composição celular do endométrio.
Como vimos, o aborto de repetição normalmente está envolvido com um quadro uterino relativamente crônico, em que o preparo endometrial acontece, mas outras alterações fazem com que o endométrio não esteja receptivo a um possível embrião.
A participação das células imunológicas, típicas da inflamação, no revestimento da cavidade uterina, principalmente nas doenças estrogênio-dependentes, não só interage com as lesões provocadas por essas doenças, mas também agride o próprio endométrio, tornando-o menos receptivo a um possível embrião.
Nesses casos, se a fecundação acontece, o embrião chega ao útero e pode não encontrar um local adequado para fixar-se. Mesmo conseguindo realizar a nidação, o embrião também corre o risco de ser atacado por células imunológicas inespecíficas e a gestação é interrompida.
O aborto de repetição é constatado quando essa situação é repetitiva e a infertilidade associada ao quadro pela impossibilidade de chegar ao fim da gestação.
Alguns casos podem ser resolvidos com abordagens simples, que normalmente buscam erradicar os microrganismos anormais. A evolução dessas doenças, associada à ausência de tratamento, pode fazer com que as perdas gestacionais se repitam, formando um quadro mais crítico, mais difícil de tratar.
Outros casos, ainda, mesmo que respondam positivamente aos tratamentos primários, no controle dos sintomas gerais, as abordagens não conseguem reverter a infertilidade e o casal continua tendo problemas para engravidar.
A reprodução assistida pode ser indicada nesses momentos.
Para os casos de aborto de repetição, a técnica mais recomendada é a FIV (fertilização in vitro) com auxílio do teste ERA (avaliação da receptividade endometrial), que melhora os parâmetros sobre o momento mais propício para a nidação.
É importante saber, no entanto, que nos casos de aborto de repetição, especialmente quando as causas não estão bem esclarecidas, mesmo a FIV pode falhar, já que justamente o processo de implantação embrionária é, de todos os eventos reprodutivos iniciais, aquele que menos pode ser controlado pelas técnicas de reprodução assistida, incluindo a FIV.
Se ainda restam dúvidas sobre o que é e quais são as consequências do aborto de repetição, temos um texto que certamente vai te interessar. Toque neste link e leia mais!
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