Considerada hoje um problema de saúde global, a infertilidade atinge cerca de 15% da população mundial. Atualmente sabe-se que problemas no sistema reprodutivo masculino também podem ser responsáveis pelo quadro de infertilidade conjugal, mas os fatores femininos também participam de forma relevante na construção desse diagnóstico, em até 30% dos casos.
A infertilidade por fator uterino é uma das formas mais recorrentes de infertilidade feminina, e pode ser decorrente de qualquer alteração nesse órgão que é central tanto para a fecundação quanto para a manutenção da gestação como um todo: o útero.
A principal função do útero é sustentar a gestação, garantindo que todas as fases do desenvolvimento embrionário e fetal aconteçam.
Para isso, cada camada de tecido que compõe essa estrutura oca, em forma de pera invertida, localizada no centro da cavidade pélvica, deve estar em perfeitas condições.
O endométrio é o tecido de revestimento mais interno da cavidade uterina, local de implantação do embrião logo após a fecundação, portanto seu papel na fertilidade é central. O endométrio prepara o ambiente ideal para que o embrião consiga manter-se fixo ao útero, e participa da vascularização da placenta e da manutenção de toda a gestação.
Doenças que acometem o endométrio, como a endometrite, os miomas e os pólipos endometriais, podem afetar a função reprodutiva prejudicando receptividade endometrial ou a continuidade da gestação, mesmo após a fecundação, nos casos em que há invasão da cavidade uterina e a ocupação do espaço destinado ao desenvolvimento do bebê.
Na maior parte das vezes, o tratamento mais bem-sucedido para os pólipos é a retirada cirúrgica das formações tumorais, ainda que nos casos assintomáticos a melhor conduta seja o monitoramento.
Este texto explica como é feita a histeroscopia cirúrgica para pólipos endometriais, o principal procedimento para o tratamento dessa doença.
Pólipos endometriais são formações tumorais geralmente benignas, com baixo potencial de malignização, que se manifestam no endométrio, camada de revestimento da cavidade uterina.
De formato arredondado ou ovalado, os pólipos endometriais são compostos de tecido endometrial e, assim como o endométrio adjacente a ele, podem responder positivamente aos estímulos hormonais do ciclo reprodutivo.
Um dos principais fatores de risco para o aparecimento dos pólipos uterinos é a existência de casos precedentes na família, acometendo inclusive mais mulheres multíparas (que já tiveram filhos) do que nulíparas (que nunca tiveram filhos).
A maior parte das mulheres com pólipos endometriais tem mais de 50 anos e é assintomática, mas sabe-se que quadros de obesidade e hipertensão também parecem estar associados ao aparecimento deles.
O principal sintoma dos pólipos endometriais é o sangramento uterino anormal, que pode ser um aumento do fluxo menstrual, sangramento de escape (fora do período adequado) ou até mesmo um sangramento semelhante ao menstrual, porém em mulheres que já não menstruam mais.
Apesar da maior incidência dos pólipos endometriais recair sobre mulheres que não estão mais na plenitude do período reprodutivo, é possível observar o aparecimento de pólipos endometriais já a partir da puberdade.
Nesses casos, ao lado do sangramento uterino anormal, a infertilidade é um dos sintomas mais recorrentes.
As formações tumorais típicas dos pólipos endometriais podem afetar a receptividade endometrial, já que altera a composição desse tecido, cuja integridade é fundamental para o sucesso da gestação.
As alterações na receptividade endometrial prejudicam a implantação embrionária, que fixa o embrião recém-formado no útero, dando início à gestação.
Além disso, quando se desenvolvem muito, os pólipos podem se projetar para o interior da cavidade uterina, ocupando espaço e interferindo no bom andamento da gestação. Essa interferência pode resultar em perdas gestacionais sequenciais, os abortamentos de repetição, ou partos prematuros.
Mesmo quando o casal busca a reprodução assistida para conceber, seja em função dos pólipos, seja em função de outras comorbidades que afetam sua fertilidade conjugal, os pólipos endometriais devem ser tratados, já que podem prejudicar as taxas de sucesso das técnicas escolhidas.
A polipectomia é indicada especialmente para os casos sintomáticos, em que os sangramentos e as cólicas são um incômodo severo, e para os casos assintomáticos em que a mulher deseja engravidar.
O procedimento é feito por meio de uma técnica chamada histeroscopia cirúrgica, uma espécie de endoscopia, que possibilita a manipulação dos órgãos contidos na cavidade pélvica pela introdução do endoscópio através do canal vaginal, sem a necessidade da abertura de cortes abdominais.
A histeroscopia cirúrgica pode ser realizada em consultório, sendo também usada como confirmação do diagnóstico final (histeroscopia diagnóstica) e direcionando o procedimento de retirada dos pólipos. Não há necessidade de sedação, a mulher permanece acordada e os incômodos dolorosos podem ser sanados pela anestesia local, caso seja necessário.
Na mulher em idade fértil, a histeroscopia cirúrgica deve ser feita na fase proliferativa, quando não há sangramento, e nas mulheres após a menopausa o período é indiferente.
A recuperação é relativamente rápida, e a mulher pode retornar às suas atividades normais, embora evitando esforços.
Em alguns casos, a mulher pode sentir incômodos e cólicas, facilmente resolvidos com analgésicos, além de sangramentos não muito abundantes, durante as três primeiras semanas.
A reprodução assistida oferece hoje saídas para quase qualquer caso de infertilidade, inclusive aquela causada pela presença de pólipos no endométrio uterino, especialmente por meio da FIV (fertilização in vitro).
No entanto, por tratar-se de infertilidade por fator uterino, o tratamento prévio dos pólipos é imprescindível, e é necessário investigar as reais condições de manter a gestação após o tratamento.
A retirada precoce dos pólipos pode contribuir para o sucesso da FIV, mas ainda que não seja possível gestar, por falhas na receptividade endometrial ou porque a mulher foi submetida à histerectomia, a FIV também abre espaço para que a gravidez aconteça por cessão temporária de útero.
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