Além de atender aos casais heterossexuais, cujo planejamento familiar pode ser importunado pela possibilidade da infertilidade conjugal, a FIV (fertilização in vitro) é uma técnica que, atualmente, traz benefícios também para outras demandas reprodutivas, permitindo que casais homoafetivos possam realizar o sonho de formar uma família, que inclua a presença de filhos biológicos.
No Brasil, o reconhecimento das uniões homoafetivas como núcleo familiar básico aconteceu em 2011, abrindo espaço para que a medicina reprodutiva pudesse colocar sua tecnologia a serviço da concretização completa deste ideal familiar, o que fica claro a partir da resolução do Conselho Federal de Medicina emitida em 2015, que regulamenta como deve ser realizada a reprodução assistida para casais homoafetivos.
Ainda que os casais homoafetivos femininos representem uma parcela maior na busca pela medicina reprodutiva para ter filhos biológicos, o número de casais homoafetivos masculinos neste contexto também vem aumentando.
Acompanhe a leitura e entenda, de forma mais detalhada, como a reprodução assistida ajuda os casais homoafetivos masculinos a realizarem o sonho de ter filhos.
A principal diferença entre os procedimentos para os casais masculinos e femininos é que para as mulheres a reprodução pode ser realizada pela IA (inseminação artificial) e pela FIV, enquanto para os homens somente a FIV, com cessão temporária de útero, pode possibilitar que o casal tenha filhos biológicos.
Isso acontece porque, no caso das mulheres, existe apenas a necessidade de conseguir os espermatozoides e realizar a fecundação, já que a gestação pode acontecer no útero de uma das duas mulheres do casal.
Para os casais homoafetivos masculinos, além da necessidade de obter um gameta feminino, também é preciso conseguir o consentimento de uma mulher que aceite passar pela gestação.
Segundo o Conselho Federal de Medicina, a mulher que vai passar pela gestação deve estar ligada a um dos parceiros por parentesco. O CFM permite parentesco consanguíneo de até 4º grau, incluindo mães, irmãs, tias e primas.
Para compreender melhor como os casais homoafetivos masculinos podem se beneficiar da FIV para ter filhos, vamos acompanhar o procedimento passo a passo, incluindo as tecnologias complementares, que contribuem para abrangência e o sucesso da FIV.
Na primeira consulta, o casal é recebido com uma conversa acolhedora, que busca explicar os detalhes especiais para a utilização da FIV neste caso. Entre os principais assuntos estão as formas de obtenção do gameta feminino, que é realizada por ovodoação, e também sobre a regulamentação para cessão temporária de útero.
Nesse sentido, o casal deve ser orientado para buscar em suas famílias a mulher que aceitará passar pela gestação e o parto, após a fecundação ser realizada em ambiente laboratorial.
Os óvulos obtidos por ovodoação estão inicialmente criopreservados por vitrificação (congelamento) e somente são descongelados para fecundação quando a mulher que levará a gestação apresentar um perfeito preparo endometrial.
Em um ciclo reprodutivo normal, o endométrio – camada de revestimento da cavidade uterina – passa por um processo de espessamento e reorganização tecidual, que permitem a implantação embrionária. Este processo é chamado preparo endometrial.
Na FIV, o preparo endometrial pode ser feito a partir da administração de medicamentos à base de estrogênio e progesterona, que induzem, respectivamente, ao aumento da espessura e à reorganização do tecido endometrial, de forma semelhante ao que acontece no ciclo reprodutivo normal.
Este processo é acompanhado por sucessivos exames de ultrassonografia transvaginal, que indica o momento para realizar o descongelamento do óvulo e a coleta dos gametas masculinos.
A coleta dos gametas masculinos é realizada, na maior parte das vezes, a partir de uma amostra de sêmen obtida por masturbação. Contudo, se existe também um quadro de infertilidade por azoospermia obstrutiva, os espermatozoides podem ser conseguidos por punção testicular nos túbulos seminíferos ou epidídimos, mas isso é mais incomum em um casal homoafetivo masculino.
Após a coleta dos espermatozoides e o descongelamento do óvulo doado, a união dessas células (fecundação) é realizada em laboratório, e os embriões obtidos seguem para a etapa de cultivo embrionário.
A técnica mais utilizada atualmente para a fecundação na FIV é a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), em que um único gameta masculino é selecionado e introduzido diretamente no meio intracelular do óvulo, com auxílio de uma agulha especial.
A fase de cultivo embrionário tem um tempo de duração que varia de 3 a 5 dias, e é durante esse período que os embriões são observados para avaliação do seu desenvolvimento e integridade genética.
A transferência embrionária é realizada, então, após o término da fase de cultivo. Em um procedimento simples, os embriões são depositados no interior da cavidade uterina da mulher que passará pela gestação, por via transvaginal, na própria clínica e sem a necessidade de sedação ou anestesia.
Após aproximadamente 20 dias da transferência embrionária, a mulher já pode realizar o teste de gravidez para confirmar a gestação e dar início ao pré-natal.
Depois dos 9 meses de gestação, a mulher tem o filho do casal homoafetivo, que tem a guarda da criança e é o responsável legal por ela.
É um processo um pouco mais complexo que o realizado para casais homoafetivos femininos, mas ainda assim as chances de sucesso são significativas. Também é importante destacar que esse deve ser um processo sem fins lucrativos. A mulher não pode receber nenhuma remuneração pelo que oferece.
Acesse nosso conteúdo e conheça os benefícios da reprodução assistida para casais homoafetivos.
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