O sistema endócrino é formado por estruturas que chamamos glândulas – como a tireoide –, cuja principal função é produzir e armazenar os hormônios: moléculas que induzem transformações celulares e a produção de substâncias em praticamente todas as estruturas do corpo.
A hipófise e o hipotálamo, localizados no cérebro, são uma espécie de ponte entre os sistemas nervoso e endócrino, orquestrando o funcionamento das glândulas periféricas que são determinantes para aspectos essenciais da vida, como o metabolismo e a fertilidade.
Mesmo desempenhando papéis diversos, é comum que os hormônios hipotalâmicos e hipofisários também interajam entre si (além de atuar nas estruturas periféricas), fazendo com que suas funções sejam, muitas vezes, interligadas e interdependentes.
A fertilidade, por exemplo, é controlada principalmente pelo GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) hipotalâmico e pelas gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), produzidas pela hipófise, que atuam especificamente nos ovários e testículos.
No entanto, a produção desses hormônios pode sofrer interferência de outros hormônios externos aos sistemas reprodutivos de homens e mulheres, como aqueles produzidos pela tireoide.
A relação entre a tireoide e a fertilidade humana é o assunto principal deste texto.
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A tireoide é uma glândula localizada no pescoço, próxima à traqueia e à laringe. Formada por dois lobos, a principal função da tireoide é produzir os hormônios que controlam praticamente todos os aspectos do metabolismo corporal, incluindo o crescimento e desenvolvimento do corpo em crianças.
Nos homens e mulheres adultos, a tireoide é essencial para as seguintes funções:
Além desses aspectos, a tireoide também contribui indiretamente para outros processos, como a fertilidade – como falaremos em breve.
Assim como acontece com os ovários e testículos, que também são glândulas periféricas como a tireoide, o funcionamento desta glândula é controlado por um hormônio hipofisário, o TSH (hormônio estimulante da tireoide), que estimula tanto a síntese como a secreção dos hormônios da tireoide.
A produção e liberação do TSH, por sua vez, é controlada por dois hormônios hipotalâmicos específicos, o TRH (hormônio estimulante da tirotrofina), que estimula a produção de TSH, e a somatostatina, que inibe a secreção deste hormônio.
Sob estímulo do TSH, a tireoide produz três hormônios principais, que atuam para aumentar o metabolismo do corpo: triiodotironina (T3), tiroxina (T4) e calcitonina. Esses hormônios são lançados na corrente sanguínea, encontrando receptores em diversos tecidos, de praticamente todos os sistemas do corpo.
A relação entre a tireoide e a fertilidade não é tão direta quanto a relação entre os ovários e testículos e a capacidade reprodutiva de homens e mulheres, mas os hormônios hipofisários que atuam nestas três glândulas são quimicamente semelhantes e interagem entre si.
Vamos compreender por que isso acontece.
O TSH é um hormônio formado por duas subunidades, alfa e beta, sendo que a subunidade alfa é compartilhada pelas gonadotrofinas FSH e LH, também produzidas pela hipófise, e pelo hCG (gonadotrofina coriônica humana), hormônio embrionário essencial para a manutenção da gravidez no primeiro trimestre.
Além de ser controlado pelo TRH e pela somatostatina, a produção de TSH é inibida quando os hormônios da tireoide alcançam uma concentração maior na corrente sanguínea, em um processo que chamamos feedback negativo.
Em função da semelhança química entre TSH, gonadotrofinas e hCG, o efeito inibidor que os hormônios da tireoide exercem sobre o TSH se repete também na regulação dos hormônios da fertilidade.
Sabendo que as gonadotrofinas estimulam a produção e o amadurecimento das células reprodutivas (óvulos e espermatozoides), além de induzir a produção dos hormônios sexuais (estrogênios, testosterona e progesterona), podemos compreender como a tireoide está envolvida nessas funções.
O hipotireoidismo é uma das disfunções da tireoide mais comuns entre homens e mulheres em idade reprodutiva, e ocorre quando a função da tireoide se encontra rebaixada, em relação à normalidade.
Além dos sintomas gerais do hipertireoidismo – como diminuição da frequência cardíaca e da atividade intestinal, cansaço anormal, depressão e aumento de peso –, a condição pode favorecer também a irregularidade dos ciclos menstruais e à hiperprolactinemia, ambos fatores de risco para infertilidade.
A irregularidade dos ciclos menstruais no hipotireoidismo está associada à anovulação (quando a ovulação não acontece) e à oligovulação (quando os ciclos ovulatórios diminuem, ocorrendo esporadicamente), ao passo que o excesso de prolactina também inibe a produção das gonadotrofinas impedindo a ovulação.
Diferente do hipotireoidismo, o hipertireoidismo é a condição em que a pessoa apresenta um funcionamento aumentado da tireoide, que acelera o metabolismo do corpo.
Os sintomas, por isso, também são opostos: taquicardia, aumento da pressão sanguínea, agitação, ansiedade, insônia, perda de peso e apetite. Os ciclos menstruais também podem se tornar irregulares nestes casos, associando também o hipertireoidismo à infertilidade.
Além disso, a mulher com hipertireoidismo que consegue engravidar pode, porém, encontrar problemas para manter a gestação no primeiro trimestre e, por isso, a condição está também associada a perdas gestacionais e aborto de repetição.
O diagnóstico das alterações da tireoide é feito pela dosagem dos hormônios T3 e T4, com amostras de sangue e pode ser complementado por exames laboratoriais que avaliam também as concentrações dos hormônios sexuais.
Dependendo das especificidades de cada caso, o tratamento pode variar entre o simples monitoramento do quadro geral – como nos casos de tireoidite pós-parto – até a abordagem medicamentosa, com suplementação hormonal.
A infertilidade provocada pelas alterações na tireoide pode ser tratada pela medicação que equilibra a atividade hormonal desta glândula, mas também podem receber indicação para reprodução assistida.
Dependendo do diagnóstico, podem ser indicadas técnicas de baixa complexidade como a RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial), ou de alta complexidade, como a FIV (fertilização in vitro).
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