A tecnologia mais recente para a triagem de genes e suas interações é a NGS, next generation sequencing (sequenciamento de nova geração), que possibilita analisar simultaneamente o sequenciamento de milhares de pequenos fragmentos de DNA.
O teste ERA é uma técnica desenvolvida que analisa por NGS o sequenciamento genético de mais de 200 genes relacionados ao estado de receptividade endometrial. É uma das técnicas complementares à FIV (fertilização in vitro) e contribuiu para reduzir significativamente os índices de falhas na implantação do embrião, um dos principais fatores para o insucesso dos tratamentos por FIV.
Este artigo explica sobre o funcionamento do teste ERA nos tratamentos por FIV.
Em um processo natural, a preparação do endométrio é regulada pela ação de diferentes hormônios. Ele passa por diversas modificações cíclicas durante o ciclo menstrual, tornando-se mais espesso a cada fase.
Desde o primeiro dia, quando a descamação da camada funcional provoca a menstruação, à última fase, conhecida como fase lútea, quando está mais espesso e estimulado pelo aumento dos níveis de progesterona e pelo estradiol, adquire um fenótipo receptivo para a implantação. O período é conhecido como ‘janela de implantação’ e dura entre 4 e 5 dias.
A receptividade endometrial é fundamental para o desenvolvimento da gestação. O endométrio cumpre a importante função de abrigar e nutrir o embrião até que a placenta seja formada.
Nos ciclos de FIV, a ação dos medicamentos hormonais utilizados na estimulação ovariana, procedimento realizado com o propósito de estimular o desenvolvimento de uma quantidade maior de folículos, interfere no ciclo endometrial, provocando alterações no endométrio e uma variação no período de receptividade.
Por isso, antes de o embrião ser transferido na FIV, o teste ERA pode ser realizado, dependendo da indicação. A análise é feita a partir da coleta de células do endométrio e permite determinar o melhor período de receptividade, possibilitando a transferência personalizada do embrião, de acordo com os resultados obtidos em cada caso, disponíveis em cerca de 15 dias.
O embrião é congelado até que o resultado seja disponibilizado e transferido apenas no ciclo seguinte. Um resultado receptivo permite a transferência no próximo ciclo, no período determinado pelo teste, enquanto um não receptivo sugere um deslocamento do período de receptividade.
Nesse caso, o embrião permanece congelado e uma nova avaliação de outras células coletadas, assim como a transferência, são programadas novamente para um ciclo posterior. A posologia hormonal é refeita para adequar a janela de implantação ao momento de transferência.
A transferência do embrião pode ser realizada em dois estágios de desenvolvimento: D3 ou blastocisto, dependendo do caso, principalmente da qualidade dos embriões. Porém, atualmente, o estágio de blastocisto tem sido a fase mais indicada, uma vez que há uma adequação fisiológica maior, pois é em estágio de blastocisto que a implantação ocorre em um uma gestação natural.
No entanto, a opção em D3 ainda permanece. Geralmente é utilizada quando um número menor de embriões foi formado ou se eles tiverem a saúde mais frágil para sobreviver por mais tempo em meios de cultura.
Nos casos em que a opção é pelo estágio em D3, o embrião deve ser transferido dois dias antes do melhor dia determinado pelo teste ERA para aumentar as chances de implantação.
De acordo com diferentes observações, os resultados proporcionados pelo ERA, desde que ele foi implementado, em 2009, aumentaram significativamente as taxas de gravidez, assim como os de pacientes com prognósticos ruins após o tratamento de infertilidade, como idade materna avançada ou abortos recorrentes.
No entanto, os índices indicam resultados de pacientes com o útero e espessura endometrial normais, embora o teste também possa ser realizado quando o endométrio não atinge a espessura ideal (endométrio atrófico), ainda que, nesse caso, os resultados sejam menos precisos.
O teste Era geralmente é indicado para pacientes com histórico de falha de implantação repetida (RIF) nos tratamentos por FIV, quando não ocorre após três tentativas, mesmo que os embriões tenham uma boa qualidade morfológica e genética.
Também pode ser indicado nos casos em que mulheres com útero morfologicamente normal e espessura endometrial adequada têm falhas repetidas. A falha de implantação é considerada o principal fator de infertilidade sem causa aparente (ISCA), da mesma forma que é a principal responsável pelos casos em que o tratamento por FIV é malsucedido.
Alterações cromossômicas como a aneuploidia; uterinas, entre elas o endométrio fino; fatores imunológicos; defeitos espermáticos; e distúrbios genéticos também podem diminuir a receptividade endometrial, resultando em falhas repetidas de implantação e, consequentemente, em abortamento recorrente.
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