São chamados ovários as gônadas dos seres humanos do sexo feminino – glândulas sexuais, responsáveis pela formação dos gametas ou células reprodutivas: os óvulos e os espermatozoides. Os ovários estão em pares, situados um de cada lado do útero e ligados a ele pelas tubas uterinas. Sem os ovários a mulher seria infértil e teria distúrbios hormonais.
Além de ser o local de maturação das células reprodutivas femininas, os ovários também participam do metabolismo e produção dos hormônios sexuais, especialmente progesterona, estrogênios e androgênios, como a testosterona.
Nas mulheres, a produção da testosterona é de 7 a 8 vezes menor do que nos homens, mas mesmo assim é um hormônio central para sua saúde. Concentrações séricas rebaixadas de testosterona causam redução do desejo sexual, diminuição da sensação de bem-estar, fadiga persistente e sem causa aparente, perda de massa óssea, redução da força muscular e diminuição na quantidade de pelos.
Já o excesso de testosterona circulante, normalmente causado pela síndrome dos ovários policísticos (SOP), leva a um quadro de hiperandrogenismo, que inclui sintomas como hirsutismo (excesso de pelos), aparecimento de pelos em locais tipicamente masculinos, aumento da libido, acne e alopecia (queda acentuada de cabelo).
Quer conhecer melhor os sintomas da SOP? Acompanhe-nos na leitura deste texto!
A SOP (síndrome dos ovários policísticos) é uma das doenças que causa infertilidade feminina; acredita-se que até 16% das mulheres sejam portadoras de SOP.
De origem endócrina, a SOP já foi considerada uma doença do aparelho reprodutor feminino, mas hoje é vista como uma patologia metabólica, já que os efeitos do aumento de androgênios têm reflexos também no sistema cardiovascular e endócrino como um todo.
Na SOP, a mulher apresenta problemas na secreção das gonadotrofinas: hipersecreção de LH e hipossecreção de FSH. Essa dinâmica alterada leva as células da teca, uma região do folículo ovariano, a produzirem mais testosterona que o normal e, ao mesmo tempo, inibe as enzimas que transformam a testosterona em andrógenos.
O aumento dos andrógenos associado à diminuição dos estrogênios provoca uma reação de retroalimentação negativa do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) e, consequentemente, uma parada na ovulação.
Além da infertilidade, esse desequilíbrio provoca outras alterações que incluem o aparecimento de cistos nos ovários e o desenvolvimento de pelos em locais atípicos.
Os cistos ovarianos, bastante característicos da SOP, se formam em decorrência da secreção alterada de GnRH, recruta mais folículos ovarianos que o normal e ao mesmo tempo impede sua maturação, mantendo-os retidos em estágio intermediário de desenvolvimento dentro dos ovários, em formato de cistos.
Pelo menos 50% das mulheres com SOP são obesas, e a maioria apresenta resistência à insulina (intrínseca à SOP e independente da obesidade) e hiperinsulinemia, que podem resultar em diabetes mellitus.
A infertilidade por anovulação é outro sintoma clássico da SOP, afetando até 75% das mulheres portadoras da doença. A infertilidade se manifesta principalmente por episódios relevantes de amenorreia (ausência de menstruação por 90 dias ou mais) e oligomenorreia (ocorrência de menos de 9 ciclos menstruais em um ano).
Quando esses sintomas são ausentes, a mulher costuma dar início à investigação da SOP ao tentar engravidar sem sucesso. Essa é, porém, uma doença com consequências psicológicas que vão além da possível frustração da dificuldade de gestação.
O aumento da testosterona costuma manifestar-se em hiperandrogenismo em até 80% das mulheres portadoras de SOP, que passam a apresentar alterações físicas que incluem aumento do crescimento de pelos, que também aparecem em locais tipicamente masculinos (hirsutismo) em até 75% das portadoras, acne em cerca de 30% e alopecia em até 40% dessas mulheres.
Esses sintomas, além de indicarem a presença da doença, também causam incômodos estéticos que podem levar à depressão e sensação de rejeição social. Além disso, a intensidade do hiperandrogenismo está associada à obesidade ou sobrepeso, já que o tecido adiposo é um dos tecidos periféricos em que ocorre parte do metabolismo da testosterona.
A obesidade é, também por isso, um dos fatores de risco mais relevante para a SOP, além da predisposição genética.
A presença de alguns ciclos anovulatórios no período reprodutivo das mulheres, ou seja, ciclos em que não ocorre a liberação do ovócito, é relativamente comum em todas as mulheres, sem uma causa definida.
Na verdade, isso pode acontecer algumas vezes por ano. A anovulação, na SOP, acontece porque os androgênios aumentados tornam os folículos mais sensíveis ao FSH, resultando em uma secreção prematura de estradiol.
O aumento do estradiol fora de hora provoca uma reação de regulação negativa do FSH, ou seja, promove a diminuição da sua secreção e a consequente parada do desenvolvimento dos folículos.
Tendo em vista que a infertilidade é uma consequência grave do quadro de SOP, a escolha do tratamento deve ser feita a partir do desejo ou não que a mulher portadora da doença tem de engravidar.
Se esse desejo não existe, a terapêutica mais difundida tem como objetivo reverter os sintomas físicos de hiperandrogenismo e consiste na administração de contraceptivos orais combinados, que regularizam as concentrações dos hormônios sexuais LH, FSH, progesterona, estrogênios e androgênios. O tratamento exige tempo e acompanhamento até que o metabolismo normal desses hormônios esteja restaurado.
Quando a mulher, porém, demonstra desejo de engravidar apresenta o desejo de gestar, uma série de medidas diferentes podem ser tomadas, incluindo a estimulação farmacológica da ovulação associada ao uso de técnicas de RA (Reprodução Assistida).
A relação sexual programada (RSP), feita com a estimulação ovariana, é uma técnica de RA de baixa complexidade cujo sucesso em quadros menos severos de SOP é alto, sendo, por isso, a primeira opção de tratamento para as mulheres portadoras de SOP que desejam engravidar.
É importante apenas lembrar que, como o risco de gravidez múltipla aumenta com o uso dos indutores de ovulação, é necessário acompanhar o processo com monitoramento ultrassonográfico. Caso mais de 3 folículos se desenvolvam, o ciclo geralmente é cancelado.
A RSP, no entanto, não é indicada para mulheres que tenham algum problema nas tubas uterinas ou já tenham ultrapassado os 35 anos de idade.
As mulheres portadoras de SOP, agora com enfoque para as que possuem a patologia em estágio avançado ou que possuem mais de 35 anos, podem recorrer à fertilização in vitro (FIV).
Técnica mais complexa de reprodução assistida, a FIV pode ser indicada para praticamente todas as causas de infertilidade, incluindo a SOP. A estimulação ovariana na FIV tem como objetivo conseguir um número grande de óvulos, portanto as chances de gravidez são altas.
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