Apesar de a vasectomia ser um método frequentemente utilizado para esterilização masculina definitiva, em boa parte dos casos os pacientes manifestam o desejo de restaurar a fertilidade depois de algum tempo. A reversão da vasectomia é o procedimento utilizado quando isso acontece e pode ser realizada mediante técnicas cirúrgicas.
Para que a reversão seja bem-sucedida, entretanto, alguns critérios são fundamentais. O principal deles é o tempo decorrido da vasectomia. Ou seja, quanto menor, maiores são as chances de sucesso.
Nos casos em que não foi possível restaurar a fertilidade com a utilização do procedimento, pode-se obter a gravidez pelo tratamento de FIV (fertilização in vitro) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides).
Indicada para infertilidade masculina por fatores graves, na FIV com ICSI os espermatozoides podem ser coletados diretamente do epidídimo ou testículos.
Este texto explica o funcionamento da reversão da vasectomia e sua relação com o tratamento de FIV com ICSI.
Na vasectomia, o transporte dos espermatozoides pelos dutos deferentes é interrompido. Eles continuam a ser produzidos normalmente e permanecem armazenados no epidídimo, duto que os armazena e nutre até que estejam maduros para serem transportados pelos dutos deferentes. Porém, a ejaculação ocorre sem a presença deles.
A reversão da vasectomia é um processo mais complexo do que o de esterilização, uma vez que deve realizar a reconexão das partes que foram separadas. Em alguns casos, as extremidades podem ser conectadas ao epidídimo.
Antes, porém, o homem deve ser submetido a alguns exames, entre eles o espermograma para confirmar se a produção de espermatozoides está normal, além de avaliar critérios como morfologia e motilidade dos gametas ou qualidade seminal.
A cirurgia é realizada por duas técnicas, com ou sem o auxílio de um robô, vasovasostomia ou vasoepididimostomia, indicadas de acordo com cada caso. Ambas são minimamente invasivas e utilizam um microscópio cirúrgico que possibilita a ampliação em até 40 vezes dos dutos deferentes.
O procedimento geralmente é realizado em ambiente hospitalar e requer anestesia local ou geral. Durante a cirurgia é feita uma pequena incisão na bolsa testicular para expor os testículos e dutos deferentes. Ao final, os testículos são recolados e as camadas suturadas.
A vasovasostomia é indicada quando há presença de espermatozoides no fluído seminal armazenado nos dutos deferentes, uma vez que o procedimento prevê a reconexão das extremidades anteriormente cortadas, permitindo a passagem dos espermatozoides.
No entanto, obstruções provocadas pelo tecido cicatricial resultante da vasectomia podem bloquear o fluxo dos gametas. Nesse caso, para contornar o bloqueio, o método mais indicado é a vasoepididimostomia. Um pouco mais complexo, prevê a conexão dos dutos deferentes diretamente ao epidídimo.
Algumas vezes, cada procedimento pode ser realizado em um testículo diferente.
A maioria dos homens pode retornar à rotina normal após uma semana, embora a relação sexual deva ser retomada apenas depois de três semanas. Durante o período de recuperação é aconselhado o uso de um suporte atlético.
A reversão da vasectomia raramente provoca complicações sérias, no entanto pode ocorrer sangramento no interior da bolsa testicular, causando hematoma, inchaço e dor nos testículos. Há ainda o risco de infecção, comum aos procedimentos cirúrgicos.
A presença dos espermatozoides no sêmen ejaculado tende a ser normalizada entre quatro meses e um ano, e a cirurgia de reversão é bem-sucedida na maioria dos casos. Porém, nem sempre a gravidez ocorre. Se não houver sucesso, a indicação passa a ser o tratamento por FIV com ICSI.
Na FIV, os espermatozoides podem ser recuperados do epidídimo ou dos testículos. Para recuperá-los do epidídimo, são utilizadas as técnicas PESA, aspiração percutânea de espermatozoides do epidídimo, e MESA, aspiração microcirúrgica de espermatozoides do epidídimo.
Na PESA, a recuperação é feita diretamente do epidídimo com a utilização de uma agulha conectada a uma seringa. Na MESA, os testículos são expostos para que os túbulos epididimários sejam avaliados com o auxílio de um microscópio, possibilitando a identificação dos que contenham maior quantidade de líquido seminal para serem aspirados.
Para recuperar os espermatozoides dos testículos, são utilizadas as técnicas TESE, extração de espermatozoides dos testículos, e Micro-TESE, extração de espermatozoides testicular microcirúrgica. Em ambas, os espermatozoides são extraídos por biópsia do tecido testicular.
Na TESE, entretanto, são coletados a olho nu fragmentos dos túbulos seminíferos para serem analisados. Já a Micro-TESE é realizada com a utilização de um microscópio operacional, que permite aumentar em até 25 vezes os túbulos seminíferos e facilitar a coleta.
Depois de coletados, os gametas passam por um processo chamado preparo seminal, que seleciona os melhores espermatozoides para fecundar o óvulo. Como na FIV com ICSI cada espermatozoide é injetado dentro do citoplasma do óvulo, mesmo uma quantidade pequena de espermatozoides é suficiente para conseguir a gravidez.
Outras técnicas complementares podem ser indicadas e utilizadas normalmente no processo de FIV, como o teste genético pré-implantacional (PGT), o teste de receptividade endometrial (ERA), hatching assistido, entre outros.
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