Uma das principais etapas dos tratamentos de reprodução assistida como a inseminação intrauterina (IIU) e a FIV (fertilização in vitro), o preparo seminal tem como propósito a seleção dos melhores gametas masculinos com a utilização de métodos, definidos após a análise inicial realizada em amostras de sêmen.
Os espermatozoides são produzidos nos túbulos seminíferos, localizados nos testículos, e posteriormente são incorporados ao fluido seminal produzido pelas vesículas seminais e pela próstata para formar o sêmen ejaculado.
Embora milhares de espermatozoides sejam ejaculados, naturalmente é selecionado pelo aparelho reprodutor feminino apenas o mais saudável para fecundar o óvulo.
As técnicas de preparo seminal possibilitam capacitar o rendimento dos gametas masculinos, selecionando, dessa forma, os mais saudáveis e, ao mesmo tempo, eliminando os que que possuem menor qualidade.
Este texto aborda o preparo seminal, explica como a análise do sêmen é realizada e o funcionamento das principais técnicas utilizadas para realização do procedimento.
O procedimento inicia com a coleta do sêmen, realizada na própria clínica de reprodução assistida, por masturbação em recipientes adequados para evitar contaminação da amostra. Geralmente duas amostras são coletadas e mantidas em temperatura ideal até serem analisadas.
A análise considera aspectos macroscópicos e microscópicos. Os macroscópicos incluem critérios da qualidade seminal, como pH, cor, volume, viscosidade e liquefação, assim como detecta substâncias presentes no sêmen que podem ser prejudiciais ao organismo feminino.
Já os critérios microscópicos avaliam os gametas masculinos: concentração, morfologia e motilidade, classificada em três tipos: progressiva, quando o espermatozoide move ativamente e linearmente em um grande círculo, não progressiva, quando ele move apenas em pequenos círculos sem progredir no movimento e imobilidade, quando nenhum espermatozoide se movimenta.
Para definir os aspectos morfológicos, por outro lado, eles são analisados por região: cabeça, pescoço e cauda. Então são classificados de acordo com os defeitos de cada uma.
A partir dos resultados apontados pela análise, é definida a técnica mais adequada para o preparo seminal.
Atualmente, as mais utilizadas são a lavagem simples, a migração ascendente (swim-up) e o gradiente descontínuo de densidade. Veja como cada uma funciona e quando é recomendada:
Quando as amostras são de maior qualidade, a técnica utilizada é a lavagem simples. Como o nome indica, é um procedimento básico, que prevê a centrifugação das amostras, duas vezes, em um meio de lavagem, selecionando, dessa forma, os gametas com maior motilidade.
Na migração ascendente, critérios dos espermatozoides como morfologia e motilidade devem estar dentro dos padrões considerados normais, pois a técnica se baseia na capacidade de o espermatozoide nadar da amostra de sêmen, depositada no fundo do recipiente, para o meio de cultura, no topo: com a força de centrifugação, os espermatozoides de melhor qualidade se desprendem, nadam para a superfície e ficam armazenados no meio de cultura.
O gradiente descontínuo normalmente é indicado quando a amostra tem parâmetros escassos de concentração, motilidade ou morfologia. A técnica prevê a aplicação de uma força centrífuga nos espermatozoides para que eles vençam gradientes de densidades diferentes.
A amostra é posicionada no topo da mídia de densidade. Durante a centrifugação, os espermatozoides estratificam em diferentes camadas do gradiente, de acordo com a sua densidade. Os com melhor morfologia e motilidade, de maior densidade, formam um sedimento no fundo do tubo, enquanto os espermatozoides anormais estratificam na camada superior.
As técnicas possibilitam a recuperação de um percentual bastante expressivo de espermatozoides de maior qualidade, de acordo com cada caso.
Por outro lado, quando a análise seminal indica que os espermatozoides não estão presentes no sêmen ejaculado, condição conhecida como azoospermia, o tratamento mais indicado é a FIV, que possibilita a recuperação deles do epidídimo ou dos testículos, por diferentes abordagens cirúrgicas minimamente invasivas ou punção.
Para recuperá-los do epidídimo, duto que armazena e transporta os espermatozoides durante seu amadurecimento até que eles tenham maior motilidade, são utilizadas as técnicas PESA e MESA.
PESA é a coleta de espermatozoides com a utilização de uma agulha fina, conectada a uma seringa, enquanto a MESA é realizada com o auxílio de um microscópio, que ajuda a identificar os túbulos epididimários com maior quantidade de líquido seminal para serem aspirados.
A recuperação dos testículos, por outro lado, é feita por biópsia aberta, para que eles sejam expostos e os túbulos seminíferos, local em que são produzidos, extraídos. As técnicas utilizadas são TESA, TESE e Micro-TESE.
A TESA é uma técnica semelhante à PESA, mas é realizada nos testículos. A TESE prevê uma incisão na bolsa testicular para expor os testículos e extrair os túbulos seminíferos que podem conter espermatozoides. A Micro-TESE se diferencia da TESE por ser realizada com o auxílio de um microscópio, que permite melhor avaliação dos túbulos seminíferos, da mesma forma que identifica os focos de espermatogênese, processos pelo qual os espermatozoides são formados.
A quantidade de espermatozoides recuperados é bastante expressiva em todos os procedimentos.
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