Embora alguns dos órgãos reprodutivos da mulher desempenhem funções mais ativas durante cada ciclo reprodutivo, a fertilidade feminina como um todo depende da integridade de todas as estruturas deste sistema: ovários, útero e as tubas uterinas.
O papel dessas estruturas está intimamente conectado: enquanto os ovários mediam a dinâmica hormonal da fertilidade e disponibilizam células reprodutivas (óvulos) para a fecundação, as tubas uterinas sediam a própria fecundação e toda a gestação acontece no útero, após a implantação embrionária.
Para que a mulher engravide por vias naturais é imprescindível que o interior das tubas uterinas esteja livre, tanto para que a fecundação aconteça, como para que o embrião consiga chegar ao útero para dar início à gestação.
A obstrução das tubas uterinas pode ser uma consequência grave de algumas doenças, com potencial para prejudicar de forma permanente as chances de uma gravidez por vias naturais.
Mesmo no contexto da reprodução assistida, somente a FIV (fertilização in vitro) pode ser indicada para reverter a fertilidade em caso de obstrução das tubas uterinas, como veremos no texto a seguir.
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As tubas uterinas são estruturas duplas e bilaterais, que conectam o fundo do útero aos ovários, estruturas também duplas e bilaterais. Em linhas gerais, as principais funções das tubas uterinas são:
As tubas uterinas são formadas antes do nascimento da mulher, por transformações associadas à estruturação do útero, com a fusão parcial dos ductos de Müller: enquanto o trecho desses ductos que se funde forma o útero, as extremidades que permanecem independentes formam as tubas uterinas.
Após a puberdade, com o amadurecimento do aparelho reprodutivo das mulheres, as tubas uterinas apresentam um comportamento muscular com peristaltismo e a passagem no interior dessas estruturas passa a ser revestida por células mucosas com cílios.
As mudanças morfológicas das tubas uterinas têm como objetivo favorecer a retenção de espermatozoides para a fecundação, além de auxiliar a condução do embrião para o interior do útero.
Devido ao papel fundamental das tubas uterinas tanto para a fecundação, como para a chegada do embrião ao útero, qualquer alteração que leve à obstrução das tubas uterinas pode provocar problemas para engravidar por vias naturais.
Nestes casos, a infertilidade pode acontecer porque a obstrução das tubas uterinas atrapalha o encontro entre óvulo e espermatozoide para a fecundação, mas também dificultando a saída do embrião para o interior da cavidade uterina, o que provoca gestação ectópica.
Enquanto nos casos de obstrução das tubas uterinas em que a fecundação é impedida a infertilidade se manifesta como dificuldade para engravidar, na gestação ectópica a mulher passa obrigatoriamente por um abortamento espontâneo e pode sofrer danos permanentes nas tubas uterinas.
As duas principais doenças associadas à obstrução das tubas uterinas são a hidrossalpinge e a endometriose em que a mulher apresenta focos aderidos às tubas e ao peritônio que reveste estas estruturas.
A hidrossalpinge é o quadro de inflamação das tubas uterinas, normalmente provocado por ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), que ascendem do endométrio e do canal vaginal. Em alguns casos a hidrossalpinge pode não ser infecciosa, estando normalmente associada a procedimentos cirúrgicos tubários recentes.
Já a endometriose é uma doença em que se observa o aparecimento de focos de endométrio fora da cavidade uterina, seu local de origem. Como os implantes respondem à atividade dos estrogênios naturais do ciclo reprodutivo disparando processos inflamatórios locais, os implantes aderidos às tubas uterinas também levam à inflamação dessas estruturas.
A inflamação das tubas leva à formação de edema local e o inchaço tende a diminuir o diâmetro da passagem no interior dessas estruturas, provocando a obstrução das tubas uterinas.
Nos casos de hidrossalpinge infecciosa é comum que a mulher apresente sintomas prévios à obstrução das tubas uterinas, decorrentes das infecções primárias que originaram o quadro tubário. Corrimento de cor e odor alterado, dispareunia (dor durante as relações sexuais) e sangramentos anormais e dolorosos podem ser os principais sintomas dessas doenças.
Da mesma forma, a endometriose tubária pode provocar o aparecimento dos sinais gerais da endometriose, principalmente dor pélvica e alterações no período menstrual, além de dificuldade para engravidar.
Nos casos assintomáticos normalmente a mulher somente busca diagnóstico quando dá início às tentativas para engravidar e encontra dificuldades.
A identificação da obstrução das tubas uterinas é feita por exames de imagem, como a ultrassonografia pélvica, mas principalmente a histerossalpingografia – uma modalidade de radiografia pélvica com o preenchimento do útero por contraste.
Em algumas situações, a obstrução das tubas uterinas pode ser abordada por tratamentos primários, como a administração de antibióticos e antivirais que combatem a hidrossalpinge, nos casos infecciosos, mas na maior parte dos casos a mulher costuma receber indicação para reprodução assistida.
Mesmo com a possibilidade de ressecção tanto dos implantes endometrióticos que se instalam nas tubas, como das possíveis cicatrizes deixadas pelos processos infecciosos que podem tornar a obstrução permanente, a delicadeza das tubas uterinas pode diminuir as chances de sucesso desses procedimentos na reversão da infertilidade.
A única técnica de reprodução assistida em que é possível contornar a obstrução das tubas uterinas é a FIV, que possibilita a fecundação em laboratório, com células reprodutivas masculinas e femininas obtidas por coleta, e a posterior transferência dos embriões diretamente para a cavidade uterina.
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