Culturalmente, a dor pélvica é um sintoma bastante normalizado, especialmente entre as mulheres que frequentemente acham normal sentir dor, por exemplo, durante o período menstrual – o que chamamos popularmente de cólicas menstruais.
No entanto, cientificamente, a dor é quase sempre um sintoma desencadeado por alterações prejudiciais ao corpo – e essa definição inclui a dor pélvica, em suas diversas formas – e por isso um sinal que não deve ser ignorado.
Além do incômodo desses sintomas dolorosos, as doenças e condições que podem provocar dor pélvica estão frequentemente associadas a quadros que incluem também dificuldades para engravidar, aborto de repetição e infertilidade.
Continue conosco na leitura do texto a seguir e entenda melhor o que é a dor pélvica e como este sintoma pode estar associado à infertilidade feminina.
A região pélvica é uma área específica da cavidade abdominal, localizada entre a região umbilical e as virilhas, que contém alguns órgãos do aparelho gastrointestinal e urinário, nervos, músculos e todas as estruturas do sistema reprodutivo.
Mais especificamente, estes são os órgãos que a cavidade pélvica abriga:
Quando a mulher apresenta dor na região pélvica, frequentemente este é um sinal que sugere problemas sobre a integridade anatômica ou fisiológica das estruturas relacionadas anteriormente.
Pode se manifestar de forma contínua – e nestes casos o quadro pode ser crônico – ou abruptamente (dor pélvica aguda); pontual ou irradiando para as costas e abdômen como um todo.
A dor pélvica também pode estar relacionada ao período menstrual e à atividade sexual, além dos casos associados ao momento da micção ou defecação. Dependendo das causas da dor pélvica, o sintoma doloroso pode adquirir aspectos específicos.
A dor pélvica, então, normalmente é provocada pelo mau funcionamento de uma ou mais estruturas aí localizadas. Nesse sentido, a ocorrência de processos inflamatórios nessas estruturas é uma das principais causas de dor pélvica.
Entre as enfermidades inflamatórias associadas à dor pélvica, as doenças estrogênio-dependentes – como endometriose, adenomiose, miomas uterinos e pólipos endometriais – são as mais prevalentes entre as mulheres em idade reprodutiva
De forma geral, todas essas doenças levam à formação de massas celulares anormais, que desencadeiam processos inflamatórios, associados à atividade dos estrogênios do ciclo reprodutivo, nas estruturas em que estão aderidas.
A adenomiose, os miomas uterinos e os pólipos endometriais, por sua localização no útero, têm como principal sintoma doloroso a dismenorreia, que é uma forma de dor pélvica típica do período menstrual.
A endometriose também pode provocar dismenorreia – contudo, as massas celulares na endometriose se desenvolvem sempre aderidas a estruturas extrauterinas, ou seja, fora do útero.
Nesse sentido, a doença pode provocar outras formas de dor pélvica, como dor ao evacuar e ao urinar, quando os implantes estão aderidos aos intestinos, à bexiga e às estruturas associadas a estes órgãos.
A dispareunia – dor, com ou sem sangramento, durante a atividade sexual – também é considerada uma forma de dor pélvica e pode ser resultado da atividade de doenças estrogênio-dependentes, especialmente quando as massas celulares estão próximas ao colo do útero.
Além das doenças estrogênio-dependentes, a dor pélvica também pode ter origens externas, como a infecção por microrganismos que acessam a cavidade pélvica pela uretra, ânus e canal vaginal, e podem se alojar nas estruturas conectadas a estas portas de entrada.
As principais causas infecciosas de dor pélvica, nestes casos, são:
A dor pélvica frequentemente está acompanhada de outros sintomas, como mudanças no período e no fluxo menstrual, aborto de repetição, alterações no aspecto da urina e das fezes, além da presença de secreções incomuns e corrimento com cor e odor anormais.
A dor pélvica está frequentemente associada ao risco de infertilidade por ser um sintoma comum às doenças que afetam os órgãos do aparelho reprodutivo, localizados integralmente na cavidade pélvica.
Das condições mencionadas anteriormente, os miomas uterinos, pólipos endometriais e adenomiose são doenças que provocam dor pélvica e estão associadas à infertilidade por prejudicar a receptividade do útero para o embrião.
Nesse sentido, essas doenças podem estar envolvidas em quadros de aborto de repetição e perdas gestacionais mais tardias, além da dificuldade para engravidar, provocada por falhas na implantação embrionária.
Como a endometriose também pode produzir implantes nos ovários, em forma de cistos – os endometriomas –, a infertilidade também pode ser causada por um quadro de anovulação e pela redução da reserva ovariana, nesses casos.
A dor pélvica causada por processos infecciosos, como nas ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) também oferecem risco de infertilidade quando se instalam nos órgãos do aparelho reprodutivo.
Na endometrite, a infertilidade também está associada a problemas na receptividade uterina e falhas na implantação embrionária, enquanto na salpingite a atividade microbiana pode provocar a obstrução das tubas, impedindo a fecundação.
Se a infecção atinge os ovários (ooforite), além do risco de comprometimento permanente da função reprodutiva pelos danos à reserva ovariana, a doença também pode causar anovulação (ausência de ovulação).
É sempre importante ressaltar que não há normalidade em sentir dor, inclusive as diversas formas de dor pélvica, já que muitas mulheres ainda acreditam que este sintoma é normal, principalmente em um conjunto específico de situações, como durante o período menstrual.
Assim, a busca por atendimento médico – para realização de exames e fechamento de um diagnóstico que justifique estes sintomas dolorosos – é o primeiro e mais importante passo a ser dado quando a mulher sente dor pélvica.
Exames laboratoriais, como testagens para ISTs, hemograma e dosagens hormonais, costumam ser solicitados para investigar as causas de dor pélvica, além dos exames de imagem, principalmente a ultrassonografia pélvica.
Embora em alguns casos, a infertilidade feminina associada à dor pélvica possa ser tratada por abordagens primárias – como antibióticos e antivirais, anti-inflamatórios e medicação hormonal – a reprodução assistida também é uma opção para reverter esse quadro.
No entanto, a reprodução assistida não atua sobre os sintomas dolorosos dessas doenças, lidando apenas com a infertilidade, nestes casos. A técnica mais adequada para cada situação depende diretamente das doenças por trás da dor pélvica.
A FIV (fertilização in vitro) é a técnica de reprodução assistida mais complexa e abrangente, e por isso pode ser indicada para praticamente todas as situações de infertilidade, incluindo as doenças e condições associadas à dor pélvica.
Os casos mais leves de endometriose, na ausência de obstrução tubária, também podem receber indicação para técnicas de baixa complexidade – RSP (relação sexual programada) e IA (inseminação artificial).
A infertilidade feminina pode ser uma condição complexa, mas também tratável em muitos casos – leia mais sobre o assunto tocando neste link.
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