Uma técnica que permite sequenciar genomas inteiros ou específicos de uma área de interesse, a NGS, do inglês next generation sequencing (sequenciamento de nova geração), causou um grande impacto na medicina reprodutiva.
De alto rendimento, analisa o sequenciamento de milhões de pequenos fragmentos de DNA, possibilitando a detecção de diferentes doenças genéticas e de anormalidades cromossômicas, considerada uma das principais causas de falhas na implantação do embrião.
Possibilita, ao mesmo tempo, a análise dos genes envolvidos no ciclo endometrial, determinando de forma bastante precisa o período de maior receptividade endometrial para a transferência do embrião. A receptividade endometrial é fundamental para a implantação ser bem-sucedida.
Proporciona também a identificação de bactérias presentes no endométrio que podem levar à endometrite crônica, também associada por diferentes estudos a falhas na implantação e abortamentos recorrentes.
Este texto explica sobre o funcionamento da tecnologia NGS nos tratamentos por FIV (fertilização in vitro).
Veja quais ferramentas de NGS são utilizadas na FIV, quando elas são indicadas e o funcionamento de cada uma:
O teste genético pré-implantacional (PGT) é, atualmente, a única forma de evitar a transmissão de distúrbios genéticos para as futuras gerações. É indicado para pacientes com alto risco de doenças monogênicas (determinadas por um único gene) e anormalidades cromossômicas, independentemente de serem ou não inférteis, desde que submetidos ao tratamento.
O PGT utiliza diferentes métodos para analisar as células embrionárias: o PGT-M para analisar os genes envolvidos em doenças monogênicas e o PGT-A e PGT-SR para detectar anormalidades cromossômicas.
As doenças monogênicas podem ser provocadas por um gene dominante ou recessivo. Quando ele é dominante, as chances de transmissão são de 50%. Quando recessivo, 25%.
Entre as transmitidas por um gene dominante está a acondroplasia, que provoca o desenvolvimento anormal dos ossos resultando em nanismo. Já a fibrose cística é um dos exemplos das transmitidas por genes recessivos. A doença é caracterizada por um distúrbio das glândulas que causa desde o excesso de muco nos pulmões a problemas na absorção de alimentos, ao mesmo tempo que aumenta o risco de alterações no sistema reprodutor masculino.
O PGT-M possibilita ainda a detecção de genes de doenças relacionadas ao cromossomo X, como a hemofilia, caracterizada por problemas de coagulação sanguínea, e a síndrome do cromossomo X frágil, que causa deficiência intelectual e distúrbios cognitivos.
Para analisar alterações cromossômicas, são utilizadas as técnicas PGT-A e PGT-SR. Da mesma forma que são herdadas, podem ocorrer como consequência do avanço da idade, em que há diminuição natural da qualidade de óvulos e espermatozoides.
Entre os problemas mais comuns estão as alterações numéricas, conhecidas como aneuploidia, quando há mais ou menos cromossomos do que o número normal, como a síndrome de Down, em que o cromossomo 21 apresenta uma cópia a mais do que o normal, por isso chamada de trissomia do 21.
Além da aneuploidia resultar em doenças como a síndrome de Down, está associada a baixas taxas de implantação embrionária, a abortos espontâneos e defeitos congênitos.
A partir da realização do teste genético pré-implantacional, é possível selecionar os embriões mais saudáveis para serem transferidos.
O teste Era utiliza a tecnologia NGS para analisar o sequenciamento genético de mais de 200 genes relacionados ao estado de receptividade endometrial. Diferentes condições podem alterar a receptividade endometrial e provocar falhas repetidas de implantação.
A falha repetida de implantação (RIF) é considerada o principal fator motivador de infertilidade sem causa aparente (ISCA), assim como está associada às piores taxas nos tratamentos por FIV.
Na FIV, os níveis hormonais aumentam como consequência dos medicamentos utilizados na estimulação ovariana, afetando a receptividade endometrial. O teste ERA possibilita indicar com precisão o período de receptividade do endométrio, definindo, assim, o melhor momento para que a transferência seja realizada.
O ALICE é um teste que surgiu a partir do ERA. Ele proporciona a detecção e quantificação das bactérias mais comuns associadas à endometrite crônica, auxiliando na indicação do tratamento antibiótico mais adequado para cada caso.
De acordo com diferentes estudos, a endometrite pode afetar cerca de 30% das mulheres com diagnóstico de infertilidade, enquanto a prevalência em pacientes com falhas repetidas de implantação e abortamento recorrente pode ser maior do que 60%.
Complementar ao ALICE, o teste EMMA identifica as 10 bactérias mais abundantes no endométrio com o objetivo de avaliar o equilíbrio da flora endometrial. O estudo do microbioma endometrial, da mesma forma que detecta a presença de bactérias que podem causar endometrite crônica ou outras patologias, identifica o percentual de lactobacilos presentes no endométrio, ajudando a determinar o prognóstico reprodutivo das pacientes.
O ERA, ALICE e EMMA podem ser realizados a partir da coleta de uma única amostra de células endometriais.
A tecnologia NGS também é importante para outras práticas clínicas, entre elas a microbiologia e a oncologia.
Na microbiologia, permitiu a definição dos genomas de diversos patógenos, com o cruzamento de informações, como sensibilidade às drogas e a relação entre os vários agentes infecciosos. Assim, tornou possível o rastreamento dos que provocaram surtos de infecção.
Na oncologia, por outro lado, possibilitou o estudo sistemático dos genomas relacionados aos tipos de câncer, proporcionando diagnóstico e classificação mais precisos da doença e a identificação de possíveis mutações.
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