Histeroscopia para o tratamento de infertilidade

O útero é um órgão oco de aproximadamente 5 cm, apresentando um formato de pera invertida. Ele é constituído de uma cavidade, que é envolta por três camadas de tecido: o endométrio, o miométrio e o perimétrio.

As duas primeiras são frequentemente acometidas por lesões benignas assintomáticas. Entretanto, por serem muito prevalentes na população feminina, elas são uma das principais causas de infertilidade. Felizmente, com o avanço da vídeo-histeroscopia cirúrgicas, o tratamento dessas condições ficou muito mais simples.

Ficou interessada em conhecer esse procedimento? Acompanhe nosso post!

Como é a técnica histeroscópica?

A vídeo-histeroscopia é um dos procedimentos minimamente invasivos disponíveis para o tratamento de diversas afecções ginecológicas. Ela é feita com um aparelho chamado “histeroscópio”, que consiste em uma câmera, um sistema de iluminação e canais para a passagem de instrumentos cirúrgicos.

As imagens são transmitidas a um monitor de alta resolução em tempo real e podem ser ampliadas visualmente. Assim, o médico pode conquistar uma maior assertividade no tratamento das patologias intrauterinas — muitas das quais estão relacionadas com a infertilidade feminina.

A vídeo-histeroscopia pode ser classificada em:

• Ambulatorial — voltada principalmente para o diagnóstico de alterações do canal cervical e da cavidade uterina. Ela é feita com um histeroscópio de menor calibre e pode ser conduzida em ambiente ambulatorial (consultórios e clínicas). Em casos de lesões isoladas e em menor número, a técnica pode auxiliar no tratamento na modalidade que conhecemos como see and treat (ver e tratar);
• Cirúrgica — pode ser utilizada tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento das lesões cervicais e uterinas. Seu histeroscópio apresenta um calibre mais grosso, o que demanda intervenções para a dilatação do colo uterino. É conduzida em ambiente hospitalar, pois demanda anestesia geral ou regional, assim como a reserva de leito hospitalar. Por esse motivo, pode tratar afecções uterinas mais complexas.

A seguir, vamos nos dedicar à histeroscopia cirúrgica, explicando-a com mais detalhe e focando no seu papel no plano terapêutico de casos de infertilidade.

Quais doenças podem acometer o útero e causar a infertilidade?

Pólipos endometriais

São geralmente benignos e se originam da proliferação exagerada, mas localizada, do endométrio. Com isso, surgem lesões em formato de pólipos, os quais podem ser sésseis (bordas fixadas ao endométrio) ou pedunculares (presos ao endométrio por uma haste de tecido).

Os pólipos são uma condição muito prevalente na população feminina, mas usualmente são assintomáticos. Em alguns casos, podem causar um processo inflamatório mais intenso e/ou a obstrução da cavidade uterina, os quais estão relacionados à infertilidade e a abortamentos de repetição.

Adenomiose

A adenomiose ocorre quando o tecido endometrial invade a zona juncional, uma região de aproximadamente 5 mm, a qual separa o endométrio do miométrio. Devido a mutações adquiridas ao longo da vida (principalmente devido a uma maior exposição ao estrogênio), as células endometriais podem se proliferar sem controle e formar bolsas na zona juncional e no endométrio.

Isso provoca sintomas, como a dor pélvica crônica e o sangramento uterino anormal. Por comprometer a fisiologia normal do útero e desencadear uma inflamação local, a adenomiose pode complicar para a infertilidade feminina e para complicações gestacionais mais graves.

Miomas uterinos

Miomas são lesões benignas que se formam a partir do miométrio, a camada muscular do útero. Elas podem crescer em direção à cavidade uterina, causando obstrução e/ou inflamação. Portanto, podem levar à dificuldade para engravidar.

Histeroscopia e o tratamento da infertilidade

Essas lesões são difíceis de tratar clinicamente com o objetivo de recuperação da fertilidade. Portanto, quando a paciente tem vontade de engravidar, as cirurgias são frequentemente indicadas em associação à reprodução assistida.

Veja algumas indicações da vídeo-histeroscopia cirúrgica em casos de infertilidade:

• Remoção de pólipos endometriais, pois a histeroscopia facilita a separação da parede uterina;
• Miomectomia, a retirada de miomas, que é recomendada quando essas lesões são maiores do que três centímetros. Na histeroscopia, podemos ter uma melhor distinção entre o tecido saudável e a lesão, reduzindo o risco de danos ao útero;
• Aderências intrauterinas, que geralmente se formam em consequência de inflamações na cavidade uterina devido a cirurgias ginecológicas, aos pólipos uterinos, aos miomas, à adenomiose, à endometriose, entre outras possibilidades. Elas causam uma obstrução da cavidade uterina e reduzem a receptividade endometrial. A ablação (“destruição”) das aderências deve ser feita preferencialmente com a vídeo-histeroscopia cirúrgica;
• Afecções tubárias. Com o avanço da vídeo-histeroscopia, podemos abordar também as tubas uterinas com o procedimento de forma mais segura. Assim, pode-se realizar a desobstrução de lesões que causam a obstrução interna do canal tubário;
• Malformações congênitas, como o útero septado. Com a técnica, podemos retirar o tecido que separa a cavidade uterina e prejudica a implantação do embrião;
• Retirada de dispositivos intrauterinos (DIU) retidos e outros corpos estranhos.

Em muitos casos, a vídeo-histeroscopia para o tratamento dessas condições é suficiente para recuperar a fertilidade natural da mulher. Quando não há uma boa resposta ao tratamento ou houver outras causas de infertilidade associadas, a reprodução assistida pode ser utilizada. A escolha da técnica dependerá da avaliação individual de cada caso.

Quer saber mais sobre a histeroscopia e como ela é feita? Confira nosso artigo completo sobre o tema!