O aparelho reprodutor feminino é uma complexa associação de três principais estruturas: o útero, os ovários e as tubas uterinas. Esses órgãos interagem entre si e com o sistema nervoso central principalmente pela atividade dos hormônios sexuais e todos os eventos que envolvem a reprodução humana, do ponto de vista feminino, partem dessa dinâmica.
Nesse sentido, o papel das tubas uterinas é essencial.
Consideradas estruturas bilaterais e que conectam os dois ovários ao útero, as tubas uterinas são formadas ainda no período embrionário, pelos mesmos processos envolvidos na formação do útero: a fusão parcial dos ductos de Müller. As tubas são resultado das porções dessas estruturas que não se fundem.
Por seu posicionamento, os três principais papéis das tubas uterinas são receber o óvulo após a ovulação, sediar a fecundação e conduzir o embrião em seus primeiros estágios de desenvolvimento ao útero.
A hidrossalpinge, assim como a maior parte das comorbidades que afetam as tubas uterinas podem oferecer riscos variados à fertilidade das mulheres, chegando inclusive a inviabilizar a gestação.
Quer saber mais sobre a relação entre a hidrossalpinge e a infertilidade feminina? Então continue conosco na leitura deste texto e aproveite!
Em linhas gerais a hidrossalpinge é um quadro em que uma ou ambas as tubas uterinas são acometidas por processos inflamatórios que provocam a formação de uma região de edema (inchaço), em que há um evidente acúmulo de líquido ao redor ou no interior das tubas.
O edema é resultado de um aumento na permeabilidade dos vasos sanguíneos de determinado tecido para facilitar a chegada de células imunológicas (de defesa) aos locais lesionados.
O acúmulo de líquido que provoca edema é, na realidade, um sintoma comum à maior parte dos processos inflamatórios do corpo humano, como uma resposta do sistema imunológico a qualquer tipo de agressão celular ou tecidual.
No caso da hidrossalpinge, as lesões são mais frequentemente causadas por infecções – inclusive ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) –, embora o quadro também possa se instalar após procedimentos cirúrgicos nas tubas.
Os casos infecciosos podem ter início em outras estruturas, como o endométrio, que é mais próximo ao colo do útero e canal vaginal, por onde normalmente esses microrganismos ascendem.
As ISTs, especialmente em estágios iniciais, podem não manifestar sintomas claros, embora a infertilidade possa ser um sinal dessas infecções, mesmo pouco tempo após a contaminação.
Levando em consideração as três funções principais das tubas uterinas – receber o óvulo após a ovulação, sediar a fecundação e conduzir o embrião para a nidação – podemos deduzir que qualquer alteração nas tubas pode prejudicar a fertilidade em alguma medida.
Mais especificamente, o edema formado na hidrossalpinge tem capacidade para obstruir a passagem no interior das tubas uterinas – o que pode ser determinante para interromper a execução de todas as funções tubárias.
Além disso, o processo inflamatório e a própria infecção que levam à hidrossalpinge alteram o ambiente celular e bioquímico das tubas e podem prejudicar a integridade tanto do óvulo, após a ovulação, como dos espermatozoides e o próprio embrião, caso a fecundação aconteça.
Nesses casos, ainda, a hidrossalpinge favorece a ocorrência de gestação ectópica, quando o embrião se forma nas tubas, mas não consegue chegar ao útero e faz uma nidação extrauterina.
É importante lembrar que toda gestação ectópica resulta em abortamento e dependendo de alguns detalhes, também pode levar à perda das tubas – o que também contribui para quadros de infertilidade.
Embora, como comentamos, muitos casos de infecções sexualmente transmissíveis que podem levar à hidrossalpinge sejam assintomáticos – tanto em seus estágios iniciais, como após a instalação da infecção nas tubas –, em tantos outros a mulher pode desenvolver sintomas típicos do tipo de IST que levou à hidrossalpinge desde o início.
Os sintomas das ISTs que podem estar envolvidas nestes quadros variam pouco e podem ser resumidos na lista a seguir:
Na presença de quaisquer desses sinais é importantíssimo que a mulher busque atendimento médico e tratamento o mais rápido possível, já que a infecção pode não somente afetar outras estruturas reprodutivas, comprometendo a fertilidade, mas também pelos riscos de infecção generalizada e sepse.
O diagnóstico para hidrossalpinge é feito majoritariamente por exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal e a histerossalpingografia, precedidos de avaliações laboratoriais que avaliem a presença ou não de microrganismos associados à hidrossalpinge.
Os exames laboratoriais são essenciais para delinear os tratamentos, já que a escolha da abordagem antibiótica depende da identificação dos microrganismos envolvidos na infecção.
Já os exames de imagem podem comprovar a obstrução tubária, esclarecendo os motivos pelos quais a mulher apresenta infertilidade, além de avaliar os resultados do tratamento, após a erradicação da infecção e do processo inflamatório, e da reversão da infertilidade em cada caso.
Além do tratamento antibiótico, a hidrossalpinge também pode receber uma abordagem diretamente anti-inflamatória, tanto para o controle dos sintomas dolorosos como para a redução do edema associado à hidrossalpinge.
A reprodução assistida costuma ser indicada para os casos em que o tratamento antibiótico para as causas da hidrossalpinge elimina a infecção, mas não consegue reverter a infertilidade a tempo. A atividade microbiana nas tubas pode deixar cicatrizes em forma de aderências que mantém as estruturas tubárias obstruídas.
Nesse sentido, entre as técnicas de reprodução assistida disponíveis atualmente, somente a FIV (fertilização in vitro) pode ser aplicada em casos de obstrução tubária.
Isso porque a FIV é a única técnica que realiza a fecundação fora do corpo da mulher, com a posterior transferência dos embriões diretamente para o útero, dispensando totalmente o papel das tubas.
Além da obstrução tubária, a FIV também pode ser indicada para praticamente todos os casos de infertilidade feminina.
Leia mais sobre a infertilidade feminina tocando neste link.
Agradecemos a sua leitura, aproveite e compartilhe© 2024 ART MEDICINA S.A CNPJ: 17.109.145/0001-28. Todos os direitos reservados.
O conteúdo deste site foi elaborado pela equipe da Clínica Art Medicina e as informações aqui contidas tem caráter meramente informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico, somente ele está habilitado a praticar o ato médico, conforme recomendação do Conselho Federal de Medicina. Todas imagens contidas no site são meramente ilustrativas e foram compradas em banco de imagens, não envolvendo imagens de pacientes.
Diretor Técnico: Marcelo Giacobbe - CRM 62588