As técnicas de reprodução assistida são consideradas o tratamento padrão para os problemas de fertilidade, femininos e masculinos. As três principais são a relação sexual programada (RSP) e a inseminação intrauterina (IIU), de baixa complexidade, e a FIV (fertilização in vitro), de alta complexidade.
Nas técnicas de baixa complexidade, a fecundação acontece naturalmente, nas tubas uterinas e por isso são indicadas para problemas de fertilidade de menor gravidade. Já na FIV, óvulos e espermatozoides são fecundados em laboratório e os embriões formados posteriormente transferidos para útero. É a técnica mais adequada quando há problemas de fertilidade de maior gravidade.
Embora a FIV seja considerada a principal técnica de reprodução assistida e a que possui os maiores percentuais de sucesso, as chances de uma gravidez gemelar também são maiores quando comparada às técnicas de baixa complexidade.
Continue a ler este texto para entender como a FIV funciona o porquê de as chances de gravidez gemelar serem maiores.
A FIV é realizada em cinco diferentes etapas: estimulação ovariana e indução da ovulação, punção folicular e coleta do sêmen, fecundação, cultivo embrionário e transferência do embrião. Saiba como cada uma delas funciona:
1. Estimulação ovariana e indução da ovulação: a estimulação ovariana é um procedimento realizado com o objetivo de estimular o desenvolvimento de mais folículos, bolsas que contém os óvulos, obtendo, assim, mais óvulos para a fecundação. Na FIV o objetivo é obter pelo menos 10 óvulos para garantir que um número maior de embriões seja formado.
Para isso, são administrados medicamentos hormonais semelhantes aos naturais no início do ciclo menstrual. Exames de ultrassonografia acompanham o desenvolvimento dos folículos e indicam o momento ideal para que eles sejam induzidos ao amadurecimento final e à ovulação, também por medicamentos hormonais.
2. Punção folicular e coleta do sêmen: a ovulação pode ocorrer entre 36 e 40 horas. Durante esse período os folículos maduros são coletados por punção folicular e em seguida, preparados em laboratório para a extração dos óvulos.
Simultaneamente o sêmen é coletado e as amostras submetidas ao preparo seminal, técnica que utiliza diferentes métodos para capacitar os espermatozoides selecionando, dessa forma, os que possuem melhor motilidade (movimento) e morfologia (forma) para fecundação.
3. Fertilização: os gametas selecionados são fecundados em laboratório. Atualmente, o método mais adotado é a FIV com ICSI, injeção intracitoplasmática de espermatozoides. Nele, com a utilização de um microscópio de alta resolução os espermatozoides são novamente avaliados individualmente e injetados posteriormente diretamente no citoplasma do óvulo por um aparelho chamado micromanipulador de gametas.
4. Cultivo embrionário: os embriões obtidos pela fecundação dos gametas podem ser cultivados em laboratório por até seis dias antes de serem transferidos para o útero.
5. Transferência dos embriões: a transferência dos embriões pode ser realizada em duas fases de desenvolvimento: D3, no segundo ou terceiro dia e blastocisto, ou D5 (blastocisto), no quinto ou sexto dia. Estudamos qual a fase mais indicada caso a caso.
A estimulação ovariana é uma etapa comum a todas as técnicas de reprodução assistida. No entanto, nas de baixa complexidade, as dosagens dos medicamentos hormonais são mais baixas com o propósito de obter até 3 óvulos maduros.
Na relação sexual programada, após a estimulação ovariana os exames de ultrassom determinam o período de maior fertilidade para que a relação sexual seja intensificada.
Assim, embora o desenvolvimento de mais folículos seja estimulado, as chances de apenas um romper são bastante expressivas, da mesma forma que entre os milhares de espermatozoides ejaculados, como na gestação natural, geralmente apenas um vence a corrida para fecundar o óvulo, ainda que mais de um folículo rompa e ovule. Ou seja, embora exista chances de gestação gemelar, elas são bem mais baixas.
Na IIU, os espermatozoides também são selecionados por técnicas de preparo seminal e os melhores, depositados no útero durante o período fértil. No entanto, mesmo que a corrida seja disputada por espermatozoides mais capacitados, não é possível controlar a ruptura dos folículos, da mesma forma que a disputa ocorre como na gestação natural, ou seja, as chances de apenas um vencedor são altas, mesmo que o risco de gestação gemelar seja maior quando comparado à RSP.
Na FIV, por outro lado, todo o processo é controlado com o objetivo de obter mais embriões de qualidade para serem transferidos a cada ciclo de tratamento.
No entanto, embora atualmente diferentes recursos proporcionem maior garantia de qualidade embrionária, após serem transferidos para o útero os embriões devem encontrar um ambiente receptivo para a implantação e desenvolvimento e qualquer alteração pode comprometer esse processo. Por isso, para aumentar as chances de sucesso, geralmente a opção é por transferir pelo menos dois embriões quando as mulheres têm até 35 anos.
À medida que a idade avança, as chances de gravidez também diminuem e, consequentemente, para aumentá-las são transferidos mais embriões. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina, órgão que regulamente a reprodução assistida, limita o número de acordo com a idade da mulher: até 35 anos, 1 ou 2 embriões, dos 36 aos 40 anos, até 3 embriões e acima dos 40 anos, até 4 embriões.
Ainda que a maioria dos procedimentos por FIV resulte em gestação única, a transferência de mais embriões aumenta bastante a possibilidade de gestação gemelar, percentuais que têm se tornado cada vez mais expressivos por diferentes fatores, entre eles as mudanças no comportamento social.
Atualmente, a tendência à gravidez tardia aumentou a procura pela FIV. E, de acordo com diferentes estudos, os percentuais de gestação gemelar aumentaram proporcionalmente.
Mesmo desejada muitas vezes pelos pais, a gravidez de gêmeos é potencialmente mais perigosa para as mães e para os fetos quando comparada à gestação única e pode causar diferentes complicações, entre elas:
Entenda mais sobre o funcionamento da FIV com a leitura do nosso conteúdo completo sobre o tema.
Agradecemos a sua leitura, aproveite e compartilhe© 2024 ART MEDICINA S.A CNPJ: 17.109.145/0001-28. Todos os direitos reservados.
O conteúdo deste site foi elaborado pela equipe da Clínica Art Medicina e as informações aqui contidas tem caráter meramente informativo e educacional. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico, somente ele está habilitado a praticar o ato médico, conforme recomendação do Conselho Federal de Medicina. Todas imagens contidas no site são meramente ilustrativas e foram compradas em banco de imagens, não envolvendo imagens de pacientes.
Diretor Técnico: Marcelo Giacobbe - CRM 62588