DIP e infertilidade: existe relação?

A DIP (doença inflamatória pélvica) é uma condição infecciosa que afeta o sistema reprodutor feminino, provocando inflamação nos órgãos pélvicos, geralmente causada por bactérias transmitidas por via sexual – ISTs (infecções sexualmente transmissíveis).

Quando não tratada adequadamente, a DIP pode resultar em complicações graves, como dor pélvica, abscessos e danos irreversíveis aos órgãos reprodutivos. Por isso, uma preocupação frequente entre as mulheres é se a DIP pode estar relacionada à infertilidade.

De fato, a inflamação e os danos causados pela DIP podem ter impacto direto na fertilidade feminina, já que a infecção pode afetar o útero, as tubas uterinas e os ovários, interferindo na ovulação, na capacidade de transporte do óvulo até o útero e na implantação do embrião.

Caso a infertilidade seja resultado de danos causados pela DIP, existem opções como a reprodução assistida que podem oferecer alternativas para realizar o sonho da maternidade.

Continue lendo para saber mais sobre as causas da DIP, os sintomas a serem observados e as opções de tratamento e reprodução assistida que podem auxiliar na superação da infertilidade causada por essa condição.

O que é infertilidade feminina?

A infertilidade é um tema de grande importância e impacto na vida de muitos casais. Ela é caracterizada pela dificuldade de conceber um filho mesmo após um ano de tentativas regulares, sem o uso de métodos contraceptivos – e é crucial ressaltar que a infertilidade pode afetar tanto homens quanto mulheres.

Na infertilidade feminina, há uma série de fatores que podem contribuir para a dificuldade em engravidar.

Desequilíbrios na produção de hormônios reprodutivos podem interferir na ovulação e na liberação regular de óvulos, ao passo que obstruções nas tubas uterinas – causadas por condições como a DIP – podem impedir o encontro entre o óvulo e o espermatozoide, dificultando a fertilização.

Além disso, outras doenças e alterações estruturais nos órgãos reprodutivos femininos também podem ser responsáveis pela infertilidade.

Entenda o que pode provocar a DIP

Como comentamos, a DIP é uma condição que afeta o sistema reprodutor feminino e é geralmente causada por ISTs. Nesse sentido, as bactérias mais comuns envolvidas no desenvolvimento da DIP são a Neisseria gonorrhoeae, responsável pela gonorreia, e a Chlamydia trachomatis, responsável pela clamídia.

Em condições normais, o colo do útero atua como uma barreira de proteção contra a entrada de bactérias prejudiciais. No entanto, quando há exposição a essas bactérias durante a atividade sexual desprotegida com parceiros portadores, elas podem se espalhar para o útero, tubas uterinas e ovários, resultando em inflamação e infecção na região pélvica.

É importante destacar que nem todas as mulheres infectadas com as bactérias desenvolverão a DIP, embora a presença dessas infecções aumente significativamente o risco de desenvolver a doença, especialmente quando não são tratadas adequadamente.

Além disso, outros fatores, como histórico prévio de DIP, uso de DIU (dispositivo intrauterino) e práticas sexuais sem preservativo de barreira (camisinhas masculina e feminina) também podem contribuir para o desenvolvimento da condição.

A inflamação decorrente da DIP pode causar danos significativos a longo prazo, pela formação de cicatrizes, aderências e obstruções.

Além dos riscos de infertilidade associados à DIP, a doença também apresenta o risco de evoluir para uma condição grave chamada sepse, na ausência de tratamento. A sepse é uma resposta inflamatória sistêmica do corpo a uma infecção, que pode levar a complicações graves e até mesmo à morte se não for tratada prontamente.

Como a DIP pode estar associada à infertilidade feminina?

A relação entre a DIP e a infertilidade feminina é estreita e significativa porque a doença pode estar diretamente associada a problemas de fertilidade, especialmente devido aos efeitos da inflamação, causada pela infecção, no sistema reprodutor.

Por isso, uma das consequências da DIP é a formação de tecido cicatricial nas tubas uterinas, que pode levar à obstrução parcial ou total dessas estruturas, impedindo o encontro entre o óvulo e o espermatozoide e comprometendo a fecundação.

Além disso, a inflamação crônica associada à DIP pode afetar a função dos ovários, interferindo na produção e liberação adequada dos óvulos, comprometendo a regularidade do ciclo menstrual e diminuindo as chances de uma gravidez natural.

Contudo, é importante ressaltar que cada caso é único e que nem todas as mulheres com DIP apresentam infertilidade, embora a presença dessa condição aumente significativamente o risco de complicações reprodutivas.

Tratamento para DIP e o papel da reprodução assistida

O tratamento da DIP é baseado principalmente na administração de antibióticos para eliminar a infecção bacteriana, mas para isso é essencial que o diagnóstico seja realizado precocemente e que o tratamento seja iniciado imediatamente, evitando complicações e danos permanentes ao sistema reprodutor.

Nos casos mais graves de DIP pode ser necessária a hospitalização, indicada quando existem sintomas intensos, como febre, calafrios e vômitos – que indicam complicações graves – e abscessos pélvicos.

Durante a internação, a mulher recebe antibióticos intravenosos para combater a infecção de forma mais eficaz, além de analgésicos para aliviar a dor. Em alguns casos, pode ser necessária a drenagem de abscessos por meio de procedimentos cirúrgicos.

Quando a DIP deixa danos irreversíveis nas tubas uterinas ou nos ovários, a reprodução assistida pode ser uma opção viável para alcançar a gravidez desejada. O papel da reprodução assistida no tratamento da infertilidade causada pela DIP varia de acordo com a gravidade dos danos e as características individuais de cada casal.

A FIV (fertilização in vitro) é uma técnica amplamente utilizada nessas situações pois permite a fecundação dos óvulos com os espermatozoides do parceiro ou de um doado em laboratório – dispensando o papel das tubas uterinas nesse processo.

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