A dificuldade para engravidar provoca diferentes efeitos psicológicos, que tendem a desestabilizar a maioria das pessoas que sofre com o problema. O estresse causado por tentativas malsucedidas, por exemplo, gera transtornos como ansiedade e depressão ou mesmo o afastamento social.
A infertilidade afeta milhares de pessoas no mundo todo. Obstáculos para fecundação ou para o desenvolvimento da gravidez são características comuns aos problemas de fertilidade e podem ser provocados por diferentes fatores, masculinos ou femininos.
Para que a gravidez seja bem-sucedida, diversas etapas são necessárias: a liberação do óvulo pelos ovários, o transporte até as tubas uterinas de ambos os gametas (óvulo e espermatozoide), a fecundação e a implantação do embrião formado no endométrio, camada interna do útero. A infertilidade pode resultar de alterações em qualquer uma dessas etapas, e também de alterações na qualidade e quantidade dos gametas, óvulos e espermatozoides.
Este texto explica tudo sobre a infertilidade: quais são os sintomas que indicam o problema, causas femininas e masculinas, métodos diagnósticos, além das principais técnicas de reprodução assistida, consideradas o tratamento padrão.
A tentativa malsucedida de engravidar após um ano de relações sexuais desprotegidas é o principal indicativo e critério de infertilidade. No entanto, outros sintomas também podem alertar para o problema.
A infertilidade feminina geralmente é causada por distúrbios de ovulação ou alterações nos órgãos reprodutores, provocadas por diferentes condições. A disfunção da ovulação, na maioria dos casos, resulta de distúrbios hormonais e é sinalizada principalmente por irregularidades menstruais. Veja os sintomas mais comuns de infertilidade feminina:
Esses sintomas podem ser de infertilidade porque são indício de doenças e condições que podem levar a mulher à infertilidade. Sendo assim, pode-se dizer que a infertilidade em si não tem sintomas, mas os problemas que podem causá-la, sim.
Embora a infertilidade masculina seja assintomática, normalmente percebida apenas pela dificuldade de engravidar a parceira, alguns sinais também podem sugerir o problema, entre eles distúrbios relacionados à função sexual:
A infertilidade masculina, na maioria dos casos, é provocada por alterações nos espermatozoides: produção, qualidade, morfologia e/ou motilidade. Uma das causas mais comuns é a azoospermia, caracterizada pela ausência deles no sêmen ejaculado.
No entanto, danos nos testículos, que podem ser congênitos ou causados por traumas, infecções, tumores e cirurgias, por exemplo, também podem afetar a fertilidade, assim como distúrbios da ejaculação e alterações nos níveis de testosterona.
A testosterona e os hormônios gonadotróficos, FSH e LH, são importantes para a espermatogênese, processo em que acontece a produção de espermatozoides.
Além disso, o uso de alguns medicamentos e hábitos como tabagismo, alcoolismo e consumo de outras substâncias tóxicas estão entre os fatores de risco.
Ao mesmo tempo que distúrbios da ovulação representam um percentual bastante alto de infertilidade feminina, obstruções nas tubas uterinas e condições como endometriose, miomas uterinos, doença inflamatória pélvica (DIP), hidrossalpinge ou mesmo o tecido cicatricial resultante de cirurgias podem afetar os órgãos reprodutores e inibir a fecundação.
O tecido endometrial ectópico, característico da endometriose, por exemplo, pode provocar obstáculos no aparelho reprodutor, impedindo o encontro entre óvulo e espermatozoides. Já os miomas, quando crescem na cavidade uterina, interferem na implantação do embrião.
A infecção no útero, ovários e tubas uterinas, principal consequência da DIP, pode provocar o desenvolvimento de tecido cicatricial, levando a aderências e obstruções, dificultando a fecundação.
Problemas no muco cervical, que facilita o transporte dos espermatozoides até as tubas uterinas, também podem dificultar a concepção.
O principal exame realizado para avaliar a fertilidade masculina é o espermograma, conhecido ainda como análise seminal. Ele possibilita a avaliação de parâmetros como quantidade, qualidade, motilidade e morfologia dos espermatozoides, ou pH e viscosidade do sêmen, que interferem diretamente na fertilidade.
Testes hormonais também são realizados para analisar os níveis dos hormônios sexuais, e o rastreio genético, quando há suspeita de a infertilidade ser causada por distúrbios genéticos e alterações cromossômicas.
Os testículos e outras estruturas são verificados pela ultrassonografia de bolsa testicular (escroto). Ela possibilita a detecção de tumores, bloqueios em dutos como epidídimo e ejaculatório e alterações nas vesículas seminais.
A avaliação do aparelho reprodutor feminino é feita a partir de diferentes exames de imagem. Os mais comumente realizados são a ultrassonografia transvaginal, histerossalpingografia, a ressonância magnética (RM) e procedimentos como a histeroscopia ambulatorial. Eles possibilitam a detecção de diferentes causas que podem provocar alterações nos órgãos reprodutores.
O teste de reserva ovariana, como contagem de folículos antrais por ultrassonografia, também é importante para determinar a quantidade e qualidade dos gametas femininos. Testes hormonais apontam os níveis de hormônios envolvidos no processo reprodutivo, e o rastreio genético confirma ou descarta fatores genéticos.
Se os testes falharem em diagnosticar a causa, o problema é classificado como infertilidade sem causa aparente (ISCA). Independentemente das causas da infertilidade, as técnicas de reprodução assistida conseguem aumentar as chances de concepção.
As técnicas de reprodução assistida são consideradas o tratamento padrão para infertilidade, feminina e masculina. São indicadas de acordo com a causa que provocou a infertilidade e classificadas conforme a complexidade do procedimento.
A relação sexual programada (RSP), também chamada coito programado, e a inseminação artificial (IA), conhecida ainda como inseminação intrauterina (IIU), são consideradas de baixa complexidade, pois a fecundação ocorre na própria tuba uterina.
Ambas são indicadas quando há disfunção na ovulação, endometriose mínima ou leve e em alguns casos de ISCA ou de infertilidade masculina por fator leve.
Na relação sexual programada, no entanto, as tubas uterinas e os espermatozoides devem estar saudáveis, enquanto a inseminação artificial possibilita também o tratamento quando há alterações leves e moderadas nos espermatozoides. Na técnica, os melhores gametas masculinos podem ser selecionados por diferentes métodos de preparo seminal.
A FIV (fertilização in vitro), por outro lado, é considerada de alta complexidade, uma vez que a fecundação ocorre em laboratório com o auxílio de um micromanipulador de gametas e envolve processos mais complexos. É indicada principalmente para infertilidade provocada por fatores mais graves.
A FIV, atualmente, é a principal técnica de reprodução assistida. Além do tratamento principal, realizado na maioria dos casos por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo, aumentando as chances de fecundação, o procedimento incorpora um conjunto de técnicas complementares, que possibilitam a solução de diversos problemas que interferem no desenvolvimento da gravidez.
Mesmo que a infertilidade provoque diversos efeitos psicológicos, ela pode ser solucionada na maioria dos casos. Porém, é importante ficar atento aos possíveis sinais manifestados pelos problemas de fertilidade. O diagnóstico aumenta as chances de a gravidez ser bem-sucedida.
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