A infertilidade conjugal é uma condição que afeta milhões de casais em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a infertilidade é um problema global que afeta cerca de 10% a 15% dos casais em idade reprodutiva.
Essa condição pode ser causada por uma variedade de fatores, tanto femininos quanto masculinos. No caso das mulheres, a infertilidade é uma condição complexa que pode ser influenciada por vários fatores, como os distúrbios da ovulação, que são os principais motivos de infertilidade.
O citrato de clomifeno é uma das medicações possíveis para a estimulação ovariana – etapa comum a todas as técnicas de reprodução assistida, principalmente nos casos de infertilidade feminina por distúrbios ovulatórios.
Neste texto você vai encontrar todas as informações importantes sobre o que é o citrato de clomifeno e seu papel nos tratamentos com reprodução assistida. Não deixe de seguir conosco na leitura!
A anovulação é uma condição que se caracteriza pela ausência de ovulação, ou seja, quando o ovário não libera um óvulo maduro durante o ciclo menstrual. Isso pode ocorrer por diversos motivos, principalmente desequilíbrios hormonais, SOP (síndrome dos ovários policísticos) e endometriose ovariana.
Na SOP, a anovulação é um dos principais sintomas. A síndrome é causada por uma produção excessiva de hormônios andrógenos, decorrente do desequilíbrio na produção das gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante). Como resultado, a ovulação pode ser inibida ou ocorrer de forma irregular, dificultando a fertilização
Já na endometriose ovariana, a anovulação pode ocorrer devido à presença do endometrioma, um cisto que se forma quando o tecido endometrial se implanta no ovário. Esse tipo de cisto pode prejudicar a ovulação e a reserva ovariana, resultando em infertilidade.
Indicado para o tratamento de mulheres com problemas de fertilidade devido à ovulação irregular ou ausente, o citrato de clomifeno é uma das medicações possíveis para a estimulação ovariana, nas técnicas de reprodução assistida.
O citrato de clomifeno é um medicamento não hormonal, que pertence à classe dos moduladores seletivos dos receptores de estrogênio e atua como um agonista parcial do receptor de estrogênio, estimulando a produção de hormônios na hipófise e, consequentemente, aumentando as chances de ovulação.
Vamos entender o que isso significa.
Durante o ciclo menstrual, ocorrem interações complexas entre vários hormônios, incluindo o GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina), as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante), LH (hormônio luteinizante), estrogênios e testosterona.
Em linhas gerais podemos dizer que o GnRH é produzido pelo hipotálamo e estimula a liberação de FSH e LH pela hipófise na corrente sanguínea, alcançando os ovários.
As gonadotrofinas induzem a atividade ovariana por feedback positivo sobre as células dos folículos: enquanto o LH induz as células da teca a produzir androgênios, o FSH estimula o crescimento dos folículos ovarianos e promove a produção de aromatase pelas células da granulosa, que converte os androgênios em estrogênios.
À medida que os folículos ovarianos se desenvolvem, o ovário produz cada vez mais estrogênio e quando os níveis de estrogênio, FSH e LH atingem seu limiar máximo, a ovulação acontece. A alta concentração de estrogênios neste momento, no entanto, provoca um feedback negativo sobre o hipotálamo, que interrompe gradualmente a produção de GnRH.
Na fase lútea, após a ovulação, a progesterona produzida pelo corpo lúteo em resposta ao LH também inibe a produção de GnRH por feedback negativo. Esse mecanismo é essencial para evitar novas ovulações até a próxima menstruação.
Na ausência de fecundação, o corpo lúteo degrada e as concentrações de estrogênios e progesterona caem, sinalizando ao hipotálamo que retome a produção de GnRH, por feedback positivo.
O mecanismo de ação do citrato de clomifeno envolve a modulação seletiva do receptor de estrogênio no hipotálamo (o medicamento bloqueia esse receptor), responsável por identificar o feedback negativo dos estrogênios endógenos sobre a secreção de GnRH.
Dessa forma, o hipotálamo não identifica o aumento na concentração de estrogênio adequadamente e aumenta a produção de GnRH – o que consequentemente leva ao aumento na secreção de FSH e LH, pela hipófise.
Nos ovários, o resultado é um aumento na expressão das gonadotrofinas, e por isso do próprio processo de recrutamento folicular pré-ovulatório e da produção de estrogênios.
Além de induzir a ovulação, os efeitos do aumento na concentração de estrogênios pelo citrato de clomifeno prolonga a fase folicular e melhora a preparação do endométrio, que favorece a implantação do embrião.
O citrato de clomifeno é utilizado em diferentes técnicas de reprodução assistida para estimular a ovulação.
Na IA (inseminação artificial) e na RSP (relação sexual programada), técnicas de baixa complexidade, a posologia usual do citrato de clomifeno é de 50mg a 100mg por dia durante cinco dias consecutivos, iniciando no segundo ao quinto dia do ciclo menstrual.
Na FIV (fertilização in vitro), a dose usual de citrato de clomifeno também é de 100mg a 150mg por dia, iniciando do segundo ao quinto dia do ciclo menstrual, mas a duração do tratamento é maior, variando de acordo com o protocolo de cada clínica, mas geralmente durando entre 10 e 14 dias.
A dosagem e a posologia do citrato de clomifeno, no entanto, devem sempre ser ajustadas de acordo com as especificidades de cada caso.
O letrozol é outro medicamento utilizado na estimulação ovariana em mulheres com problemas de fertilidade. Diferente do citrato de clomifeno, o letrozol é um inibidor da aromatase que atua na conversão da testosterona em estrogênio, diminuindo a concentração desse hormônio.
Esse rebaixamento provoca um feedback positivo sobre o hipotálamo, estimulando a secreção de GnRH e, consequentemente, a produção de FSH e LH.
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