O útero é um dos órgãos centrais para fertilidade feminina, já que é dentro dessa estrutura oca, formada por uma diversidade de tipos teciduais, que a gestação acontece – desde poucos dias após a fecundação, até o momento do parto.
As principais funções do útero relacionadas à fertilidade feminina devem-se às propriedades de duas das três camadas: o endométrio, tecido que reveste internamente a cavidade uterina, permanecendo em contato direto com o embrião e a placenta durante a gestação, e o miométrio, tecido intermediário e composto basicamente por células musculares, responsável pela expansão uterina, durante a gravidez, e pelas contrações, durante o parto.
Além do endométrio e do miométrio, o útero também conta com uma camada mais externa, chamada perimétrio, em contato direto com o peritônio, que é o tecido de preenchimento da cavidade pélvica e mantém contato com outros órgãos localizados nessa região do abdômen.
O fato de útero ter uma importância central para gestação, faz com que qualquer alteração em sua fisiologia ou formação anatômica possa prejudicar a fertilidade das mulheres, levando a quadros de abortamento de repetição ou até mesmo impedindo que a gestação tenha início.
Doenças que mais afetam o útero e se refletem em prejuízos para a função reprodutiva das mulheres, podemos destacar a endometrite, causada por infecções endometriais, os miomas uterinos, que são formações tumorais benignas localizadas nas diversas camadas do útero, e a endometriose, que se manifesta pelo crescimento ectópico do tecido endometrial.
Até o ano de 1972, a adenomiose foi considerada uma forma de endometriose, porém a partir de pesquisas mais aprofundadas, foi possível identificar essa doença de forma isolada, o que trouxe benefícios inclusive para o estudo de sua fisiopatologia.
Esse texto aborda principalmente a forma como é feito o diagnóstico da adenomiose hoje, destacando quais exames participam desse processo e as possíveis formas de tratamento.
Adenomiose é definida pelo crescimento ectópico de tecido endometrial na região intermediária das camadas uterinas, também chamada de miométrio.
Como o tecido endometrial é formado por células glandulares e estromáticas, que respondem ativamente às ações hormonais do ciclo reprodutivo, os focos adenomióticos podem fazer com que também o miométrio reaja aos estímulos hormonais, principalmente do estrogênio.
Isso faz da adenomiose uma doença classificada como estrogênio dependente, que tanto pode ser agravada quando a concentração desse hormônio está maior, como pode ela mesma ser identificada através exames que evidenciam um aumento nos estrogênios.
A adenomiose pode ser difícil de diagnosticar, o que resulta em dados incertos sobre sua prevalência na população geral, já que os sintomas mais comuns tendem a ser confundidos com aqueles recorrentes nos casos de endometriose, fibromas e outras doenças onde a dor pélvica é o motivo mais recorrente de procura por atendimento médico.
Também por ser uma doença estrogênio dependente, a adenomiose tende a diminuir e até mesmo desaparecer quando tem início a menopausa, momento em que a secreção de estrogênio começa a decair, até esse hormônio deixar de ser produzido e a vida reprodutiva da mulher chegar ao final.
Um dos motivos pelos quais a adenomiose foi diferenciada da endometriose reside nas teorias que propõe as origens e etiologias de ambas as doenças. Enquanto para a endometriose são consideradas principalmente as teorias de menstruação reversa e metaplasia celômica, que justificariam a existência de tecido endometrial ectópico nas diversas regiões da cavidade pélvica, adenomiose não conta com uma teoria etiológica própria ainda.
Isso porque além do aparecimento espontâneo, a adenomiose também pode ser causada por traumas uterinos, resultantes de intervenções cirúrgicas mal sucedidas, pela alta paridade, ou seja, que a mulher tenha passado por um grande número de gestações, e, alguns casos, por complicações de partos cesarianos.
Além de ser uma doença classificada como estrogênio dependente, adenomiose também está inclusa no espectro de doenças que causam SUA (sangramento uterino anormal), considerado um dos seu principais sintomas.
Quando a mulher não busca tratamento para adenomiose e os episódios de SUA acontecem com muita frequência, a anemia pode ser uma doença secundária, ocasionada pela perda intensa de sangue.
Além disso, já que as alterações desencadeadas pela adenomiose subentendem a presença de tecido endometrial no miométrio, é possível deduzir que outro sintoma importante desta doença é a dismenorreia, ou menstruação dolorosa, observada pela presença de cólicas menstruais mais intensas do que a média.
A popularização das cólicas menstruais como uma narrativa da normalidade durante o período menstrual, pode fazer com que muitas mulheres portadoras de adenomiose demorem a procurar atendimento médico, e por isso, muitas vezes, o diagnóstico é feito durante as consultas de rotina e não necessariamente em resposta aos sintomas típicos da adenomiose.
O exame clínico normalmente identifica o típico aumento do volume uterino de forma difusa, que caracteriza a adenomiose, e esse diagnóstico deve ser confirmado pela realização de exames de imagem, que incluem as ultrassonografia pélvicas suprapúbica e transvaginal.
A ressonância magnética também pode ser solicitada, especialmente quando existem dúvidas entre o diagnóstico de adenomiose ou de leiomiomas, já que este exame é fundamental para a diferenciação dessas duas doenças.
O tratamento para adenomiose depende do grau de acometimento que os sintomas podem trazer para a vida cotidiana da mulher. Quando os sintomas não são severos, podem ser controlados pelo uso de anti-inflamatórios e também de contraceptivos orais combinados.
Essa terapêutica leva, no entanto, a um quadro de amenorreia prolongada, que pode ser prejudicial, caso a mulher com adenomiose tenha planos de ter filhos.
Quando os sintomas são muito severos ou se o tratamento hormonal tradicional não consegue fazer cessar os sintomas, pode ser necessária a intervenção cirúrgica para retirada dos focos adenomióticos ou, nos casos mais extremos, do útero – por histerectomia
A reprodução assistida pode ser uma indicação adequada para mulheres com quadros mais graves de adenomiose que desejam ser mães de filhos biológicos. O nível de acometimento do útero, no entanto, é fundamental para que a escolha da técnica mais adequada seja feita de forma assertiva.
Quando a função uterina é severamente prejudicada, apenas a FIV (fertilização in vitro) pode atender às demandas desses casos, já que a FIV permite a realização da fecundação fora do ambiente uterino ou tubário, e, através da cessão temporária de útero, o embrião pode ser gestado dentro do corpo de outra mulher.
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