Tumores benignos, os miomas uterinos são formados a partir de células musculares do útero: uma única célula se multiplica e cresce originando o tumor. Registrados comumente em mulheres na idade reprodutiva, podem provocar problemas na fertilidade quando crescem em locais como o interior da cavidade uterina.
Os miomas uterinos são classificados de acordo com o local em que se desenvolvem, o que também interfere nos sintomas provocados por eles, embora em alguns casos possam ser assintomáticos.
De etiologia ainda desconhecida, o crescimento de miomas, entretanto, pode ser estimulado por diferentes fatores, incluindo idade, obesidade, genética ou mesmo diferença racial.
Saiba mais sobre miomas uterinos neste texto. Ele aborda os fatores de risco, tipos, localização e sintomas manifestados por cada um, diagnóstico e tratamento.
Diferentes fatores interferem no crescimento de miomas, isoladamente ou em associação. Podem ser estimulados pela ação de hormônios, como o estrogênio, responsável pelo desenvolvimento e espessamento do endométrio, tecido que reveste a cavidade uterina, a cada ciclo menstrual.
Mulheres que menstruam precocemente têm risco aumentado, ao mesmo tempo que os miomas apresentam maior prevalência acima dos 40 anos.
O histórico familiar de crescimento de miomas também aumenta as chances, assim como a diferença racial: tendem a ser até três vezes mais prevalentes em mulheres negras, em comparação com as brancas.
O estilo de vida, por outro lado, contribui significativamente para que eles se desenvolvam. A obesidade, por exemplo, responde por até 20% dos casos. O estilo de vida, como hábitos alimentares, entre eles o consumo de carne vermelha, álcool e cafeína em excesso, também aumenta o risco.
Fatores de crescimento, substâncias importantes para a comunicação entre as células, são ainda apontados entre as possíveis causas.
A localização é o principal critério para a classificação dos miomas uterinos e interfere na manifestação dos sintomas, no tamanho que eles podem atingir e impactos que podem causar na fertilidade feminina: até 10% das mulheres com infertilidade têm miomas e, em alguns casos, eles são a única causa.
Ao mesmo tempo, os miomas são associados a desfechos obstétricos adversos. Podem provocar dor de maior severidade, parto prematuro, descolamento da placenta e hemorragia pós-parto.
Os miomas são classificados em três tipos:
Miomas submucosos: se desenvolvem no interior da cavidade uterina. Tendem a provocar sintomas como sangramento e cólicas intensos entre os períodos menstruais.
Por estarem localizados no interior da cavidade uterina, podem causar abortamentos espontâneos e falhas na implantação do embrião, na gestação natural e nos tratamentos de reprodução assistida.
A perda de sangue em maior quantidade aumenta a possibilidade de desenvolver anemia.
Miomas intramurais: estão localizados na parede do útero e possuem diferentes tamanhos. Podem ser microscópicos ou maiores do que uma laranja. Quando pequenos, são assintomáticos na maioria dos casos. Os sintomas apenas se manifestam se atingirem dimensões maiores.
Miomas localizados na parede uterina têm espaço limitado para o desenvolvimento. Por isso, tendem a crescer em outras direções, invadindo a cavidade uterina ou a cavidade abdominal.
Em dimensões maiores, também podem provocar sangramento e cólicas intensos, assim como abortos espontâneos e dificuldades para a implantação do embrião.
Miomas subserosos: esse tipo de mioma cresce predominante na cavidade abdominal. Ao contrário dos intramurais, como possuem mais espaço, tendem a atingir grandes dimensões, como as de um melão, por exemplo.
Embora possam causar inchaço e a compressão de órgãos, como a bexiga e o intestino, resultando em quadros de micção frequente e constipação, na maioria dos casos, apesar dos tamanhos maiores, são assintomáticos. Também não são associados a nenhuma alteração na fertilidade.
Alguns miomas, conhecidos como pediculados, desenvolvem uma haste para suportá-los, que podem retorcer e provocar uma dor bastante intensa.
Da mesma forma que os miomas podem causar infertilidade por abortos de repetição e falhas na implantação do embrião, os sintomas manifestados também resultam em grande impacto na qualidade de vida das mulheres portadoras, dificultando as relações pessoais, profissionais e atividades diárias.
Por serem muitas vezes assintomáticos, a suspeita de miomas surge durante o exame clínico de rotina, a partir da detecção de alterações como volume uterino, por exemplo.
Para confirmar o diagnóstico são realizados diferentes tipos de exames. Eles possibilitam determinar a localização e o tamanho, contribuindo para a indicação do tratamento mais adequado.
Exames laboratoriais, entre eles testes hormonais, podem ser realizados se houver a ocorrência de sintomas como sangramento intenso acompanhado por cólicas severas, que também são indicativos de outras condições.
A localização e tamanho dos miomas são determinados a partir da realização de exames de imagem. A ultrassonografia, por exemplo, possibilita a identificação dos que estão localizados no útero.
Uma variação do exame, chamada histerossonografia, realizada com a utilização de soro fisiológico, possibilita maior expansão da cavidade uterina e a visualização mais acurada de miomas submucosos.
Já a ressonância magnética (RM) proporciona a identificação da localização e definição do tamanho de diferentes tipos de miomas, assim como a vídeo-histeroscopia ambulatorial.
O procedimento utiliza um histeroscópio com uma câmera acoplada que permite a transmissão em tempo real, possibilitando uma avaliação mais detalhada dos órgãos internos do aparelho reprodutor feminino.
A indicação do melhor tratamento é baseada nos resultados fornecidos pelos exames diagnósticos e considera os mesmos critérios utilizados para a classificação: localização e tamanho, além do grau de severidade dos sintomas e da intenção de engravidar.
O tratamento hormonal tem como objetivo a redução dos miomas e, consequentemente, dos sintomas provocados por eles. É bastante eficaz para mulheres que desejam engravidar e não querem ser submetidas ao tratamento cirúrgico.
No entanto, quando é descontinuado, o mioma geralmente retorna ao tamanho anterior. Além disso, pode provocar diferentes efeitos.
Os tratamentos cirúrgicos, por outro lado, normalmente são indicados quando os miomas provocaram alterações mais graves na cavidade uterina e se houver a manifestação de sintomas severos, incluindo infertilidade.
A abordagem cirúrgica utilizada tradicionalmente para a remoção de miomas submucosos e intramurais é a miomectomia. Após a extração, a fertilidade é restaurada na maioria dos casos e os sintomas tendem a desaparecer.
Já a histeroscopia cirúrgica é considerada o método mais seguro para remoção de miomas maiores do que 3 cm, independentemente da localização, pois facilita a distinção entre o miomatoso fibroso e o miométrio, evitando danos provocados à parede uterina.
A técnica é minimamente invasiva e o procedimento cirúrgico pode ser realizado ao mesmo tempo que o diagnóstico, prática conhecida como see and treat ou ver e tratar.
Há também a opção da ultrassonografia focada guiada por MRI (magnetic ressonance imaging), em que ondas de ultrassom fazem com que o mioma sofra uma necrose coagulante. É bastante eficaz quando há a manifestação de sintomas como sangramento e dor.
A obstrução do fluxo sanguíneo pode ser ainda uma opção interessante para mulheres que não podem ser submetidas a cirurgia. O procedimento é feito por embolização da artéria uterina.
Se a mulher não quiser engravidar e deseja um tratamento definitivo, geralmente é indicada a histerectomia, cirurgia para retirada total ou parcial do útero.
Por outro lado, as mulheres que não apresentam nenhum sintoma que interfira com a qualidade de vida podem apenas ser observadas periodicamente. Eles normalmente tendem a diminuir com a utilização de medicamentos hormonais.
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