Os processos associados à fertilidade conjugal são todos mediados pela atividade dos hormônios sexuais, principalmente a produção e disponibilização de células reprodutivas – óvulos e espermatozoides –, além da própria gestação.
O FSH (hormônio folículo-estimulante) é um desses hormônios, produzido no cérebro de homens e mulheres principalmente após a puberdade. Nas mulheres, o FSH chega pela corrente sanguínea aos ovários, onde participa diretamente do ciclo menstrual.
Além de suas funções no ciclo menstrual, o FSH também é essencial para o amadurecimento sexual das mulheres na puberdade e sua diminuição é um dos eventos que antecedem a menopausa.
Nos acompanhe na leitura a seguir e entenda melhor como o FSH participa do ciclo menstrual.
A puberdade é marcada pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários – mudanças no formato do corpo e o aparecimento das mamas, pelos pubianos e axilares – e pela menarca, como chamamos a primeira menstruação.
A partir da menarca, as mudanças na interação entre o cérebro – mais especificamente o hipotálamo e a hipófise – e os ovários passam a produzir eventos hormonais sequenciais com dois objetivos principais: disponibilizar ao menos uma célula reprodutiva (óvulo) para a fecundação e preparar o útero para uma possível gestação.
Como a menstruação é o acontecimento mais visível deste ciclo, chamamos esses eventos de ciclo menstrual.
O hipotálamo e a hipófise são estruturas do sistema nervoso central que interagem entre si para coordenar os processos metabólicos do corpo, estimulando a atividade das diversas glândulas periféricas do sistema endócrino.
A produção hormonal dessas glândulas periféricas, por sua vez, também controla a atividade hipotalâmica e hipofisária, num processo que chamamos retroalimentação positiva e negativa, ou feedback.
As gonadotrofinas, como o FSH, são neuro-hormônios produzidos quando a hipófise é estimulada pela secreção de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) do hipotálamo (feedback positivo), e sua produção é inibida (feedback negativo) quando hormônios ovarianos, como a progesterona e o estradiol (um tipo de estrogênio), aumentam de concentração.
Essa dinâmica produz eventos celulares que são essenciais para diversas etapas do ciclo menstrual.
O ciclo menstrual tem início com a menstruação e pode ser dividido em três fases: folicular, ovulação e lútea.
A descamação do endométrio, expelido como sangue menstrual, marca o início do ciclo menstrual e acontece quando dois hormônios chegam aos seus níveis mínimos: a progesterona e o estradiol.
Iniciando a fase folicular, o rebaixamento na concentração desses hormônios funciona como feedback positivo para a produção de GnRH, fazendo com que o hipotálamo volte a estimular gradualmente a hipófise para a liberação de LH e FSH na corrente sanguínea.
Ao atingir os ovários, esses hormônios encontram receptores nos dois tipos celulares que compõem os folículos ovarianos (as células da teca e as células da granulosa), e passam a desempenhar papéis específicos e sequenciais:
Assim, a produção gradual de LH e FSH e a interação destes hormônios com os folículos ovarianos na fase folicular aumenta também a concentração de estradiol – um hormônio ovariano que desempenha funções no próprio crescimento dos folículos, mas também na preparação do endométrio para uma possível gestação.
O fim da fase folicular e a ovulação acontecem quando estradiol, LH e FSH atingem seu pico máximo de concentração: o folículo dominante – único entre os folículos recrutados que consegue completar o crescimento – se rompe e libera um óvulo maduro em direção às tubas uterinas, onde a fecundação pode acontecer.
A ovulação marca também o começo da fase lútea, com a formação do corpo lúteo: uma estrutura que se origina das células foliculares, após a liberação do óvulo, e é induzida pelo LH a produzir progesterona.
Um dos principais papéis da progesterona no ciclo menstrual é completar o preparo uterino, iniciado pelo estradiol, tornando o endométrio finalmente receptivo a um possível embrião. Esse hormônio, no entanto, também desempenha uma função regulatória indireta em relação às gonadotrofinas, como o FSH.
Na medida em que a concentração de progesterona aumenta, a produção de GnRH é inibida gradualmente e isso se reflete também em um rebaixamento da secreção das gonadotrofinas LH e FSH, pela hipófise.
Esse feedback negativo da progesterona tem como principal objetivo evitar novos processos ovulatórios dentro do mesmo ciclo menstrual.
No ciclo menstrual em que a fecundação não acontece, a produção de progesterona começa a decair por volta do final da fase lútea, com a regressão do corpo lúteo – que por sua vez é uma consequência do rebaixamento do LH.
Os níveis mínimos de progesterona e estradiol, alcançados no final da fase lútea, induzem a descamação do endométrio e interrompem o feedback negativo em relação ao hipotálamo. A produção de GnRH é retomada gradualmente, induzindo a secreção de LH e FSH e recomeçando um novo ciclo menstrual.
Os casais que recebem indicação para a reprodução assistida costumam se deparar com o FSH principalmente na estimulação ovariana, etapa inicial comum a todas as técnicas.
Na FIV (fertilização in vitro), a estimulação ovariana é um tratamento hormonal para potencializar os processos pré-ovulatórios do ciclo menstrual, que pode ser feito com medicação à base de FSH para o recrutamento e crescimento de uma quantidade maior de folículos – o que é essencial para reproduzir a fecundação em laboratório com mais sucesso.
As técnicas de baixa complexidade, por sua vez, priorizam protocolos mais leves de estimulação ovariana, que também podem lançar mão de medicamentos à base de FSH, mas em concentrações mais baixas, já que o objetivo é potencializar o período fértil da mulher, favorecendo a fecundação nas tubas uterinas.
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