Importante para a preservação da fertilidade feminina, o congelamento de óvulos é indicado em diferentes situações, desde problemas médicos à intenção de adiar os planos de gravidez, conhecida como preservação social da fertilidade.
O congelamento de gametas (óvulos e espermatozoides) é uma técnica complementar à FIV (fertilização in vitro). Por isso, para ser beneficiada pelo procedimento, a mulher deve ser submetida ao tratamento.
Este texto explica o funcionamento do congelamento de óvulos nos tratamentos por FIV, destacando os casos em que ele é indicado.
Na década de 1980, foi registrado o primeiro nascimento com a utilização de óvulos congelados. No entanto, na época, era considerado um procedimento experimental e motivo de preocupação de muitos especialistas pela baixa sobrevida e alterações na qualidade dos gametas femininos.
Atualmente, por outro lado, com a evolução dos métodos de congelamento, os danos às células criopreservadas são inexpressivos, da mesma forma que as taxas de sobrevida se tornaram bastante altas. Para se ter uma ideia, procedimentos realizados com óvulos criopreservados ou frescos registram índices semelhantes de gravidez bem-sucedida por ciclo de realização.
Antes de os óvulos serem coletados e criopreservados, entretanto, são realizados diferentes exames laboratoriais e de imagem.
Os primeiros são a avaliação da reserva ovariana, que possibilita determinar a quantidade dos gametas, e testes hormonais para analisar os níveis dos hormônios envolvidos no processo de ovulação. Os resultados são importantes para orientar na dosagem da medicação usada para o tratamento.
O rastreio para a detecção de bactérias, inclusive as sexualmente transmissíveis, é obrigatório, uma vez que processos infecciosos podem alterar a qualidade. Já os exames de imagem, como a ultrassonografia, são realizados para avaliar a estrutura dos ovários e função ovariana, contagem dos folículos antrais. Os folículos antrais estão em um estágio de desenvolvimento que indica que em um ciclo menstrual futuro poderão amadurecer e romper para liberar o óvulo.
Após os resultados diagnósticos, o tratamento inicia com a estimulação ovariana. Veja abaixo o passo a passo:
A estimulação ovariana utiliza medicamentos hormonais (os hormônios são parecidos com os secretados pelo organismo feminino em um ciclo natural) para estimular o desenvolvimento de uma quantidade maior de folículos, acompanhado periodicamente por exames de ultrassonografia transvaginal.
Exames de sangue também são realizados para controlar os níveis hormonais. Eles indicam se há necessidade de ajustar as doses hormonais. O objetivo é obter a maior quantidade possível de óvulos para serem fecundados. Geralmente, buscam-se 15, pelo menos. Dependendo do caso, podem ser feitos outros ciclos de estimulação para conseguir um número maior de óvulos.
Quando eles atingem o tamanho ideal, outros medicamentos hormonais são administrados para induzir a maturação final, que ocorre em cerca de 36 horas.
Após 36 horas, os folículos são coletados por punção folicular. O procedimento é bastante simples e realizado com a mulher apenas sob sedação. Utiliza uma agulha fina acoplado a um aparelho de ultrassom para aspirá-los. Os óvulos maduros a serem congelados são coletados diretamente dos folículos.
Caso a quantidade não seja suficiente, o procedimento é novamente repetido em um próximo ciclo de tratamento.
A indicação para realizar a coleta e criopreservação dos óvulos, quando a intenção é a preservação social, é de no máximo 35 anos, quando os níveis da reserva ovariana e qualidade dos gametas são mais altos. A partir dessa idade, a fertilidade feminina naturalmente sofre um declínio.
Depois da coleta, é normal a ocorrência de cólicas e sensação de inchaço e pressão nos ovários, que pode permanecer por algumas semanas.
As atividades normais podem ser retomadas após uma semana e durante esse período a relação sexual desprotegida deve ser evitada, uma vez que a estimulação ovariana aumenta os riscos para ocorrência de gravidez.
A técnica mais utilizada para a criopreservação dos óvulos é a vitrificação. Por ser um método ultrarrápido, registra danos inexpressivos e altas taxas de sobrevivência após o descongelamento.
Ainda que os óvulos possam permanecer congelados por muitos anos, é importante considerar que a idade influencia nas taxas de sucesso gestacional. Ou seja, quanto mais cedo a mulher puder congelar seus óvulos, melhor, e maiores são as chances de a gravidez ser bem-sucedida quando forem descongelados.
As principais indicações para o congelamento de óvulos são:
Em alguns casos, raríssimos, a coleta de óvulos pode provocar infecção e sangramento. Os sintomas que indicam a necessidade de procurar auxílio médico são sangramento intenso, dor abdominal severa, dificuldades para urinar e ganho de peso repentino nas 24 horas posteriores à realização da coleta, febre alta e calafrios.
O aumento da produção de hormônios pelos ovários também pode levar ao desenvolvimento de uma condição conhecida como síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO). Embora seja rara, pode causar alterações metabólicas ou problemas mais graves, como a trombose venosa profunda (TVP).
Não há nenhum registro de defeitos congênitos em bebês nascidos como resultado do congelamento de óvulos.
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