Nos primeiros dias de desenvolvimento, o embrião é protegido por uma película chamada zona pelúcida. Quando ele alcança o útero, a película naturalmente reduz, o embrião eclode e implanta no endométrio, camada que reveste a parte interna do útero, que vai nutri-lo e protegê-lo até que a placenta seja formada. A zona pelúcida já está presente no próprio óvulo antes da fecundação.
No entanto, em alguns casos, a zona pelúcida é mais espessa ou densa, situação mais comum, por exemplo, em embriões de mulheres mais velhas, que têm dificuldades para rompê-la, levando a falhas na implantação.
O hatching assistido (HA) ou eclosão assistida é uma técnica complementar à FIV (fertilização in vitro) que facilita o processo de eclosão a partir da criação de aberturas com laser – existem outros métodos, mas esse é o mais utilizado atualmente – na zona pelúcida.
Este artigo explica o funcionamento do hatching assistido, destacando os casos em que a técnica é indicada e possíveis riscos associados ao procedimento.
A zona pelúcida é uma matriz acelular composta por glicoproteínas, carboidratos e proteína. Possui duas camadas, uma externa, mais espessa, e outra interna, mais fina e elástica.
Tem um papel importante durante a fertilização, quando envolve o óvulo, influenciando na ligação espermática com indução da reação acrossômica, que promove a fusão entre os gametas garantindo a fecundação, assim como é fundamental para a manutenção do embrião em formação.
Na gestação natural, a implantação ocorre com o embrião na fase de blastocisto, que tem início entre o 5º e o 6º dia de desenvolvimento, fase em que existe a formação da blastocele, cavidade cheia de líquido que se forma no embrião.
Em preparação para a eclosão, a espessura da zona pelúcida naturalmente reduz, ao mesmo tempo que as células que irão originar a placenta interagem com o endométrio para receber o embrião. Ou seja, a eclosão ocorre pelo declínio da zona pelúcida sem que seja necessária alguma pressão pelo embrião.
Na FIV, se os embriões estiverem envolvidos por uma película mais espessa ou densa, o hatching assistido é realizado. A dificuldade de o embrião romper a zona pelúcida é um dos principais fatores que levam à falha de implantação nos tratamentos por FIV.
A eclosão assistida foi implementada para melhorar a capacidade de o embrião implantar e, consequentemente, aumentar as taxas de gravidez. O procedimento ocorre em laboratório, quando são feitas fissuras para facilitar a eclosão.
Geralmente é utilizada a tecnologia à laser, porém essas fissuras também podem ser feitas mecanicamente, com o auxílio de uma agulha, ou com a utilização de substâncias químicas, como o ácido acético.
Ainda que nem todos os embriões formados precisem ser submetidos ao hatching assistido (a necessidade é relativamente rara), o procedimento é fundamental se a gravidez não for bem-sucedida em pelo menos dois ciclos consecutivos de tratamento, nos casos em que há má qualidade embrionária e para embriões de mulheres acima de 38 anos, quando ocorre um espessamento natural da zona pelúcida.
Além disso, é necessário para a transferência de embriões que passaram pelo processo de congelamento e descongelamento, que podem ter dificuldades no processo de eclosão, ao mesmo tempo que facilita a análise das células embrionárias, quando há necessidade de realizar o teste genético pré-implantacional (PGT).
O PGT também é uma técnica complementar à FIV e possibilita o rastreio de doenças genéticas ou anormalidade cromossômicas a partir da análise das células do embrião em blastocisto, selecionando apenas os mais saudáveis para serem transferidos. É a única forma de evitar a transmissão desses distúrbios para as futuras gerações.
A técnica demonstrou elevar as taxas de implantação e gravidez em mulheres acima de 38 anos, em mulheres com falha recorrente de implantação, independentemente da idade, e após a transferência de embriões congelados.
Na maioria dos casos, o hatching assistido não compromete a qualidade do embrião nem provoca danos que o tornem inutilizável. Porém, pode aumentar a possibilidade de gestação gemelar.
Embora a gravidez múltipla seja desejada por alguns casais, ela aumenta os riscos para a mãe e para o feto, quando comparada com a gestação única. Entre os riscos mais comuns estão a pré-eclâmpsia, a elevação da pressão arterial durante a gravidez, a diabetes gestacional, o parto prematuro e recém-nascidos com baixo peso.
No entanto, os benefícios proporcionados pelo procedimento superam os riscos. Em diversos casos, por exemplo, é possível a obtenção da gravidez apenas a partir da sua realização.
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